Aprendendo com Lili

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Zelda estava sentada na varanda lateral daquela casa grande, dos pais de Lilith, com uma xícara de chocolate quente nas mãos enquanto assistia Lilith e Sabrina jogarem paus para Vinnie. Elas insistiram em levar aquele cachorro enorme com elas. Zelda não se juntou  elas porque estava cansada e também porque mentalmente falando, depois do que viu naquela casa na árvore, ela não se sentia totalmente sóbria.

"Cuidado, Brina!"

Lilith gritou com a pequena, que corria o mais rápido que podia enquanto Vinnie corria atrás dela, provavelmente querendo a madeira nas mãos de Sabrina. Vendo aquele momento, era impossível para Zelda não sorrir, afinal aquela era sua família. Essa era a imagem de seu presente e futuro. E ela gostou da sensação, ela não poderia pedir pessoas melhores em sua vida. Para ser sua família.

Ela cresceu ouvindo gente dizer que o amor à primeira vista era real, mas seus pais sempre falavam que paixão era o que acontecia à primeira vista, o amor viria com o tempo e a coexistência. Quando Zelda conheceu Lilith, ela descobriu um novo sentimento à primeira vista: antipatia. E então o ódio veio com o tempo e a coexistência. Ela se lembrava bem, como se fosse ontem, quando se conheceram.

Zelda estava atrasada para sua primeira aula, andando pelos corredores rápido demais. Ela carregava três trabalhos nas mãos, de história, música e física. Ela lembrou que foi atravessar o último corredor e depois colidiu com alguém, daquele jeito quando você bate na pessoa com tanta força que é atirado para trás, e os trabalhos voam para fora de suas mãos. Ela grunhiu de dor quando abriu os olhos e viu que todas, literalmente todas as folhas de papel estavam completamente encharcadas com um líquido azul. Ela se levantou desesperadamente, e enquanto estava pirando ouviu uma voz irritante dizendo "Calma, querida". Ela também se lembrou de ter começado a gritar com Lilith, mas tudo piorou mesmo quando ela tentou "consertar" as coisas dando um beijo em Zelda. O desejo dela era cuspir na cara de Lilith, ela estava queimando de raiva e aquela garota estúpida tentou beijá-la. Daquele dia em diante, ela continuou perseguindo Zelda, nos primeiros dias ela até tentou se desculpar, mas com o tempo as desculpas evoluíram para tormentos, pegadinhas e mãos desprezíveis. Zelda começou a odiar Lilith Morningstar mais do que qualquer coisa na terra.

Mas agora todo aquele ódio, toda aquela antipatia, toda a repulsa, estava se transformando em afeto, admiração e...outra coisa. Algo que Zelda não queria dar um nome ainda, ela tinha medo de apressar as coisas e acabar estragando tudo.

Mas uma coisa era certa, ela gostava de Lilith. E a cada dia ela gostava mais dela. Ela fez Zelda se sentir segura. Lilith era especial e Zelda sabia que elas tinham uma conexão forte.

"Zelda!." Zelda foi despertada de seus pensamentos por Lilith. Ela piscou algumas vezes para focar sua visão e encontrou seus olhos azuis fixos em seu rosto. Lilith sorriu, com as mãos nos joelhos de Zelda. "Você está de volta ao mundo real?"

"Eu estava me lembrando de algumas coisas."

A ruiva sorriu sem jeito, sentindo Lilith acaricia seus joelhos com os polegares e então selar seus lábios. Zelda se sentiu mole quando sentiu o toque suave da boca de Lilith na dela, ela podia sentir seus lábios formigando. Zelda segurou o copo firmemente com uma mão, a outra o levou até o cabelo da nuca de Lilith, puxando-o levemente e acariciando seu couro cabeludo com a ponta dos dedos.

"Quer falar sobre essas memórias?" Lilith perguntou quando elas quebraram o beijo.

"Eu estava pensando no dia em que nos conhecemos, lembra?"

Zelda riu e Lilith a seguiu. À distância, Zelda podia ouvir a voz de Sabrina chamando Vinnie, depois o latido do cachorro. O tempo estava bom e elas ainda tinham algum tempo para ficar por aqui antes de partirem.

Não passam apenas de memórias (Madam Spellman)Onde histórias criam vida. Descubra agora