Olhando a chuva pela janela do quarto onde estou hospedada na mansão, penso em tudo que me aconteceu para chegar até aqui. Tive que viver dez anos com um homem que nunca amei, com quem tive uma filha propositalmente, apenas para garantir que não passasse as mesmas privações que minha mãe passou estando casada com meu pai.
Nelson Moreira, meu pai, foi um homem que teve uma única oportunidade na vida, saiu do Brasil com vinte anos de idade e ganhou o mundo. Depois de passar por diversos países, fazendo tudo e qualquer tipo de trabalho, foi na casa dos meus avós que sua vida mudou. Trabalhando com jardineiro, conheceu minha mãe que se apaixonou de cara por ele.
Começaram a se encontrar escondido e quando meus avós descobriram que eles estavam num relacionamento, foi uma confusão só, já que eles não aceitavam que sua filha fosse vista com um rélis empregado. Porém, não tinha muito o que fazer, já que minha mãe estava grávida de minha irmã. Por conta disso, meus avós expulsaram minha mãe de casa, sem deixar que ela lavasse nada.
Sua vida mudou drasticamente, já que meus avós tinham uma situação financeira muito boa e minha mãe, que era filha única, era tratada como uma princesa. Penso que foi muita ingratidão da minha mãe. Com isso, teve que viver num apartamento alugado, na periferia que meu pai morava e se viu perdida. Mas, todas as vezes que eu a questionava se ela se arrependia, minha mãe respondia que não e se tivesse que fazer tudo de novo, faria sem qualquer hesitação.
Sinceramente, eu não compreendia.
Mas, uma coisa meu pai tinha de bom, ele corria atrás e em menos se cinco anos inaugurou uma empresa de prestação de serviços. Quando Eleonor tinha dezesseis anos de idade eu nasci e não posso negar que vivi como uma princesa. Tinha tudo do bom e do melhor.
Quando minha irmã se casou, eu ainda era uma bebê. Ela foi viver em Londres com Felipe e quase não nos visitava. Ela o ajudava na empresa que estava em ascenção.
Meu pai veio a falecer por enfisema pulmonar quando eu tinha oito anos. Ele era um fumante que desencandeou tudo quanto é tipo de problema respiratório. Ele ficou meses internado, o que custou muito caro para minha mãe. Desenganada pelo médico, o aparelho que o mantinha vivo apitou pela última vez com minha mãe ao lado do corpo por falência múltipla dos órgãos.
Eu estava com ela naquele dia e lembro dos gritos de desespero por perder o homem que amava. Com o passar do tempo, os problemas na administração da empresa foram aparecendo. Foram várias as tentativas de empréstimo para poder manter o que meu pai tinha alcançado. Infelizmente, ele não era ambicioso o que o impediu de crescer.
Minha irmã, junto com o meu cunhado, tentou resolver os problemas da empresa, mas minha mãe disse que não queria viver as custas de Eleonor que vivia muito bem de vida ao lado do marido milionário que por sorte arrumou. Muito esperta!
Porém, o orgulho da minha mãe nos fez perder nosso apartamento, algumas regalias e só não estudei num colégio público, porque minha irmã disse que não permitiria, já que meu pai lhe deu o melhor em sua adolescência, com isso, faria o mesmo por mim. Pelo menos pra isso ela prestou.
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MAGNÓLIA (Concluído)
RomanceMagnólia é uma mulher que soube aproveitar todas as oportunidades que a vida lhe deu. Estudou, se dedicou, tornou-se uma mulher forte e independente que tem sua mentalidade bem diferente da maioria das mulheres de sua idade. Sendo uma grande referên...