Capítulo 15 - Suiça part. 1.

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Marília Mendonça's point of view.

Abri os olhos assim que ouvi a voz do comandante soar pelas caixas de som do jatinho. O mesmo informava que em poucos minutos pousaríamos em solo suíço, e que deveríamos manter os cintos de segurança afivelados. Olhei para o lado esquerdo, tendo a imagem de Maiara em um sono profundo e sereno. A mesma estava exausta depois de tantas horas de vôo, e terminou a adormecer. Verifiquei se seu cinto estava devidamente pronto, quando senti a aeronave descer gradativamente. Maiara preparou tudo de última hora, já que a idéia veio totalmente de surpresa para a mesma, o que não era tão dificultoso, é claro, com a quantidade de dinheiro que ela possuía, bastava algumas ligações e tudo estava em suas mãos. De primeiro caso pensei em recusar a proposta, já que não era o correto a se fazer. Entretanto, a sede por mais informações me consumia, fazendo-me deixar de lado meus princípios de conseguir qualquer informações por meio metaforicamente ilícito. Em seu processo normal, eu deveria encaminhar uma petição para o departamento de polícia da Suíça, pedindo que entrassem em contato com o banco, a procura de informações precisas do proprietário da conta, porém, preferi fazer do meu jeito. Assim que as rodas da aeronave entraram em contato com a pista de pouso, causando aquele choque inicial, Maiara remexeu-se no assento do lado, despertando de seu sono. Puxei o zíper de meu casaco em busca de me aquecer mais um pouco, enquanto a ruiva parecia se arrumar.

- Chegamos, Sra. Zor. - soltei com um sorriso cínico.

Ela levou uma das mãos até seus cabelos longos, virando para apenas um lado, e então me fitou séria.

- Pereira, Marília. Sou a Sra. Pereira aqui.

- Longe do seu marido é uma pessoa diferente?

Ela nada falou, apenas sorriu. Em poucos minutos o jatinho parou no local onde desceríamos. Maiara pegou sua bolsa sobre a poltrona do lado, e se levantou. Ela estava devidamente agasalhada. Usava uma calça escura, uma blusa de lã de gola alta na cor preta, por cima um casaco bem grosso na cor branca. Nos pés um sapato fechado de salto. Seus cabelos ruivos e longos estavam soltos e sedosos, do jeito que eu gostava. A porta do jatinho foi aberta, e logo um dos funcionários do aeroporto subiu as pequenas escadas. Levantei da poltrona, e assim como Maiara, eu usava jeans escuros, e um bom e quente casaco, só que na cor preta, com ajuda de um cachecol no pescoço.

- Sejam bem vindas a Zurique, senhoras. - o homem falou educadamente ao colocarmos os pés para fora da aeronave.

A brisa fria logo entrou em contato com meu rosto, fazendo todos os pelos do meu corpo se eriçarem. Zurique estava em seu inverno, a enorme cidade da Suíça estava coberta por uma grossa camada de neve. Deixando seu cenário um tanto monótono e opaco. O branco da neve cobria toda e qualquer coisa presente ali.

- Obrigada. - disse ela ao homem que assentiu.

- O carro já está a sua espera.

Descemos as escadas, caminhando em direção a Mercedes preta estacionada bem próxima a aeronave, enquanto os funcionários cuidavam de colocar nossas bagagens no porta mala. Maiara entrou no carro rapidamente, e eu logo a segui. A mulher respirou fundo, enquanto esfregava suas mãos uma na outra em busca de calor. Eu sorri, e me acomodei ao seu lado, vendo seu cabelo coberto com alguns flocos de neve.

- Vou congelar, meu Deus. - resmungou ao pedir que ligassem o aquecedor do carro.

- Vem cá, deixe-me ajudar.

Maiara se aproximou rapidamente, dando-me a oportunidade de segurar em suas mãos para esfregar junto as minhas. Em seguida, assoprei uma lufada de ar quente entre as mãos da ruiva que buscava por calor. Seus olhos castanhos me fitaram por alguns segundos, no qual sustentamos por uma razão desconhecida. Naquele curto espaço de tempo, nos encaramos com uma energia diferente, os olhos de Maiara não expressavam imponência e muito menos sarcasmo, pelo contrário, eu poderia jurar que foram doces e sutis. Ela deslizou a ponta de sua língua sobre o lábio inferior, umedecendo lentamente, para logo em seguida engolir em seco. Ela piscou mais vezes do que deveria, e logo tirou suas mãos de perto das minhas, acomodando-se de seu lado do banco.

Xeque-mate | Adap. MaililaOnde histórias criam vida. Descubra agora