ESPECIAL 1 ANO| As estrelas irmãs

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Tudo estava destruído.

Sunhee, ajoelhada no chão de paralelepípedos, não sabia para onde olhar.

Seu reino, Canopus, estava completamente destruído; poucos sobreviventes. A Corte havia sido morta, ela era a única que restou: Yoo Sunhee, princesa e herdeira do Império da Estrela Cadente.

A menina, com pouco mais de quinze anos, agora encarava o homem que vestia a pesada armadura prateada com a insígnia de Dal-bam, o Império do Sul, que há tanto tempo queria dominar a rota de comércio marítimo que Canopus possuía, já que ficava localizada em uma pequena ilha no meio do mar, relativamente longe do território dos outros dois Impérios. Quando não conseguiu, simplesmente achou que tinha direito de destruir um reino inteiro, como se fosse uma criança mimada.

A herdeira derramava lágrimas de tristeza e ódio e profunda agonia, mas não desgrudou os olhos do monarca mais velho, mantendo o queixo erguido.

ㅡ Seus pais deveriam ter pensado melhor antes de me negar alguma coisa, Yoo. ㅡ disse o Imperador, apoiando a espada pesada no chão. ㅡ É assim que as coisas acabam, afinal.

ㅡ Eles lhe negaram apenas para que pudessem proteger nosso povo, Vossa Graça. ㅡ A menina cuspiu o título, com a voz rouca de tanto gritar.

ㅡ E é por isso que você vai acabar como eles. ㅡ O homem ergueu a espada, pronto para acabar com a vida da princesa, quando uma voz melodiosa se sobrepôs ao silêncio ensurdecedor.

ㅡ Não ouse fazer isso, papai.

Sunhee, que havia fechado os olhos para aguardar seu trágico final, abriu-os imediatamente, fitando a garota que estava montada em um cavalo preto, com pelo brilhante e macio.

A loira sabia quem ela era: Jeon Dal-mi, a princesa e herdeira das terras sulistas. E, como diziam os boatos, era linda. A pele clara contrastava perfeitamente com o longo cabelo escuro, que agora estava trançado; as mãos finas seguravam um leque azul escuro, com uma lua prateada pintada em seu centro; e, diferente do pai, não usava uma armadura, mas sim um vestido azul que ia até a altura das canelas, além de uma bota de cano curto.

Mas se havia uma coisa que Sunhee não esqueceria, eram os seus olhos, tão negros quanto o céu noturno salpicados de estrelas.

ㅡ O que você está fazendo aqui, Dal-mi? ㅡ O pai abaixou a espada, encarando a filha com raiva nos olhos.

ㅡ Eu quem lhe pergunto, pai. Você não pode decidir simplesmente destruir um Império inteiro, enlouqueceu? ㅡ Os soldados em volta suspiraram, surpresos com a forma como a garota tratou o monarca. ㅡ E agora, para acabar com o resto do seu problema, planeja matar essa menina?

ㅡ Eu decido o quê eu quiser, Jeon. Eu sou o Imperador.

ㅡ Se o senhor realmente fosse tal coisa, pensaria em tomar decisões apenas para o bem de seu próprio povo, procurando ao máximo não gerar conflitos com nações amigas. ㅡ Dal-mi negou levemente com a cabeça, descendo do equino e se aproximando de Sunhee, que agora encarava o chão. ㅡ Eu sinto muito, menina.

E então, se curvou.

O ar faltou nos pulmões da loira. Jeon Dal-mi havia se curvado para ela. Estava tão chocada, que não conseguiu ter reação alguma. Ignorando esse fato, a princesa sulista apenas se ajoelhou no chão, em frente a ela, sem se importar se sujaria o próprio vestido.

ㅡ Sei que de nada valem as minhas palavras. Mas, a partir de agora, farei o possível para minimizar os danos que meu pai causou ao seu povo. É uma promessa.

ㅡ Leve-os com você...ㅡ A voz rouca de Sunhee proferiu, com dificuldade.

ㅡ Quem?

ㅡ Os que restaram. Qualquer um. Eu imploro, salve o meu povo. ㅡ Sunhee se apoiou nas mãos, chorando intensamente. Dal-mi apertou os lábios finos e se ergueu, afastando-se da aloirada. Imediatamente, Sunhee pensou que a sulista havia ignorado seu pedido.

SCARLATTO • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora