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Nina

A semana das provas terminou e os encontros finalmente começaram. Agora teríamos um dia inteiro com Marco, mas nossos passeios seriam em duplas. Apesar de não achar a melhor das ideias, não questionaria. Afinal, os destinos seriam mais interessantes do que os habituais nas redondezas do hotel.

Infelizmente, com o fim do verão, e talvez com ajuda de algum laxante, minha dupla Julia precisou ficar no hotel e eu teria horas sozinha com ele.

... É claro que poderia ser uma oportunidade, se Leo não estivesse ali para estragar meus planos. Por causa da mudança na competição, os jurados também faziam parte dos passeios naquela etapa.

A questão era que eu precisava de Leo nos meus fones de ouvido, falando o que eu deveria responder. Ele não era útil ao meu lado, onde não poderia me ajudar em nada.

— Sua colega não vem? — Leo perguntou quando me encontrou em frente ao heliporto, onde aguardávamos por Marco.

Arqueei as sobrancelhas enquanto o encarava, então dei de ombros e voltei a observar o portão de entrada. Alguns guardas conversavam, sem qualquer outra movimentação. Para variar, o ocupado Marco estava atrasado.

— Está interessado nela? Isso poderia ajudar a desclassificar minha concorrente.

— Infelizmente eu não estou e não fingiria algo do tipo para te ajudar, antes que pense em criar algum plano assim.

Estreitei meus olhos e voltei a encará-lo.

— Eu não faria um plano que envolvesse mentiras e ilusões desse tipo. Tenho princípios básicos femininos — reclamei. — Julia apenas está indisposta hoje.

Ele arregalou os olhos e encarou a entrada do heliporto, por onde o caro carro preto do milionário entrava.

— Essa não... Você a envenenou, não é? — Leo acusou em tom mais baixo, tentando conter uma risada. Recuei.

— É claro que não! Eu não preciso de medidas extremas como essa para vencer a competição! — Dei de ombros. — Laxante não é veneno.

Ele me encarou pelo canto dos olhos, então sorriu para o amigo, que saiu do carro acenando em nossa direção. Nos aproximamos do veículo enquanto o piloto do helicoptero se preparava para começar a viagem.

Iríamos para uma cidade próxima dali, que ficava entre morros repletos de árvores. Aquele era um dos locais mais frios do país, por isso algumas das montanhas eram cobertas por neve ao fundo da paisagem. Nunca visitei para confirmar, mas aquela era a fama.

O helicoptero não tinha vidros nos assentos traseiros. Marco não gostava de ser visto pelos diversos fotógrafos que costumavam cercá-lo, além de não gostar do risco da exposição. Por isso, eu não fazia ideia de como era a paisagem ao lado de fora.

Pela primeira vez na vida, eu estava dentro de um helicoptero. Como digital influencer, era uma tarefa muito difícil não poder fotografar e publicar nas redes sociais o que estava acontecendo, já que era uma das regras do concurso.

— Nunca esteve em um helicoptero antes? — Marco perguntou enquanto observava meu nervosismo.

Não poder ver o que nos cercava e saber que estava no alto eram ideias perturbadoras, principalmente quando o piloto mudava a direção do voo. Era como se pudéssemos cair a qualquer momento. Eu já li relatos sobre esse tipo de acidente na internet.

— Nunca, e nunca pensei que não poderia publicar nas redes sociais quando acontecesse. Meus seguidores vão ficar decepcionados — reclamei.

Marco riu e encarou Leo antes de voltar seu olhar em minha direção, colocando a mão no bolso para retirar seu próprio celular.

Esposa de Cem Milhões - 1° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora