Capítulo 03 - wolf in lamb skin

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Faith

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Faith.

Eu me sentia exausta, havia sido um verdadeiro desafio tirar o sangue do piso amadeirado, quanto mais eu esfregava, mais o vermelho se espalhava pelo chão. Assim que terminei de limpar, procurei algo para comer.

Só havia uma sacola com pães no armário, um pacote com farinha de trigo e um saco pela metade com sal.

— Será que ele não sabe o que é um supermercado? — Murmurei baixo, pegando a sacola com pães completamente emburrada, deixando-a sobre a mesa. — Quanta pobreza.

Resolvi olhar a geladeira onde encontrei três ovos, manteiga e pouco menos de meia caixa de leite. Nunca fiquei tão feliz ao ver ovos em toda a minha vida. Até ontem, minha refeição era resumida em pão seco, um copo de leite ou água e uma fruta, às vezes um prato de sopa durante a noite, mas raramente isso acontecia. Minha alimentação era péssima, deve ser um dos motivos do meu emagrecimento nos últimos dois meses. Estou só pele e osso.

Preparo os ovos com certa pressa, estava com o estômago no fundo e queria matar a minha fome o mais rápido possível.

Coloco-os no pão e sento-me para comer, deixando algumas lágrimas rolarem pelo meu rosto, estava acabada. Eu só queria acabar com esse pesadelo.

Sentia falta de algumas pessoas do orfanato, principalmente da Nancy, ela costumava ser engraçada, eu amava passar boa parte do meu tempo livre com ela, sempre inventávamos algo divertido para fazermos. Será que ela está bem? Quero acreditar que sim. Espero que Nancy seja muito feliz, que tenha todas as oportunidades que não terei, principalmente de conseguir uma família incrível, cursar uma boa faculdade e conhecer outros lugares no mundo. Ela merece.

Antes de ser arrancada da minha zona de conforto, eu estava quase conseguindo ter uma família de verdade. Esperava por isso desde os meus cinco anos de idade, que foi quando cheguei no orfanato após meu pai biológico ter falecido em um acidente, não me recordo muito bem dele, apenas alguns flashs; o pouco que me lembro dele, sempre me arranca um sorriso, ele era um homem bom, seu nome era Joseph. No tempo, não havia outra pessoa além dos meus avós paternos, que pudesse ficar responsável por mim, então eles só me largaram no orfanato e quem me recebeu foi Carlota, apesar de ser extremamente rigorosa e incisiva na maior parte do tempo, e não nos darmos tão bem quanto no começo, ela nunca deixou de ser uma boa pessoa. Por incrível que pareça, todo esse tempo que estive lá, nunca consegui ser adotada por ninguém, e quando alguém se interessava por mim, sempre acontecia alguma coisa e essa família sumia do mapa, nunca mais aparecia. Todo ano uma rejeição. Fui motivo de chacota durante anos.

Prestes a completar meus dezoito anos, minhas esperanças já estavam literalmente mortas. Foi quando Mary e Bruce surgiram, ambos no auge dos seus cinquenta anos. Desde que eram jovens nunca haviam conseguido ter nenhum filho, pois Bruce era estéril e quando descobriram isso já era tarde demais, só restou a opção de adoção. Inseminação era impossível, mas também não queriam criança, com a idade que estavam não saberiam lidar com uma, daria muito trabalho. Então buscavam uma adolescente, o sonho de Mary era ser mãe de uma menina e, segundo Carlota, eu me encaixava nos padrões de exigência deles. Estava quase tudo certo para eu ter um lar de verdade. Mas se eu não tivesse sido tola em dar uma fugida naquela noite, eu poderia estar na minha casa com uma família carinhosa.

Nas mãos de um serial killer Onde histórias criam vida. Descubra agora