Charlie e Nick: Uma História de Heartstopper

Capítulo 8 - Nick

Noivo.
Estou noivo de Charlie.
Estou muito FELIZ QUE O CHARLIE ACEITOU CASAR COMIGO. É tudo o que eu sempre quis. Eu realmente amo o Charlie e isto é tudo o que eu sonhei. Eu mando mensagem para o grupo de equipe de rugby e todo o mundo surta, principalmente Arthur, que como dever de ser o meu melhor amigo, ele surtou ainda mias que o resto do grupo. Otis, Christian e Sai mandaram mensagem dando as felicidades, mas só isso. Isso me surpreende. O que me surpreende ainda mais é a mensagem que Harry Greene manda para mim e o Paris Squad.

Harry Greene – 18:09

Oi gente! Faz algum tempo que a gente não se vê! Vou dar uma festa domingo á noite no hotel St.George. Apareçam!

Nossa. O Harry convidando a gente para uma festa. Num hotel. Que vai ser já amanhã. Alguns anos se passaram e Harry ainda se lembrou da gente. Otis, Christian e Sai confirmaram que vão na festa. Será um bom momento para conversarmos, já que Harry insistiu em falar comigo. Após todo mundo ir para casa, eu e Charlie conversamos por videochamada com a família do Charlie e foi um momento bom. Muito bom, aliás. Mais tarde, Charlie e eu transamos e foi INCRÍVEL. Foi diferente, especial. Não foi igual das outras vezes. Senti que Charlie estava mais liberto e solto. Mas pouco tempo depois, sinto que ficou estranho.
Muito estranho.
Estou com a minha cabeça no peito de Charlie e conto para ele sobre a proposta. Ele não disse nada. Isso que foi estranho. Será que estava pensando já no futuro? Será que ele vai cancelar o noivado só porque vamos estar separados um do outro por muito tempo? Eu ainda não aceitei a proposta.
-Charlie, está tudo bem? – pergunto, focando os meus olhos nos dele.
-Hum...Nick...eu vou só...ali ao banheiro... - Charlie fala lentamente e sai da cama. A voz dele falha e isso me deixa preocupado. Muito preocupado.
Eu me levanto e seguro no seu braço.
-Charlie...
-Nick. Está tudo bem.
Ele solta a o braço e entra no banheiro. Eu decido ficar na cama. Provavelmente ele vai chorar. Vou ficar do lado da porta caso Charlie chore. Apenas ouço o som da descarga do vaso sanitário. Charlie sai do banheiro. Foco no rosto dele. Ele não chorou. Mas ele está bem abatido.
-Charlie, por favor, fale algo. – pergunto tocando no seu ombro.
-Nick. - Apenas nos encaramos por algum tempo. Charlie entra na cama e se cobre. -Vamos dormir, conversamos melhor amanhã.
Eu respeito e vou para a cama. Abraço Charlie na cama, mas ele não me aperta com força, como normalmente faz. Ele está mesmo abatido. Não quero falar sobre aquilo para não o irritar. Vou dormir e pensar sobre o assunto.

