XXIII - Reflexões

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Eu juro que a próxima pessoa que perguntar como vai a minha vida, terá grandes chances de levar uma voadora na cara. 

Beberico meu quinto café só nessa metade do dia, enquanto releio algumas perguntas que serão feitas numa entrevista em poucas horas. Alex se aproxima com um sorriso cativante nos lábios, mas logo o cessa ao ver minha péssima expressão de desgosto.

— Por que eu sinto que você comeu comida estragada no café da manhã? — senta cautelosamente ao meu lado.

— Talvez eu esteja comendo isso há dias, pra não dizer meses. — digo, áspera.

— Quando estiver pronta, me chama pra conversar. — alisa minha mão e sai de fininho.

Respiro fundo. Sei que é errado ser grossa com a única pessoa que me suporta nessa cidade, mas tem dias que não dá. Henry e eu estamos tendo problemas de novo, pra variar. Depois da terapia foi só maravilhas, passamos quase uma semana nos divertindo, saindo em família e isso foi incrível. Mas bastou ele voltar ao trabalho que tudo se complicou, mesmo ele estando consideravelmente próximo, em Maryland, não está sendo suficiente por motivos um tanto peculiares.

Pela segunda semana seguida nós tiramos o final de semana para nós dois, mas sempre acontece alguma coisa que atrapalhe o momento. No primeiro final de semana, sua pressão baixou devido aos dias intensos de trabalho e ele teve de ficar de repouso por um tempo. E essa semana... bom, aí foi culpa minha, mas não deixa de ser frustrante. É, é essa a palavra. Estou frustrada. E muito.

No último sábado eu resolvi fazer algo diferente e preparei um jantar romântico, à luz de velas e tudo mais. E acabei me animando e enfeitando o banheiro também, não pensando na possibilidade de algo dar errado. Coloquei velas perto da banheira, pois sabia que assim que ele chegasse ia tomar um banho, e não estou numa posição que posso perder esse tipo de oportunidade... se é que me entende.

Então, fiz o que pude para parecer sexy e esperei ele chegar. Não demoramos muito para ir em direção ao banheiro e, durante alguns amassos, derrubamos algumas velas perto da cortina, que acabou... pegando fogo. Pois é, quem poderia imaginar nessa possibilidade, não é mesmo? 

Mas aconteceu. E, por conta disso, o alarme de incêndio foi acionado e logo em seguida a energia do prédio foi cortada por uns minutos. Até agora não sei como a energia foi cortada, mas tenho o leve pressentimento que talvez tenhamos apertado algum botão de emergência, ou sei lá. Acontece que ficamos no escuro por conta disso e, ao sair no corredor para verificar o que tinha acontecido (como se não fizéssemos ideia), um vizinho disse que "algum idiota deve ter acionado o sistema de segurança do prédio, que tem em todos os apartamentos". Aí já viu, né? Nada de sexo. E eu preciso transar. 

Urgentemente.

Imaginem o quanto é difícil ver esse homem e não poder tocá-lo. Está sendo uma tortura pra mim, especialmente com o período fértil chegando. E sinceramente já nem sei mais o que fazer, pois sinto que ele não quer. Posso estar louca e colocando todo o progresso da terapia no lixo? Sim, mas algo me diz que ele está evitando e isso me assusta. Me irrita. Me deixa a ponto de assassinar a primeira pessoa que cruzar o meu caminho.

E pra completar, ele não vai poder vir esse final de semana, além disso não estou muito afim de ir até lá, já que me faria lembrar da ansiedade que senti no sonho que tive dele me traindo com a Laura. Não me sinto pronta para encará-la.

Conto pro Alex, durante nosso almoço, e ele ouve atentamente.

— Deve ser seu inferno astral.

— Meu o que? — pergunto, sem entender bem o que ele quis dizer.

Superman's Wife || Henry CavillOnde histórias criam vida. Descubra agora