Crossed Lives parte |

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Sarah Andrade Intersexual
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POV SARAH
  
15 anos atrás

O despertador tocava à alguns minutos. O barulho irritante havia me acordado mas eu me negava a levantar da cama.

-  Sarah, acorde filha, temos que sair em meia hora. - Ouvi a voz da minha mãe vindo do outro lado da porta e gruni antes de colocar o travesseiro por cima do rosto.

- Você não vai perder outro ano  Sarah Andrade! - A voz do meu pai soou alta e ríspida no mesmo instante em que ele puxava o edredom do meu corpo fazendo o ar gelado tocar minha pele. - Ande logo, levante e vá se arrumar. - Ele finalizou saindo com passos pesados e bateu a porta do meu quarto me fazendo levantar irritada.

Após fazer minha higiene, vesti minha calça jeans, coloquei o top branco e minha jaqueta de couro por cima. Meus cabelos estavam rebeldes e eu apenas o penteei com os dedos. Coloquei meus coturnos e dei uma última olhada pelo meu quarto antes de sair.

Após o café da manhã em um clima pesado, estávamos os três no carro, eu estava sendo levada para o último lugar que desejava, tudo isso por livre e espontânea pressão. Eu negava a abrir a boca para qualquer tipo de conversa, olhava de canto de olho minha mãe que chorava silenciosamente e meu pai que mantinha o maxilar travado.

Ano passado ele havia me dado um aviso. Ou eu entrava no eixo e trabalhava em sua empresa ou iria para a faculdade. Não posso dizer que tentei, compromissos nunca foram muito minha praia, mas nunca havia visto meu pai tão irritado como vi no dia em que bati o carro da empresa após a saída de um bar depois do expediente. Com isso ganhei minha passagem sem volta, eu fui obrigada a escolher um curso e esse era o próximo passo.

Meu pai estacionou o carro na frente do prédio do campus e eu me coloquei para fora. Abri o porta malas, puxei as duas malas de dentro junto com a mochila e a coloquei nas costas. Bati a porta apenas por implicância e dei alguns passos ficando de frente para o banco do motorista deixando as malas um pouco atrás.

- Filha... Espero que esse tempo te faça entender que isso é para o seu bem. - Minha mãe falou com a voz embargada e isso só fez minha raiva aumentar.

- Eu não vou desculpar vocês dois por isso! - Balbuciei e olhei uma última vez para meu pai antes de me afastar e seguir em direção a entrada do dormitório ouvindo o barulho do motor se afastando cada vez mais.

- Merda! Mas que... - Xinguei quando percebi uma das rodinhas da mala travando, a puxei com força fazendo a mesma sair voando e a mala tombar para o lado direito. - AH, VAI SE FODER! - Xinguei alto e ignorei a atenção de algumas pessoas que passavam por ali me olhando.

- Calma gatinha, quer ajuda? - O garoto loiro perguntou esticando a mão para a alça da mala e eu soltei bufando.
                
- Obrigada.

- Vai para onde? - Ele perguntou balançando a cabeça para o lado fazendo as mexas loiras saírem do seu olho com o movimento e voltando logo em seguida.

- 1D. - Respondi vendo ele abaixar a alça e levantar a mala pelo suporte lateral.

- Vem, eu te deixo lá. - Falou tomando a frente e eu segui alguns passos atrás.

- Entregue! - Disse divertido enquanto parava na frente da porta que indicava o número e a letra do dormitório.

Eu olhei em volta vendo algumas portas abertas e outras fechadas. Algumas meninas passavam por ali apressadas, outras nem tanto enquanto carregavam as próprias bagagens.

- Obrigada... Como é mesmo seu nome? - Eu perguntei e vi um sorriso se abrir ainda mais no rosto do garoto.

- Arthur, a suas ordens. - Ele falou galante e eu neguei com a cabeça me assustando no momento seguinte quando uma garota pulou nas costas dele, como se ele fosse um cavalo.

one shots (sariette)Onde histórias criam vida. Descubra agora