XXI - How do you sleep when you lie to me?

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Nossas férias tiveram de acabar uns dias mais cedo, devido ao trabalho de Henry. Voltei pra Nova York mais confusa do que quando fui pra Carolina do Norte e acredito que tenha deixado isso explícito, já que Alex me olhou estranho assim que nos vimos no aeroporto.

— Que cara é essa? — pergunta, enquanto me abraça.

— Nada não. — balanço a cabeça.

— Trate de melhorar, temos uma surpresinha pra você. — seu tom é um misto de ironia com pura e genuína felicidade.

No caminho pra casa, conto bem superficialmente como foi a viagem. Ocultando tudo que rolou nas duas últimas noites, claro. Seguimos até meu apartamento desse jeito, ele atento nas fofocas e eu tentando esquecer todos os meus problemas. Mal sabia eu que momentos depois eu ia mesmo esquecer.

Abro a porta e vejo Eric correr em minha direção para um abraço apertado, que não consigo largar até o menino reclamar. Não nego nem afirmo que algumas lágrimas podem ter rolado. Mas esse momento cuti cuti acaba quando vejo quem está mais ao fundo da sala.

— Luli! — Ananda vem em minha direção toda animada, gritando o apelido que tanto odeio.

— Nanda! Você não estava no Canadá? — sorrio largamente com a grata aparição.

— Sim, mas já voltei. Vou passar alguns dias aqui, com você. — me larga e se joga no sofá. Meu sorriso murcha um pouco.

Não me levem a mal, eu amo a minha irmã, mas ela pode ser beeeeeeeem complicada de se conviver, principalmente em um apartamento minúsculo como esse. O que leva a me perguntar se ela ficaria realmente aqui. Até penso em questioná-la, mas quando carrego minha mala para o quarto, vejo que a dela está lá, respondendo a minha pergunta. Suspiro fundo, os próximos dia serão longos.

***************

Como eu imaginei, os dias que se passaram com Ananda em casa foram caóticos e catastróficos, com muita gritaria às 08:00 da manhã de sábado, com ela e Eric jogando Uno. Como ele aprendeu? Essa é uma dúvida que não pretendo sanar agora.

Alex e eu estávamos indo buscar meu pacotinho na escola, quando paramos em uma barraquinha de cachorro quente. Uma criança grita ao fundo, mas não demos atenção, já que por estarmos perto de uma escola, achamos que isso fosse normal. 

— Amiga, está ouvindo isso? — Alex para de comer para escutar mais atentamente aos gritos.

— Sim, deve ser algum pirralho birrento. — dou de ombros e mordo o cachorro quente. 

— Luli! — a criança volta a gritar mas dessa vez em alto e bom som. Alex vira instantaneamente.

— É o Eric! — sorri ao ver meu pequeno se aproximar com a mochila nas costas. 

A professora acena mais ao fundo para nós, que acenamos de volta. Alex afaga as mãos no cabelo de Eric, enquanto eu me estresso só de pensar que talvez a Ananda esteja envolvida nessa brincadeira de mal gosto.

 — Luli! — Eric abraça minhas pernas e eu reviro os olhos.

— Luli é a sua mã... aff. — desisto de reclamar e me abaixo para pegá-lo no colo. 

Vejo meu pequeno dar uma mini mordida na comida em minha frente e sorrir com a bochecha suja de ketchup. 

— Quem te ensinou esse nome?

— A tia Ananda, ela disse que você ama ser chamada assim. — a inocência de meu filho ofusca o ódio que sinto da minha irmã nesse momento.

Luli é um apelido que a dita cuja colocou em mim quando éramos pequenas. Eu o odeio. E ela sabe disso, por isso me chama dessa forma, para me tirar do sério. Mas ensinar meu filho a jogar o jogo sujo dela é demais.

Superman's Wife || Henry CavillOnde histórias criam vida. Descubra agora