III

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Gregório acende um cigarro e vai para a Janela

Luna retorna para a sala e não vê Stefano no ambiente

Gregório sente o perfume adocicado e se vira para ver a dona daquele cheiro agradável

- Gregório, me desculpe a demora, Fred estava um pouco relutante para dormir - Luna diz ao o avistar

Ele apaga o cigarro e vai até ela  para a cumprimentar

- não há porque se desculpar- ele a estende a mão e a olha por alguns segundos

Muito bela, uma beleza quase impossível de detalhar

Luna não é indiferente a presença máscula dele, ele a beija a mão delicadamente enquanto mantém o olhar em seus olhos

- é um prazer conhecê-la senhorita Luna. - ele diz libertando a mão feminina

- Em outras circunstâncias eu diria o mesmo, mas no momento não me sinto confortável para isto, tenho algo para você - ela estende a mão o entregando a carta

Gregório a pega e se senta novamente abrindo o envelope

Querido irmão...
se você estiver lendo estas palavras, é porque já não estou mais aqui entre os vivos.
Eu o perdoou  pelas palavras duras de nosso último encontro e o peço perdão por ter sido desleal a você.
Deus sabe quantas vezes sonhei com nosso reencontro, mas meu orgulho não deixou que eu o procurasse nem mesmo no momento em que somente você poderia me salvar.
Também peço perdão  por ter tentado construir uma vida longe do mundo sombrio da máfia, e sim, você sempre esteve certo.
Nós que nascemos neste sub mundo nunca seremos como os outros homens.
Meu último pedido segue nesta  carta que está em suas mãos.
Meu pequeno filho, sangue do seu sangue está vivo e precisando de sua proteção.
Sei que você não é covarde como eu e não o negará ajuda, por favor não o puna por meus pecados.
Diga a nossa mãe que não houve um dia se quer em que eu não sentisse saudades e orasse para que ela tivesse vida longa e não sofresse a minha ausência.
Leve Fred para nossa terra e o apresente a sua gente,  faça dele um homem honrado e corajoso como um autêntico Berdinazzi deve ser,  e nunca deixe que ela saiba que o pai foi um fraco, que densonrou a nossa família.
Você tem todo o meu amor e respeito irmão e nem a morte mudará isto.
Espero que após o fim seja capaz de me perdoar.

- Você sabe a quanto tempo eles estavam correndo perigo ? - Gregório levanta o olhar marejado

- Ao certo não, mas a  pouco tempo minha irmã me chamou para conversar e desabafou sobre isto, eu não consegui entender muito bem a princípio. Mas depois do que houve vejo que seu desespero era necessário

- Demétrio sempre teimoso e inconsequente - ele balança negativamente a cabeça - Porque não me procuraram ? Deus meu tudo isto poderia ter sido evitado - Gregório se levanta e caminha para a janela em busca de ar

- Ele nunca falava sobre vocês, uma vez disse que o pai já havia falecido, e que a mãe morava com os irmãos, mas que não se dava bem com a família. Cecília quis que ele tivesse algum contato quando Fred nasceu, mas ele se recusou.

Gregório sentiu a culpa pesar em seus ombros.
Ele e Demétrio não se falavam quando o irmão deixou Mantova, a pequena cidade onde viviam.

- Gostaria de conhecer meu sobrinho, pode me levar até ele ? 

- claro, venha até o quarto

Ele segue Luna pela casa e a observa  abrir delicadamente a porta do quarto

Fred dormia profundamente

Gregório se aproxima e o acaricia os cabelos escuros por alguns segundos

Olhar para ele era como voltar ao passado e ter Demetrio ainda criança em sua frente

- meu pequeno Berdinazzi como você me lembra teu pai, - ele segura levemente a mão do sobrinho e a beija repetidas vezes

Ele se levanta e olha para Luna

- Ele irá comigo, para a Itália este foi o último desejo de Demétrio e eu irei o cumprir.

- Pretende levá-lo sozinho ? Sem ninguém que ela conheça por perto ? - Luna o questiona

- Nós somos a família dele ele terá que se adaptar

- eu também sou a família dele

- E se sente capaz de o proteger sozinha ? Quer que eu o deixe aqui para ser assassinados pelos animais comandados por Antenor Luttero ?

- Eu quero ir com você para  cuidar dele até que se adapte ao novo lar - Luna limpou os olhos marejados - por favor não o tire de mim, Fred é a única coisa que me restou depois que destruíram minha família - ela deixa suas lágrimas caírem e desaba em um choro profundo

- não chore, você pode vir conosco - Gregório a consola, não sabia lidar com a fragilidade das mulheres

Ele a abraçou e mentalmente imaginou a batalha que seria explicar a Dona Verônica  o motivo de ter uma mulher vivendo em sua casa.

Horas depois......

Luna jogou rosas brancas sobre o túmulo dos pais e da querida Cecília

- Eu cuidarei dele com todo o meu coração, Fred não estará desamparado nunca - ela disse entre as pesadas lágrimas ao deixar o túmulo da  irmã

Os homens de Gregório estavam por toda a parte, a alerta caso fosse necessário agir.

- Luna, minha querida eu sinto muito - ela ouve a voz tranquila de Raul o advogado de seu pai e sente a mão dele repousar em seu ombro - Já mandei tomarem as providências, estes assaltantes não ficaram impunes.

- assaltantes ? - ela questiona  sem pensar

- sim, os assaltantes que mataram meu irmão e seus pais - Gregório diz se aproximando e ela entende o que se passava

- Aah sim claro, me desculpe Raul não estou conseguindo raciocinar com clareza ainda.

- Eu entendo, você terá todo nosso apoio neste momento não se preocupe .

- O agradeço muito - ela o olha com ternura - tem meu aval para resolver todas as questões burocráticas das empresas e demais dividas ou negociações de meu pai

- vamos ter que realizar um inventário é um processo lento, mas você como principal herdeira deverá assumir algumas obrigações de agora em diante .

- nomeie um representante de sua confiança, preciso cuidar de Fred, por agora ele será minha única preocupação.

- claro, falamos disto depois quando estiver preparada para o assunto. - ele a abraça e beija a cabeça dela

- Raul, este é Gregório irmão de Demétrio veio para resolver sobre o translado do corpo e conhecer o sobrinho

- prazer, sou Raul o advogado da família de Cecília, sua falecida cunhada. - ele estende a mão que Demétrio pega com cordialidade

- Meu irmão provavelmente nunca havia me mencionado, infelizmente estávamos afastados nos últimos anos. Mas sua morte unirá nossa família outra vez.

- Acontece nas melhores famílias - Raul diz de maneira gentil

Eles caminharam para fora do cemitério, Raul se despediu e Luna seguiu Gregório para o carro que os levaria para o aeroporto

- onde está Fred ? - ela perguntou quando não viu o garoto no carro

- Deixei para o buscar na volta, ele ainda não me conhece poderia não reagir bem com um estranho querendo o levar. 

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