Capítulo 23

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Seguimos Iris por diversos corredores escuros, e quanto mais avançávamos mais frio parecia ficar. Eu não podia negar que estava morrendo de medo, e de alguma forma podia sentir a morte pairar a minha volta, eu quase conseguia ver as parcas segurando o fio da minha vida com a tesoura em mãos, pensar nisso me deu calafrios. Até que alguém segura meu ombro me arrancando dos meus devaneios, eu dou um pulo.

-Você está bem?- para a minha surpresa era Sebastian.

-S-sim, estou bem!

Ele olhou pra mim como quem pergunta "sério?!"

-Ta na sua cara que você não está bem, tem alguma coisa te incomodando, o que é?

Fico em silencio, eu não sabia o que responder.

-Não é por causa do que Iris disse, é? sobre a sua morte e tal...

-Bem... acho que todos nós temos medo da morte no final, até mesmo a filha dela... mas o que tiver de ser será... está na mão das parcas agora!

-Pelo que eu saiba você não é filha da morte, e sim do deus do submundo, não é a mesma coisa!- ela sorri pra me provocar.

-Cara como você é chato! pare de estragar minhas filosofias!- brinco com ele.

-Chato é o meu nome do meio, querida!- ele ri.

-Não me chame de querida!- faço cara séria e depois caímos na gargalhada.

-Sabe... você até que não é uma garota totalmente detestável, acho que seria chato não ter alguém pra encher o saco.

-Nossa! Isso foi pra levantar o meu astral? Obrigado- digo sarcástica.

Ele da um leve sorriso de lado.

-O que eu quero dizer... é que acho que aprendi a gostar de você... não quero que morra sabe...

-Own, você gosta de mim? como se eu estivesse interessada em você!- provoco ele, mas pra minha surpresa ele fica vermelho e abaixa os olhos- você não... meus deuses, você...

Acho que eu estava tão vermelha quanto ele.

-Acho que é melhor eu ir na frente...

-Não, por favor espere, eu não tive a intenção de...

-Não tudo bem, já entendi!- ele disse meio chateado e saiu andando na frente.

Eu não podia acreditar! Eu só estragava as coisas.

Continuei andando cabisbaixa, pensando no que acabei de fazer, até que esbarro em alguém. Era Iris que estava parada em frente à enormes portas de ferro negro, e nela estava forjada imagens horrendas de massacres e desgraça.

Meu coração gelou naquele momento. Atrás daquela porta estava uma das piores ameaças que o mundo já teve que enfrentar, e eu tinha como dever detê-la o quanto antes. De repente as portas se abriram lentamente revelando a escuridão do comodo, e uma névoa branca e gélida subia devagar, escuto um risada maligna já conhecida pelos meus piores pesadelos, e então ouço a sua voz destruindo o pouco que restava da minha coragem.

-Ora, Ora, finalmente nos encontramos!- disse com tom de deboche

Eu não conseguia dizer uma só palavra, estava com medo não podia negar, mas também tinha raiva, muita raiva, o que fez acender uma pequena chama de coragem no meu peito.

-Entre!- ordenou com superioridade.

Comecei a andar dando passos curtos e desconfiados, meus amigos me seguiram.

-Somente você! os outros podem esperar do lado de fora- rugiu ela com desprezo.

Eles colocaram as mãos nos punhos das espadas, mas eu os impedi com um olhar, lancei-lhes um sorriso tranquilizador, pretendendo fazer parecer que estava tudo bem, mas não estava, e eles sabiam disso. Com receio eles voltaram para onde estavam, e eu avancei mais alguns passos antes da porta se fechar atrás de mim me deixando em completa escuridão. Antes da porta se fechar totalmente pude ver pela ultima vez os olhos preocupados de Sebastian e de David, ao quais eu estava deixando para trás, quando escutei a risada cruel de Nix, soube que não voltaria viva para casa e muito menos voltaria a ver meus amigos.

A filha de HadesDonde viven las historias. Descúbrelo ahora