Último dia em Paris.
Todo mundo está fazendo as malas.
Acordo sem Charlie do meu lado. O seu celular não está na mesinha ao lado da cama e as nossas malas já estão em pé. Isso me preocupa. Não ouço som do chuveiro. Ele não está no quarto nem no banheiro da suite.
Eu me levanto da cama e vou em direção á cozinha. Ele provavelmente deve estar lá. Eu o encontro junto de Aled. Espero que Aled não fale que ele sabia da proposta. Os olhos de Aled se encontram nos meus. Ele apenas olha para Charlie e sai. Charlie está com a cabeça para baixo olhando para a pia. Ele provavelmente esteve chorando e Aled ouviu e o ajudou.
-Charlie? – A cabeça dele se levanta. – Está tudo bem?
-Nick, agora não. – ele limpa o rosto com a mão. Ele estava chorando.
Eu me aproximo de Charlie e toco em seu ombro.
-Char, fala comigo por fa...
-Nick, eu disse agora não! – ele interrompe gritando e solta o ombro.
-Ei, não precisa de gritar comigo! – eu falo.
Charlie não responde e sai. Eu o sigo até o quarto.
Ele pega nas malas e começa arrumando. Eu fico parado olhando para ele.
Charlie percebe e vira-se para mim.
-Deveria estar arrumando a sua mala, partimos daqui a pouco.
Eu não falo nada. Apenas começo arrumando minha mala.
Darcy se encarga de verificar a casa, enquanto Elle prepara as passagens. Todo mundo está pronto. Vamos sair de Paris.
A viagem de avião é bem tranquila. Charlie está dormindo e não falou uma palavra comigo. Bom, ele me perguntou uma vez se eu não ia dormir, mas eu apenas neguei com a cabeça. Coloco os fones nos ouvidos e o Spotify começa tocando "The Night We Met" de Lord Huron. Quando os acordes começam e as vozes vocais começam cantando no fundo, eu olho para Charlie e lembro de tudo o que a gente viveu. Desde quando colocaram a gente para se sentar junto na sala de aula, os treinos de rugby, o nosso primeiro beijo, o nosso primeiro "eu te amo", tudo isso começa aparecendo nos meus pensamento. Eu começo a derramar lágrimas dos meus olhos. As nossas mãos não estão conectadas. Eu junto a minha mão na mão de Charlie e a aperto com força.
Quando o avião chega em Londres, todo mundo está triste por ter saído de Paris, mas contente de voltar para casa. Charlie continua não falando comigo. Vou conversar com ele em casa.
Quando o Paris Squad se despede, eu e Charlie entramos no carro.
Ele continua triste. Continuo vendo isso no rosto de Charlie. Os seus joelhos estão subindo e descendo rapidamente. Eu coloco a minha mãe na sua perna. Ele para.
-Charlie.
Ele não responde.
-Eu ainda não respondi sobre a proposta.
-Nick, não precisamos de falar sobre isso.
-Charlie! Para com isso!
Charlie olha para mim.
-Eu estou cansado de você me ignorar! Eu estou tentando falar sobre isto e você está zoando com a minha cara! – eu falo.
Charlie vira a cara e não responde.
-Tabom, Charlie, tudo bem...
Estou ficando irritado com toda esta situação. Durante o trajeto, eu e Charlie não falamos nada.
Quando a gente chega em casa, encontramos a minha mãe junto de Max. Esqueci que ela tinha uma chave suplente para ir cuidando das plantas.
-Oi meu amores! – ela fala, indo dar um abraço em conjunto.
-Olá Senhora Nelson. – Charlie fala dando um abraço nela.
-Pode me chamar de Sarah, querido! Já falámos sobre isso muitas vezes. – ela ri.
-Como está a nossa bebezinha? – pergunto.
-Ela está bem feliz por vocês estarem aqui! – ela fala enquanto Max late e começa subindo as minhas pernas.
Eu faço um carinho nela.
-Charlie, mostra esse anel! – a minha mãe fala.
Charlie mostra a mão para a minha mãe e ela fica ainda mais encantada. Eu preparo um chá e bolachas e ficamos conversando sobre Paris. Charlie não olha para mim. Isso está me deixando ainda mais preocupado. A gente não dá pelo tempo e vemos que faltam 2 horas para a festa de Harry.
A minha mãe vai embora e eu e Charlie começamos a preparar-nos. Ele está cada vez mais estranho.
-Você vai falar com Harry? – Charlie pergunta baixo.
-Sim, vou. – respondo seco.
-Não é preciso responder dessa forma.
-Dessa forma o quê Charlie?
-Não precisa gritar comigo!
-Eu não estava gritando! – eu estava falando em um tom mais alto.
-Nem sei porque você está chateado! Eu é que deveria estar chateado!
-Porquê Charlie? Eu ainda não aceitei a porra dessa proposta!
-Para de gritar Nick!
-Porra Charlie!
Um silêncio invade a sala.
-Eu...esta proposta...não quero que separe a gente! – falo.
-Sério Nick? – ele começa a chorar. – Você vai ficar separado de mim por 1 ano! E você me pediu em casamento!
-Você quer que eu cancele uma proposta que pode crescer minha carreira?
Charlie não fala nada.
-Charlie, entenda uma coisa! Eu estive pensando muito nisto! A minha equipe está contando comigo...
-Que se dane. Eles têm o Arthur! – Charlie interrompe.
-Charlie. Eu sou o chefe da equipe.
Ele não fala nada.
