A noite estava fria e silenciosa
Verônica havia mandado providenciar roupas limpas para a nora, Luna colocou um agasalho e prendeu o cabelo- Senhora Luna - Said bateu a porta - Está tudo bem ?
- entre Said -
- A senhora pediu que eu viesse até aqui - ele a olha um pouco confuso
- Sim, entre por favor
- A princípio quero que me diga como está o meu marido - ela tinha o rosto avermelhado e os olhos inchados
- Ele continua em cirurgia senhora - Said é rápido ao responder
Luna abaixa o olhar e caminha em direção a porta
- Vamos, eu quero estar lá quando os médicos deixarem está sala de cirurgias
- Senhora eu não sei se...
- Se eu estou preparada para o que eles irão dizer ? - Luna o interrompe - Said eu sobrevivi a perda de todas as pessoas que amava de uma única vez, eu suportaria perder mais uma - ela caminha para fora e é seguida por Said
A cada passo Luna sentia a sensação de morte e despedidas mais perto é como se quanto mais ela se aproximasse de Gregório ele se afastasse mais da vida dela.
Ela parou por alguns segundos
- Senhora está tudo bem ? - Said a segurou o braço com delicadeza
- Luna derramou algumas lágrimas e continuo sua caminhada
Em seu interior tinha convicta certeza de que Gregorio os deixaria, mas orou silenciosamente para que isto não acontecesse.
-
Verônica estava sentada em uma poltrona na sala de espera, Luna se sentou ao lado dela e Said permaneceu de pé sem conseguir disfarçar o nervosismo
O cirurgião responsável apareceu, sua expressão facial não revelava nada bom ou ruim.
- Então? - Verônica se levantou - Como está o meu filho ? - ela estava tensa as pernas tremiam e as mão suavam
- O paciente sofreu uma grave hemorragia, além de ter o pulmão atingido o que ocasionou uma contusão pulmonar e como consequência o comprometimento respiratório. Esta contusão gerou o acúmulo de líquido na cavidade pleural e obstrução da via aérea.
Luna não se sentia pronta para aquela conversa, seus pés não sentiam o chão sob eles, ela apertou uma mão na outra e fechou os olhos
- Dr. Como ele está ? - Verônica parecia ainda mais apreensiva
- O quadro é considerado grave, mas podemos dizer que a cirugia foi bem sucedida, o paciente se encontra sedado, vamos acompanhar como ele irá reagir
- Ele corre algum risco ? - Luna finalmente consegue se levantar e dizer algo
O médico a observa tão bela, tão jovem e gestante
- É a esposa ?
- Sim sou - ela conserta uma mecha de cabelo que havia se soltado
- Sim, ele corre riscos, eu e minha equipe médica fizemos tudo que estava a nosso alcance, mas tem algo que apenas a mãe e esposa podem fazer agora. - ele mantém voz e olhar serenos
- O que ? - Verônica se aproxima dele - O que nós devemos fazer ?
- Orar, nenhuma igreja jamais ouviu orações tão sinceras quanto as paredes deste hospital. E ninguém ora tão fervorosamente quanto uma mãe e uma esposa desesperadas.
Luna sentiu no timbre da voz, que ele estava abalado, não demostrou mas estava.
- Eu posso entrar para vê-lo ? - ela disse com os olhos esperançosos
- No momento ele está sedado, mas permitirei que o vejam por alguns minutos, peço que entrem de forma individual e que cada visita não demore mais que três minutos - ele se despede e da alguns passos, olha para trás e diz - Vou pedir uma enfermeira para acompanhá-las até a UTI, no mais espero que fique tudo bem
Verônica o acompanha com o olhar até que desapareça de sua visão, ela parecia aérea e pouco motivada a acreditar em qualquer coisa naquele momento
- boa noite, são a família do senhor Gregório Berdinazzi ? - uma jovem enfermeira pergunta segurando uma bandeja de medicamentos
- Sim, somos a família - Said responde de imediato
- Eu irei os acompanhar até a unidade onde está o paciente, peço que me siga um familiar de cada vez e também peço a gentileza de que sejam breves, foi uma cirurgia longa e exige descanso. - ela caminha devagar pelo corredor
- Verônica eu posso ser a primeira ? - Luna a lança um olhar de desespero
- Claro, eu a aguardo aqui.
Gregório estava deitado, ligado a vários aparelhos, Luna o observa ferido e inconsciente
A cena vem em sua mente, ela seria atingida pela bala lançada por Antenor, mas ele usou seu corpo como escudo para a proteger. Se por ela ou pelo filho ela não sabia, mas algo em seu interior festejava saber que ao seu lado existia um homem tão honrado que morreria pelos seus
Ela segurou a mão fria e imóvel e fez um pequeno carinho
- Oi querido, como você se sente ? - ela se abaixou para beijar a testa ralada pela queda abrupta - bom, sei que não pode me responder, mas espero que sinta a minha presença aqui e esteja confortável com ela. Eu iria dizer que queria se sentisse seguro como eu me sintia tendo você por perto, mas isto é impossível, ninguém consegue transmitir a segurança que você exala. Espero que esteja ouvindo o que vou dizer agora, não sei se teria coragem de dizer isto a você consciente.
Luna se abaixa e sussurra ao ouvido dele
- Eu te amo, amo tanto que está sendo difícil respirar tranquilamente dentro desta sala, te ver assim debilitado me faz faltar o ar. - ela o beija o rosto - Eu me arrependo amargamente de ter fugido de você, eu queria voltar no tempo e ter passado cada segundo dos meus dias ao teu lado, nos teus braços sentindo o teu cheiro. Eu quero que você acorde, que siga sendo um homem forte, sei que quando carregar o teu filho nos braços, ele vai se sentir tão protegido quanto a mãe dele se sente quando você está perto.
- Senhora tem mais um minuto - a enfermeira diz em voz baixa
- É um menino, o teu herdeiro, seu primogênito sua herança do senhor - Luna sentiu o filho inquieto e fechou os olhos - Ele está me chutando acho que percebeu que está perto do pai - Ela leve a mão de Gregório a barriga - Por favor não me deixe Gregório, fique aqui comigo e com seu filho.
Luna toca os lábios nos dele e a enfermeira a chama para deixar a sala.
Ela limpa suas lágrimas e caminha para foraVerônica foi a próxima visita, enquanto a sogra se mantinha ao lado de Gregório, Luna decidiu ir até a capela
- Deus onde o senhor está ? Porque me castiga tanto ? Não há mais o que ser feito além de confiar em ti, então me mostre que devo confiar - Ela se ajoelha e faz a oração mais sincera e dolorosa que já fez na vida - aqui em meu ventre está o meu filho, não permita que ela cresça sem a presença e o amor de seu pai. O senhor já me tirou tudo, não tire do meu filho também - ela abaixou a cabeça - Se queres castigar a minha teimosia use a mim, não a ele.
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Vendetta
ChickLitO fim de um legado abre portas para uma nova história em meio ao caos e busca por uma eterna vingança. Destinos são traçados e uma.nova era iniciada.