Capitulo 7

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"Muito quente!" Essa foi minha primeira impressão da América. Depois de duas semanas,( incrivelmente entediantes, dentro de um cruzeiro que só me fez ficar enjoada), eu finalmente estava pisado em terra firme, o navio ancorou num porto na ilha de Manhattan, e de longe consegui ver a majestosa estatua da liberdade. O sol estava a oeste, mas não estava baixo, era provavelmente 4 horas da tarde , estava quente e bem abafado, e eu não estava muito acostumada com esse tipo de clima.

O porto estava cheio de gente esperando seus familiares, amigos ou conhecidos, ao passar pela multidão vi uma moça de longe que olhava fixamente para mim, usava um vestido azul tom pastel e o cabelo ruivo estava preso num coque alto, rapidamente eu entendi que ela seria minha carona, então fui em sua direção.

Sua expressão era séria, como se eu fosse mais uma pedra na sua bota, quando cheguei perto pude ver que não estava sozinha, duas mulheres uniformizadas  estavam ao seu lado, me senti como uma criminosa sendo escoltada,mas resolvi ignorar.

-Olá, senhorita Andrews, meu nome Lizie, sua assistente social, e estou aqui para leva-la ao hotel Lótus.- disse ela com um tom entediado

Esbocei um sorriso forçado.

-Imaginei que fosse.

Aparentemente, tanto eu quanto ela não apreciávamos a companhia da outra, e assim como eu ela também percebeu isso.

Ela tira da bolsa um relógio de bolso, e troce o nariz ao olhar as horas.

-Temos que ir- diz ela sem olhar pra mim- Entre no carro por favor.

Ela aponta para um carro preto estacionado do outro lado da rua, na hora me senti desconfortável, e um belo aperto no coração, pois eu já não tinha experiências muito boas quanto  a carros e teria que andar em um outra vez, naquele momento eu quis fugir, correr o mais rápido que pudesse e não pensar em carros outra vez, mas aquelas duas mulheres me fizeram desistir da ideia quase que imediatamente.

Sigo em direção ao carro sem dizer uma unica palavra, cada passo que eu dava parecia afundar na terra, e as imagens do acidente passavam pela minha mente para me perturbar, querendo me desabilitar , minha respiração estava oscilante, e quando chegamos a porta do carro, eu fico travada, eu não conseguia dar mais um passo, a porta estava aberta mas eu não conseguia entrar. Lizie olha pra mim impaciente, e diz:

-Ande logo, temos pressa pra chegar!- mas ainda assim eu não consegui entrar, tudo estava rodando em minha mente, flashbacks do acidente passavam como um borrão deixando meu coração acelerado.

- Qual é o problema?- pergunta Lizie Irritada

-Não...não consigo...-digo

-Não consegue o que? ande menina não temos tempo pra suas crises de....  seja o que for.- Ela estava quase me empurrando pra dentro do carro, quando finalmente entrei

- Até que enfim! vamos não temos tempo a perder- diz ela a motorista.

Não me lembro exatamente quanto tempo nossa viagem durou, mas para mim foi uma eternidade, minhas mãos tremiam e eu estava suando muito, a cada metro que rodávamos eu esperava que o mesmo raio que fez o acidente que matou meus pais acontecer viesse para terminar o serviço. Lizie estava sentada do meu lado no banco do carro, ela via minha situação mas não fazia nada para ajudar, Sério, nem se quer perguntou se eu estava bem ou se eu queria um copo d'água para melhorar, a frieza dela era sobre-humana e tinha uma fúria no olhar como uma deusa pronta para caçar , dava até para sentir o frio se espalhando pelo carro, e isso para mim não era bom, só fazia piorar minha situação.

Quando anoiteceu , finalmente chegamos e eu fiquei espantada, pois a cidade de Las Vegas não era lá grade coisa, então presumi que esse hotel seria nojento e no fundo de um quintal, mas era completamente majestoso parecia uma grande mansão que nem toda a fortuna da minha conseguiria comprar, era tão enorme que poderia caber cinco da minha casa lá dentro, parecia ser a unica coisa legal e bonita naquele lugar parado e sem graça, as luzes lá dentro me chamavam para entrar, saí do carro quase que imediatamente e Lizie logo em seguida.

-Aqui estamos,  você só precisa entrar e dar seu nome na recepção, nada mais!, depois disso eles vão indicar para você seu quarto e dizer tudo o que você precisa fazer.-Diz Lizie torcendo o nariz para o hotel como se houvesse algo de errado com ele.

-E quanto a minha bagagem?-pergunto

-Será levada ao seu quarto o mais rápido possível- diz ela revirando os olhos.

-Então tudo bem, obrigado-digo friamente.

-Bom, meu trabalho aqui já esta feito, aproveite, se divirta, e blá blá blá,até mais, tenha uma ótima noite- diz ela com um sorriso forçado. Ela se vira e caminha até quase o fim da rua e para para conversar com uma garota que usava trajes prateados e medievais , teria aproximadamente quatorze anos , pois não parecia mais velha do que eu, tinha cabelos pretos e longos e segurava um arco, talvez até fosse a filha dela, presumi que talvez estivesse fantasiada para alguma festa, quando as duas percebem que eu ainda estou olhando , Lizie faz cara feia pra mim, se vira e logo em seguida solta um assovia agudo e as duas caminham em direção a escuridão da noite, eu estava tão concentrada em Lizie e a garota misteriosa ( supostamente sua filha) que nem percebi que o carro que me levara até o hotel havia despachado minhas malas e sumido.

Agora eu estava sozinha numa rua escura e não muito movimentada em frente a um hotel majestoso que provavelmente seria meu lar nos próximos anos, minha boca estava seca e meus batimentos cardíacos estavam acelerados, eu estava muito assustada, pois eu não sabia o que me aguardaria lá dentro, eu não me achava capaz de me virar sozinha, quer dizer quantas coisa mais podem me acontecer agora, e a ideia de que qualquer coisa pudesse acontecer , me assustava ainda mais , todas as noites da minha vida eu dormia com a segurança de que acordaria com tudo em seu devido lugar, mas agora eu já havia perdido essa minha segurança, eu havia perdido a minha esperança.      


        

A filha de HadesDonde viven las historias. Descúbrelo ahora