Capítulo 27:

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O Palácio de Inverno de Clarisse é estranhamente acolhedor.

Digo estranhamente porque palácios são muitas coisas, mas não acolhedores. Eu sei bem disso porque cresci dentro deles. As paredes de pedra e a quantidade enorme de armaduras e armas da Idade Média e quadros enormes de antepassados não ajudam em nada na atmosfera fria.

Porque é isso que os palácios são: frios. Pelo menos os que eu já estive, seja da Inglaterra ou da Escócia. Não importa muito, a atmosfera pesada de centenas de anos de história pesa sobre qualquer um que entre, principalmente aqueles destinados a passar esse legado.

Quando Quint me disse que o nome era "Palácio de Inverno" eu imaginei que fosse como os outros palácios que já estive. Não me entenda mal, eu amo a sensação de estar dentro de um castelo e esse tipo de coisa, mas podemos concordar que não é nem um pouco acolhedor.

O Palácio de Inverno de Genovia não é tão grande quanto Holyrood, mas ainda é enorme. Em vez de ser de pedra, o palácio é feito de mármore, com decorações douradas por toda a parte. Não tem tantos quadros dos antepassados de Quint, apenas na sala do trono e definitivamente não tem tantas armas da Idade Média quanto eu esperava.

E ele é muito bem iluminado, com lareiras em praticamente todos os cômodos e lustres por toda a parte. É muito diferente dos corredores escuros do Castelo de Edimburgo, aqueles corredores infinitos e mal-iluminados que já me deram muitos pesadelos nos meus piores dias.

— E aí? O que você acha? — Quint perguntou do outro lado de seu quarto. — Capaz de causar um infarto em algum velho do Parlamento?

— O que você tem contra os velhos do Parlamento? — Perguntei para Quint, terminando de colocar os meus brincos. — Eles que vão ser seus melhores amigos daqui uns anos.

— Pff, como se eles estivessem vivos até lá. — Quint fala, revirando os olhos. — Mas olha aqui, Flora, o que você acha?

Eu me viro e Quint coloca as mãos na cintura e dá uma voltinha, como uma criança mostrando a roupa nova. Eu dou risada com isso e a observo de cima a baixo.

— Já te falei que você fica muito, muito, muito linda de terno? Acho que eu vou ter um infarto e não os velhos do Parlamento.

— Besta. — Ela diz, dando risada. — Como se você não estivesse absurdamente perfeita com esse vestido. Já te falei que vermelho fica muito bem em você?

— Só umas dez vezes na última hora. — Eu digo, colocando um colar de pérolas. Quint sorri, apoiada na pilastra do quarto enquanto me observa, uma mão no bolso de sua calça. — O que foi?

— Nada, nada. — Ela diz abanando a mão, mas continua sorrindo. — Não posso mais olhar?

— Quint, o que você mais faz é olhar. — Eu digo finalmente me virando para ela que dá de ombros.

— Não é como você pudesse me culpar, okay? — Quint arruma a faixa branca e verde que está usando.

— Nervosa? — Eu pergunto para ela, que me vem até mim e entrega as minhas luvas para que eu as coloque.

— Só um pouco. — Ela admite, pensativa. — Acho que me acostumei.

— Isso é bom, não é? — Eu perguntei e ela concordou com a cabeça. — Nós já temos que descer?

— Sim, o que é uma pena. — Quint solta um suspiro. — Acho um absurdo não poder ficar aqui com você.

— Nós podemos ficar aqui, se você não se importar de Clarisse mandar alguém nos trancar pra fora do seu quarto depois. — Eu digo e Quint dá de ombros mais uma vez.

Highland Princess - RocksaltOnde histórias criam vida. Descubra agora