Capítulo 12:

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Dividir uma cama de solteiro não era fácil, mas quando se divide uma cama de solteiro com uma garota espaçosa de 1,80 de altura essa missão se torna ainda mais difícil.

Estávamos na metade do filme e o único jeito que achamos que era relativamente confortável para ambas foi em que eu estava deitada praticamente em cima de Flora enquanto víamos as crianças quase morrendo na fábrica.

Viramos para a cômoda ao mesmo tempo quando ouvimos o característico toque do meu celular que indicava que minha avó estava ligando, que basicamente eram um monte de trombetas bem extravagantes para combinar com a personalidade adorável de Grandmère.

— Você pegou o meu celular na secretaria? — Perguntei tentando ficar em pé de um jeito que não a machucasse. — Bom saber que você está me incluindo na sua vida de crimes.

— Em minha defesa, não é uma vida de crimes, é uma vida de possibilidades.

— Sei. — Falei e aceitei a chamada de vídeo de Grandmère. — Grandmère?

— Amelia? Eu não estou te vendo. — Ela disse, sua voz rouca. — Amelia?

— Grandmère, você consegue me ouvir?

— Parece Tabuleiro Ouija antecipado. — Flora murmurou e eu fechei a cara, ela ergueu as mãos. — Só tô dizendo.

— Charlotte você pode...

— Aqui, Majestade. — Ouvi a voz de Charlotte ao fundo e finalmente vi o rosto da minha avó, ela parecia um pouco abatida, mas não parecia estar muito doente.

— Amelia! — Ela disse. — Posso saber por que você me fez ler esse livro? — Ela perguntou indignada, erguendo a edição de Os Sete Maridos de Evelyn Hugo que eu a tinha dado de aniversário há alguns meses.

— Eu só achei que você poderia se identificar. — Falei como quem não quer nada e ela fechou a cara, ajeitando o robe de seda que estava vestindo.

— Eu não me casei oito vezes, Amelia Mignotte Quint Grimaldi Renaldi. — Ela disse ainda indignada.

— Foram sete vezes, Grandmère. — Falei confusa e ela ergueu as sobrancelhas.

— Eu me casei duas vezes, Amelia. — Ela disse. — A primeira vez com o seu avô em uma catedral enorme aos vinte anos e a segunda vez com Lydia no nosso quarto uns cinquenta anos depois. Por isso eu posso dizer que foram oito vezes, não me contrarie.

Ela já tinha me contado aquela história umas trinta vezes, mas não me importei. Me sentei de volta na cama.

— Falando nisso, Grandmère, olha só quem está aqui. — Falei e virei o celular para que Flora aparecesse também, minha namorada abriu aquele sorriso que era reservado apenas para a minha avó.

— Como você está, Clarisse? Se sentindo melhor? — Ela perguntou colocando toda a sua pose de boa moça.

Sonsa, muito sonsa.

— Sim, querida, obrigada por perguntar. A proposta de você passar o verão aqui ainda está de pé. — Ela avisou abrindo um sorriso que claramente indicava que Flora era sua nora favorita. — Enfim, vocês receberam a lista de expectativas?

— Sim, Grandmère. — Falei e antes que Flora pudesse falar alguma coisa coloquei meu dedo na frente de sua boca. — Essas regras tem que ser levadas ao pé da letra? Elas parecem meio rígidas, não?

— Regras são regras, Amelia. — Ela disse, como se não tivesse tocado o terror no colégio em que estudava quando tinha minha idade. — Vocês vão se adaptar com o tempo. Ou melhor, a Flora vai se adaptar com o tempo.

Highland Princess - RocksaltOnde histórias criam vida. Descubra agora