Tá, talvez Gregorstaun não seja tão ruim assim.
Quint me fez vestir o uniforme quando nos separamos, o que eu protestei veementemente, mas um olhar para aqueles olhos escuros e eu simplesmente não consegui negar.
Era tão difícil negar coisas pra ela.
— Esse uniforme é ridículo. — Murmurei me olhando no espelho depois de passar o colete com o brasão de Gregorstaun pela cabeça e ajustá-lo no meu corpo.
— Não fala assim. — Ela disse saindo do banheiro. — Você está uma gata com todo esse xadrez. — Quint falou e eu abri um sorriso convencido.
— Eu nasci vestindo xadrez, Quint. — Falei e ela passou por mim ajeitando sua saia quadriculada.
Quint parecia uma pessoa completamente diferente do que a garota que eu havia deixado na soleira de sua porta em dezembro. Ela parecia mais alta — apesar de não ter crescido um centímetro desde então, sua bochecha ainda era da altura do meu ombro —, percebi que ela parecia mais alta por sua postura estar mais reta, seu queixo mais alto e uma aura de confiança a rodeando.
Além do mais, seu cabelo estava maior e mais brilhoso, sua pele estava mais escura, provavelmente graças ao sol de verão de Genovia, e ela parecia se portar como se finalmente tivesse se acostumado à ideia de ser princesa. Céus, ela tinha começado a cheirar como dinheiro.
Mas quando ela sorria pra mim e brincava nervosamente com os seus dedos, ou então quando vi que seus tênis all-stars surrados no pé da cama e a vi arrumando sua coleção de pedras na cômoda eu só tive mais certeza de que a minha Quint estava lá atrás de todo esse glamour.
Ah, o que dinheiro não faz?
E não foi só sua aparência que mudou, depois de algumas semanas falando completamente em francês os "r" de certas palavras saíam bem mais suaves do que o seu sotaque nova iorquino misturado com texano que eu estava acostumada.
Eu não dei a mínima para nenhuma dessas mudanças, no entanto. Aquele sotaque meio francês e todo o resto só a tinham deixado mais sexy, disso eu não tinha dúvidas.
— Eu vou atrás de umas conhecidas, nos vemos mais tarde? — Falei e ela hesitou por um momento, mas logo concordou. Percebi como seus ombros estavam tensos, tinha ficado mais difícil de notar esse pequeno gesto, mas eu conhecia Quint como a palma da minha mão.
— Ei, não se preocupa. — Falei a puxando pela mão. — Nós vamos nos ver daqui a pouco, sim? — Fiz carinho em sua bochecha e ela sorriu, encostando sua testa na minha.
— Finalmente a Flora que eu conheço, já estava preocupada achando que você ia ficar no Modo Veruca Salt o dia todo. — Ela disse e eu revirei os olhos, mas eu ainda estava sorrindo.
— Talvez eu fique no meu Modo Veruca Salt. — Comentei casualmente. — Depende da minha vontade, acho que eu posso voltar a fazer um escândalo.
— Por favor não. — Ela ri, segurando nos meus braços. — Eu já estou com dor de cabeça. — Franzi o cenho com essas palavras e coloquei minhas mãos em seu rosto.
— Você quer que eu pegue um remédio pra você? Não, não, acho melhor irmos na enfermaria, vem Quint. — Ela me parou no lugar e deu risada.
— Não é nada, acho que é o fuso-horário. — Falou e eu a olhei com os lábios crispados. — Pode mudar essa cara aí, eu estou bem.
— Certeza? Eu posso inventar uma desculpa pra você ficar aqui descansando, eu sei que o voo é cansativo. — Falei e ela apenas sorriu de forma sarcástica.
— Eu tenho certeza. — E logo em seguida aprumou os ombros, pigarreou e começou a falar francês em uma imitação perfeita de Clarisse: — No meu casamento com o seu Grandpère eu tive uma febre de 42° e permaneci firme durante a cerimônia de duas horas, fui para o cortejo em uma carruagem aberta e permaneci na festa até às quatro da manhã então, não Amelia, você não pode faltar a reunião do Parlamento por estar doente.
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Highland Princess - Rocksalt
FanfictionGregorstaun, de todos os lugares em que podia completar seu último ano no ensino médio, apenas tinha que ser naquele pesadelo disfarçado de escola? Quem em sã consciência aceita ir para um lugar com ovelhas, banhos congelantes seis horas da manhã e...