Capítulo 25:

998 99 353
                                    

Pela primeira vez em quase uma semana, Alex veio falar comigo. Ele se sentou em uma poltrona do lado do sofá em que eu estava deitada no meu celular. Eu não teria notado que ele tinha entrado se não fosse pelo jeito nervoso e rápido que sua perna batia no chão.

— Você acha que ela vai voltar? — Alex perguntou, tirando a minha atenção do meu celular.

— Eu espero que não. — Respondo de má vontade e ele suspirou, derrotado. — Por que essa cara? Achei que estava ansioso pra ser rei.

— Não dessa maneira. — Ele diz, passando a mão pelo cabelo. — O país está um caos, eu me casei e não foi nem um pouco o planejado, está tudo uma loucura e...

— É minha culpa? — Completei e ele ficou pálido. — É isso que você quer dizer?

— Quê? Não! Não! Nunca vai ser sua culpa, Flo. — Ele me assegurou. — Mas você podia ter esperado um pouco.

— Fala isso para a minha namorada e a avó dela. — Digo, voltando a mexer em meu celular. — Ao contrário de certas pessoas, elas realmente fizeram algo.

— E o que isso nos trouxe. — Ele suspirou. — Uma crise interna e nossa mãe desapareceu.

— Ela não é minha mãe, mães não fazem isso com os próprios filhos. — Digo, porque é verdade. — Alguém que te ama não teria feito nada disso.

— Você entendeu o que eu quis dizer. — Ele disse passando a mão uma na outra, nervoso. — Olha, nada disso é sua culpa, você sabe disso e eu não estou dizendo que é. Todas as autoridades escocesas, inglesas e genovianas estão atrás dela. Nós vamos achá-la e ela receberá a pena necessária.

— Ela já deve ter recebido asilo político da França. — Murmurei.

— Talvez, mas tentar nunca é demais. — Ele sorriu e ficou de pé, ajeitando o seu paletó. — Parece que eu vou ser rei primeiro que você, afinal.

— Ainda bem, Clarisse não pode bater as botas nem tão cedo. — Meu irmão dá risada e me dá um beijo no topo da cabeça.

— Eu vou resolver isso, você volta para Gregorstaun amanhã, certo? — Ele perguntou e eu concordei. — Ótimo, é melhor que você não esteja aqui por enquanto.

Ele se empertigou, saindo da sala. Depois do casamento às pressas com Eleanor, ele estava diferente. Indo de reunião para reunião com a primeira-ministra e o Parlamento, fazendo discursos para apaziguar a população ou sei lá.

Fiquei de pé indo até a janela. O áudio de Ralph tinha sido vazado e o mundo inteiro ficou sabendo o que acontecia por trás das paredes de pedra do Castelo de Edimburgo.

Eu não conseguia escutar o áudio que circulou em praticamente todos os cantos da mídia. Meu estômago revirava e eu sentia uma vontade de vomitar inexplicável, então eu simplesmente não vi.

Eu sempre fui bem ciente de que nem todos os escoceses gostam de mim e nunca dei a mínima pra isso. Não dou a mínima até hoje, para ser honesta.

Mas me surpreendeu e muito quando as manifestações começaram, principalmente em Edimburgo e Glasgow. Aparentemente, eu podia ser insuportável o quanto fosse, mas o que minha mãe tinha feito era inaceitável.

Muitos dos banners, outdoors ou o que quer que fosse com a imagem da minha mãe tinham sido pichados ou completamente destruídos. Mais informações vazaram e o envolvimento de meu pai e até mesmo de Alex foi a conhecimento público, o que não ajudou muito a imagem deles.

No caso, a falta de envolvimento de Alex.

— Flora, você tá aqui? — Ouço a voz de Quint e me viro da janela, minha namorada abre um sorriso assim que me vê. 一 Ei, amor.

Highland Princess - RocksaltOnde histórias criam vida. Descubra agora