Capitulo 4

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Acordei na maior animação, finalmente tinha 16 anos, eu estava com a corda toda, não parava de andar de um lado para o outro perguntando quando íamos partir, meus pais não estavam muito animados, na verdade eles não expressavam emoção alguma, mas resolvi ignorar, minha felicidade era enorme, nada podia estragar aquele dia.

- Estamos saindo!- gritou meu pai para mim e minha mãe.

- Já estamos indo!- respondeu minha mãe.

Ele estava ao lado do carro a nossa espera, minha mãe desceu as escadas e entrou no carro, eu estava no meu quarto pegando as ultimas coisas, estava pronta para descer quado olhei para o criado-mudo, onde estava o retrato da minha família, era foto que tiramos no meu aniversário de 9 anos, eu tinha varias daquelas fotos pois todo ano tirávamos uma foto da família, mas aquela era especial, foi um dos meu aniversários mais felizes pois não teve festa nem nada, meu pai tinha acabado de me levar para a cidade para tomar sorvete e pela primeira vez pude passar uma tarde inteira com ele, e quando voltamos o fotógrafo havia acabado de chegar para tirar a foto de família anual, não sabia porque mas de repente senti uma vontade estranha de leva-la comigo, então tirei ela do porta-retrato, dobrei-a e a guardei no bolso do casaco. 

Desci as escadas correndo na maior velocidade mas antes de entrar no carro dei uma ultima olhada na casa, não sabia por que mas tive uma sensação ruim no peito, então entrei no carro e fiquei observando a casa diminuir enquanto seguíamos estrada.

Quando chegamos na cidade,atravessamos o centro e pude ver ao longe a casa de Olivia, e fiquei pensando o que ela estaria fazendo naquele instante, quando saímos da cidade, só se via terra e arvores, então resolvi dar um cochilo pois eu sabia que a estrada até a praia era longe.

Depois de um longo cochilo acordei com o barulho de trovões, então eu soube que se aproximava uma tempestade forte, as nuvens estavam escuras e cobriam a luz do sol, a chuva começou devagar com um grande numero de pingos porém delicados e depois ela ficou forte, a ventania levava as folhas das arvores para longe, logo eu já não conseguia ver nada, a chuva estava muito forte e intensa, e eu duvidava que o motorista estivesse com visão melhor do que a minha, meus pais dormiam tranquilamente um nos braços do outro como se nada acontece-se lá fora eu já estava ficando preocupada, a chuva que havia começado devagar agora tinha se transformado num terrível temporal e duvidava que ela fosse acabar tão cedo.

-Não se preocupe srta. Andrews- disse o motorista como se lesse meus pensamentos- Já enfrentei temporais piores do que esse, e além disso há poucos carros nesta estrada. 

Sua voz era tranquila, mas eu não levava muita fé em suas palavras.De repente um raio atinge uma arvore não muito longe do carro, o que faz o chão tremer e o carro vacilar, mas logo o motorista recupera o controle, meus pais acordam assustados , e mais raios caiam perto da onde estávamos, meu coração estava a mil, eu nunca havia visto tempestade como aquela, estava com muito medo , eu olhei pros meus pais e vi que estavam muito tensos. Então minha mãe olha pra mim, seu olhar estava diferente com um tom dourado e severo, ela rapidamente olha para mim e apenas diz:

-Não tenha medo!

Então um clarão ofusca a minha visão, uma explosão acontece tudo fica escuro e eu já não via mais nada.

Quando acordo só vejo fogo para todos os lados, a chuva já havia cessado e os escombros do carro estavam por toda parte, eu estava deitada num gramado fora da estrada como se eu tivesse sido arremessada para longe da explosão, tentei me levantar mas meu tornozelo estava quebrado e sentia alguns arranhões pelo corpo, mas nada de muito grave, então rapidamente lembrei dos meus pais, sera que haviam sobrevivido? não tinha certeza mas precisava saber, meu coração acelerou, rapidamente procurei alguma coisa que eu pudesse me apoiar, achei um pedaço de uma arvore grande o suficiente para usar como muleta, me arrastei até arvore mais próxima e me levantei peguei o pedaço de madeira e comecei a andar com dificuldade até os escombros do carro.

Eu gritava freneticamente pelos meu pais na esperança de que se estivessem vivos me ouvissem, meus olhos estavam cheios de lagrimas e meu tornozelo doía tanto que parecia que tinham botado fogo dentro da minha perna, mas dor alguma acabaria com minha esperança de encontra-los, minha garganta já não aguentava mais gritar e minha perna boa já estremecia como se fosse vacilar, eu já não conseguia dar mais um passo, estava em completo desespero, até que ouvi uma voz fraca chamar meu nome de longe, avistei de longe atrás de uma arvore um pedaço de vestido ensanguentado e percebi que era o vestido da minha mãe, andei o mais rápido possível até o local não me importava com a dor na perna se minha mãe estivesse viva nada mais tinha importância, quando cheguei lá a cena me fez cair no chão, ela estava recostada na arvore, em sua bochecha direita havia uma queimadura enorme do tamanho de uma bola de baseball , que obviamente deixaria cicatriz, seu olho esquerdo estava inchado e roxo, havia queimaduras de terceiro grau espalhadas por todo seu corpo, seu vestido estava em farrapos e cheio de sangue, e seu braço esquerdo estava numa posição estranha, mas o que mais me impressionou foi um enorme pedaço de vidro que estava alojado no seu abdômen, ela olha para mim fraca ,seus olhos encontraram os meus e ela disse:

-Você está bem?- diz ela quase sem forças

-Estou mamãe, você também vai ficar, eu vou buscar ajuda!

-Não há esperanças para mim meu bem! se salve!

-Nunca! não vou deixar você aqui para morrer!- digo chorando

-Eu vou morrer de qualquer jeito!

-Não!não vai, eu não deixo! eu vou achar uma forma de salvar você!

- Não existe forma de me salvar, mas você tem esperança, viva sua vida meu amor, seja forte e seja gentil, nada vai te derrubar, você tem luz e trevas dentro de você, use-as a seu favor, e seja a heroína que sempre foi destinada a ser ...- ela já não tinha mais forças para falar, olha para mim uma ultima vez- eu...

Seus olhos fecham e seu rosto cai. Eu não conseguia acreditar, o que era para ser um aniversário divertido na praia acabou com a morte dos meus pais, eu enterrei meu rosto nas mãos, e então percebi que não tinha mais nada, minha família se fora e eu carregaria essa dor pelo resto da vida, eu estava desesperada, parecia que tinham arrancado meu coração fora e o buraco no peito deixava um vazio insubstituível, agora, eu estava sozinha.



A filha de HadesDonde viven las historias. Descúbrelo ahora