07 de novembro de 2018.
Faith.
É a terceira vez que estou limpando o chão da sala, porque segundo o infeliz do Jeff, as outras duas vezes eu não havia deixado limpo o suficiente. Exigências atrás de exigências, é um saco.
A vontade que eu tenho é de mandá-lo vir limpar com a sua língua, mas se eu fizer isso, ele corta a minha, então acho melhor ficar quieta e terminar isso de uma vez por todas.
Deus, até quando essa humilhação?
- Não se esqueça que ainda falta o banheiro e as escadas. – Ele me relembra pela quarta vez enquanto limpa sua faca, em uma camisa branca, ou trapo, já que estava rasgada e com algumas manchas vermelhas, ou seja, sangue.
Não quero imaginar quem foi a vítima da vez na noite passada, se fora um pobre animalzinho indefeso ou uma pessoa mais azarenta do que eu, se é que isso seja possível. Isso, caso Jeff tenha feito apenas uma vítima, e não mais. Tomara que tenha sido uma morte rápida, não algo demorado e torturante como a morte daquele homem que estava no porão. Independente de quem tenha sido, que descanse em paz. Ou não, seria bom um senso de justiça do outro lado, que ele viesse a perturbar sua mente todos os dias, puxando o seu pé e fazendo da sua vida um inferno.
As vezes acho que qualquer pessoa no mundo é mais sortuda do que eu, até mesmo as que já morreram; porque no meu ponto de vista, a morte é mil vezes melhor do que viver em cárcere privado, sem ver a luz do dia e tendo que agir feito uma empregada vinte e quatro horas, sem ao menos receber algo em troca, além de um colchão, duas peças de roupas suas — contra a sua vontade —, e um prato de comida. Sem contar com os abusos verbais, físicos, emocionais/psicológicos todos os dias nos últimos dois meses, a ansiedade sem saber o que será de você nos próximos instantes, não tendo certeza de mais nada, sentindo a esperança de sair daqui, morrendo aos pouquinhos. Sim, ainda tenho esperança, mas ela está por um fio.
Acho que não existe nada pior que isso, nem mesmo a morte.
— Faith...
Sou despertada dos meus pensamentos pela sua voz. Ele me encara buscando uma resposta da minha parte, eu me esforço por alguns instantes para relembrar o que ele havia dito.
— Eu sei, Jeff! Você já repetiu isso umas quatro vezes. — Respondo-o com um tom entediado assim que me lembro.
— Do jeito que você vive no mundo da lua, não duvido que depois de todos esses avisos, ainda assim acabe esquecendo.
— Não vou me esquecer. — Afirmo em um murmúrio.
Meus olhos acompanham seus movimentos enquanto guardava a faca no bolso da frente do seu moletom.
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Nas mãos de um serial killer
Terror"Desde que era apenas um garoto, fui criado para ser quem eu sou hoje. Você não pode me consertar, porque não existe conserto para aquilo que já está quebrado há anos." - Jeff início: 19.03.2022 Observações: • Essa história é classificada para maio...