XLVI

70 5 4
                                    

Horas depois .....

Durante a madrugada o frio se intensificou, Luna estava encolhida dentro de seu agasalho, enquanto caminhava pela sala de espera inquieta

-Senhora Luna não seria melhor descansar um pouco? - Said a observava desfilando repetidas vezes pelo tapete felpudo

- Não consigo Said, estou muito ansiosa pelo horário que os sedativos vão perder o efeito

- Não tem com o que se preocupar, eu ficarei aqui aguardando, pode descansar eu a chamo se necessário

- Te agradeço muito, mas preciso ficar aqui não consigo me ausentar nem por um minuto.

Verônica havia ido ao hotel, estava cansada de toda a turbulência que havia sido a tarde e a noite do fatídico dia.

Depois de um banho longo, tomou um café forte e ligou para Domênica

- Se certificou de que tudo tenha sido resolvido ? - ela questiona a filha

- Sim, todos os homens estão sobre aviso, meu irmão está muito bem monitorado e Antenor já deve estar queimando no inferno - ela diz com um certo rancor

- ótimo, espero que estes malditos tenham entendido bem o meu recado desta vez, não quero nenhum rebelde com espírito de vingança vindo atazanar minha família outra vez. - ela deposita a xícara sobre o criado

- Eu estou muito preocupada com Gregório, ela já reagiu ?

- Está sedado, mas ficará bem logo logo.

- Como sabe disto ?

- Eu o visitei antes de vir para casa, senti em meu íntimo que ele sairia do hospital consciente, só conseguir sair de lá para tomar um banho e descansar um pouco quando tive certeza que poderia vir em paz para o hotel.

- A senhora nunca errou um previsão, eu me lembro da morte de papai, e do dia que Demétrio deixou nossa casa - sua voz falha um pouco, era muito difícil para Domênica falar sobre Demétrio

- O dia que Demétrio deixou nossa casa ? Não me lembro de ter a dito algo neste dia - Verônica diz confusa tentando se lembrar

- A senhora estava em seu quarto, olhando pela janela o carro dele atravessar os portões, - Eu ia chama-la e pedir para impedir que ele fosse embora, eu ouvi quando chorava e dizia para si mesma - " Nunca mais o verei entrar com vida por estes portões" perdi a coragem de falar qualquer coisa, apenas fui para o meu quarto chorar minha perda. Naquele momento eu tive ainda mais certeza de que estava perdendo meu irmão. - Domênica tinha a voz embargada

Verônica ficou pensativa, desde criança tinha pressentimentos fortes, que em sua maioria sempre estiveram certos. Orava em silencio em busca de não errar pela primeira vez, não quando precisava mais que nunca estar certa em relação a recuperação de Gregório.

Luna estava no quarto da UTI, segurava a mão fria e imóvel do marido, ansiosa pelo fim do efeito dos sedativos.

- Luna - Gregório sussurrou baixinho sem forças para falar mais alto, ele mantinha os olhos fechados

ela sorriu e olhou para ele completamente eufórica,

- querido, você esta se sentindo bem ?- ela acaricia a mão fria de Gregório

- agua, preciso de agua - ele diz de forma lenta e falha juntando as palavras com dificuldade

Luna molha um algodão e toca nos lábios dele tentando saciar sua angústia

- Tente ficar tranquilo - ela o acaricia a face

- está tudo bem com você e com meu filho ? - ele abre os olhos devagar

- Sim, eu e o bebê estamos ótimos, não tem nada com o que se preocupar meu querido.

- Antenor, o que houve com Antenor ? - ele questiona com a voz embargada

- Ele está morto, acabou querido, a guerra acabou - ela se abaixa e beija a testa de Gregório um beijo carregado de carinho

- Luna, você agora não precisa mais....

- Xiii, não continue- ela o interrompe - eu vou ficar ao seu lado cuidando para que tudo fique bem - ela o acaricia a face - nunca mais vou me afastar de você ...

Alguns dias depois.....

- Todos estes remédios aqui ? - Luna questiona ao médico um pouco surpresa com o volume de medicamentos prescritos

- Sim, o pior já passou, mas agora é preciso reforçar a imunidade, e controlar as dores, a medicação é fundamental nesta etapa

- Bom, sendo assim eu o agradeço por tudo Dr., - ela sorri - O Senhor e sua equipe foram fundamentais para a melhora de meu marido

- Não há o que agradecer, apenas fizemos o nosso trabalho, estaremos aqui a disposição de vocês caso precisem de algo. A proposito, seu marido está de alta mas precisamos agendar as consultas quinzenais.

- Minha sogra está cuidando destes detalhes, com o pessoal responsável.
Mais uma vez obrigada por tudo.

Gregório chegou em casa, estava com saudades de sua cama, ele estava muito bem, se comparado ao estado que chegou naquele hospital. Ainda sentia dores, e se alimentava com restrições mas era algo temporário e passageiro.

- Luna eu não quero que continue dedicando todo o seu tempo a mim - ele diz assim que é acomodado em seu quarto e está a sós com sua esposa - você precisa dormir e se alimentar melhor - ele diz a olhando com ternura - está grávida, nosso filho precisa de você tanto quanto eu, não é justo que se esqueça dele

- Não se preocupe Gregório - ela ajeita o travesseiro dele - Eu estou cuidando do bebê, os remédios estão te deixando sonolento - ela sorri - por isto não vê quando estou descansando ou me alimentando.

- Eu prefiro que você se ausente destas obrigações como minha enfermeira, é muito trabalhoso e não quero que..

- Shiiii - neste momento você é um acamado, e não dá ordens aqui - ela toca o dedo nos lábios dele fazendo sinal de silêncio. - Eu me sinto na obrigação de cuidar de você até sentir que já se recuperou totalmente, afinal foi minha culpa tudo que aconteceu. E só estou aqui graças a você ter se arriscado por mim e pelo bebê. Não vou conseguir ficar tranquila longe de você - ela o acaricia os cabelos e o beija delicadamente os lábios

- Tudo bem, desde que não esteja se sobrecarregando, me prometa que se sentir cansada vai me avisar - ele a segura a mão com delicadeza

- prometo meu amor

Gregório sorri, ela nunca o chamava de amor exceto quando queria algo em troca.

VendettaOnde histórias criam vida. Descubra agora