O Presente

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Pov Zelda

O vento frio bate no meu corpo, alguns fios soltos do meu cabelo voam na frente do meu rosto, fazendo cócegas na minha pele. O silêncio só me faz pensar mais e mais sobre tudo. Pensar que há alguns meses eu ainda não suportava Lilith, achava que estava presa em um universo paralelo e que a qualquer momento estaria de volta em casa, minha verdadeira casa. Eu tinha certeza de que eu era uma adolescente terminando o ensino médio, que era tudo um pesadelo.

 
Como a Zelda do passado poderia imaginar que 30 anos depois de repudiar a ideia de se casar com Lilith Morningstar se tornaria real no futuro? Se eu puder voltar e dizer isso a ela pessoalmente, provavelmente veria um suicídio de mim mesmo.

 
Passei anos da minha vida odiando e repudiando a presença constante de Lilith, no começo meu ódio era só porque ela era uma idiota. Mas então ela começou a se mostrar mais idiota do que era, e isso fez meu ódio crescer. Eu simplesmente não podia ouvi-los falar sobre ela, ou seu nome. A presença dela no mesmo lugar que eu quase me fez ter crises de asma. Tudo em Lilith me fez não gostar dela, era como se eu fosse alérgico a ela. Tecnicamente eu fui.

 
E então eu me perguntei...Como chegamos aqui? Eu sei que ela já me contou sobre nosso primeiro beijo, mas ela não me disse por que eu quis me afastar depois disso, além do medo que eu devo ter sentido, é óbvio. Bem...Ela era como minha inimiga, e eu não a suportava. Bem, logicamente eu estava apavorada depois de beijá-la, certo? Ela disse que fui eu que tomei a iniciativa do beijo.

 
Talvez eu só quisesse calá-la.

 
Ou talvez a Zelda do passado quisesse descobrir por que as garotas estavam tão apaixonadas por Lilith.

 
Talvez fosse curiosidade.

 
Ou talvez, apenas talvez uma pequena atração.

 
"Você não está com frio?"

 
Ouço uma voz atrás de mim, olho para o lado a tempo de ver Lilith entrar pela porta de vidro, duas canecas nas mãos. Eu sei que é algo quente, porque eu posso ver a fumaça subindo do topo das canecas. Sorrio para ela, me ajeito no banco e dou espaço para ela sentar ao meu lado.

 
"Sim, na verdade."

 
"Aqui, café com creme, do jeito que você gosta." Ela estende a xícara branca com o desenho do patinho. Lilith passa um braço sobre meus ombros e me puxa para perto dela, eu inclino minha cabeça para trás e me inclino em seu ombro. "O que você está pensando? Você parecia bem concentrada quando cheguei."

 
Levo a xícara aos lábios e tomo um gole de café, deixando escapar um suspiro de satisfação com o sabor maravilhoso de cafeína misturada com creme de baunilha doce. Lilith sabe tudo que eu gosto, é por isso que ela é a esposa perfeita.

 
"Eu estava tentando lembrar nossos dias de escola. Queria entender um pouco mais sobre nós." Tomo um grande gole de café, sentindo seus dedos acariciarem meu ombro esquerdo. "Minha mente parece ter uma grande bolha de nada, só consigo me lembrar de algumas coisas com clareza. Mas nada importante."

 
"Pergunte-me, talvez eu possa fazer você se lembrar."

 
Um sorriso vem aos meus lábios, é isso. Essa mulher é um gênio. Eu me viro de lado e coloco minhas pernas sobre as dela, Lilith descansa a mão na parte inferior das minhas costas para me dar equilíbrio. Eu seguro o copo com ambas as mãos e olho para ela, penso no que devo perguntar primeiro.

 
"Depois do nosso primeiro beijo."

 
"Onde você me atacou e fugiu."

 
"Sim." Eu sorrio sem jeito, ela bebe do seu café. "Você disse que comecei a te evitar, é verdade? Mas por que? Foi só por causa do beijo?"

Não passam apenas de memórias (Madam Spellman)Onde histórias criam vida. Descubra agora