-Há quanto tempo você sabia dessa proposta?
-O quê?
-Há quanto tempo você sabia dessa proposta? – Charlie repete.
-Hum...soube no momento em que vomitei em Paris.
-Não me acredito! Esse tempo todo? Você nem falou comigo?
-Não te falei porque sabia que a reação ia ser exatamente esta!
-Não Nicholas! A gente podia ter falado muito melhor! Você nem podia me ter pedido em casa...
-Pode parar Charlie! Não me diga o que está prestes a dizer!
-Nicholas...
-Por favor não me diga que te pedir em casamento foi um erro.
-Nick, eu não vou estar casado com você sem te ver por 1 ano! Tenta entender o meu lado porra!
-Você não acha que eu pensei logo nisso? Porque acha que eu vomitei naquela merda de torre?
Charlie me olha e continua deitando lágrimas dos olhos.
-Eu não quero separar de você!
-Eu não quero perder uma oportunidade de ouro, que pode subir minha carreira, minha vida.
Ficamos em silêncio por um bom bocado.
-Vamos logo para a festa, preciso de bebida.
Eu concordo e a gente parte para a festa. No carro, nós não falamos nada.
A gente chega na festa e encontramos logo Darcy, Tara, Sahar, Elle e Tao.
-Charlie Spring? – ouço uma mulher gritando no fundo.
-Jenny? O que você está fazendo aqui?
-Charlie? – um cara pergunta. Reconheço que é Noah.
-NOAH? O que vocês dois estão fazendo aqui? – Charlie pergunta.
-Harry! – Noah fala. Ele revira os olhos quando eu olho para ele. Conheço ele faz 10 segundos e já não gosto desse cara só pela revirada de olhos.
-Harry? – Charlie pergunta.
-Eu e Harry...estamos namorando. – Jenny fala.
-O quê? – todo mundo fala.
-É! Sim. – ela ri sem graça. – Então decidi convidar Noah.
Harry aparece.
-O quê o quê? – ele pergunta. Ele encontra o Charlie e eu. – NICK! CHARLIE! – ele grita.
Ele abre os braços para nos abraçar, mas apenas eu o abraço. Charlie está olhando para mim com uma cara de desprezo em relação a Harry.
-Nicholas! Como você anda? – ele pergunta.
Enquanto isso, Charlie sai da entrada e vai para a sala e apresenta Jenny e Noah para Tara, Darcy, Elle e Sahar.
-Eu vou bem, mas você está namorando? – eu falo.
Harry olha para Jenny do fundo.
-Sim. Conheci ela ano passado e desde então a gente não se separou. – Harry explica. – E...Nicholas...casamento? O QUÊ? – ele grita.
-Como você sabe?
-Charlie publicou no Instagram.
-Hmm, tá! – eu rio.
Christian, Sai e Otis aparecem.
-Oi Harry! Oi Nick! – os três falam.
-Podemos falar? – Otis pergunta.
Nós todos vamos para uma sala privada.
-Nicholas nós queríamos pedir desculpa. – Sai fala.
-Porquê? – pergunto.
-Bom, depois que você foi para a faculdade, a gente se separou... - Christian fala, mas eu interrompo.
-Sim, e daí?
-Bom, a gente te deixou de lado! – Otis fala.
-Sim, eu sei! O que querem que eu diga?
-Bom, a gente só queria pedir desculpa e...
-O quê? Querem que eu vos perdoe? Que sejamos todos amigos outra vez? Eu apenas tive Arthur como único amigo na faculdade. Vocês me abandonaram, eu estive sozinho. E agora vocês vêm falar comigo e me pedem desculpa? – eu falo com um tom de voz muito grande. Talvez seja a junção da discussão com Charlie, da proposta e destas quatro pessoas falando comigo. – Espero que fiquem bem e que sejam felizes.
Eu falo e saio da sala.
O meu celular vibra. É o treinador Locke.
-Nelson? – ele pergunta.
-Oi treinador Locke! – eu falo e saio da sala porque a música está muito alta e quase não ouço o treinador na chamada. – Tudo bem?
-Sim Nick, está tudo bem! Eu só te liguei para saber da sua resposta em relação á proposta.
-Como é o processo para ir para lá? – pergunto.
-Bom, as passagens são por conta da equipe que está organizando o torneio. Vocês todos os meses serão pagos com o salário acredito de mil dólares.
Eu fico chocado com o dinheiro que vou receber.
-Cada um de vocês terá um apartamento perto do Estádio... - ele fala, mas eu interrompo logo.
-O Charlie pode ir comigo?
-Era isso que eu ia falar Nick...só pode ir 1 pessoa. Lamento, mas ele não pode ir.
Já estava á espera dessa resposta.
-Bom, você aceita a proposta? – ele me pergunta.
Eu começo pensando em todos os momentos que vivi com Charlie. Eu realmente amo o Charlie. Apesar do rugby ser o meu sonho, Charlie é o meu futuro e o sonho que quero levar para sempre comigo.
-Não.
Um silêncio invade a chamada. Eu decido quebrar esse silêncio.
-Espero que fique tudo bem com você. Até amanhã treinador!
Desligo a chamada.

Eu fico sem reação durante um bom tempo. Recusei um dos meus sonhos para estar ao lado do meu sonho principal. Ouço Harry, Otis, Christian e Sai perto da sala onde eu estou.
-Nick? Está aí? – reconheço Christian.
Me lembrou daquela vez em que Charlie e eu nos beijamos pela primeira vez.
Eles entram na sala e me encontram.
-Nick.
Eu não olho para eles.
-O treinador Locke ligou para a gente. – Sai comenta.
Maravilhoso. Agora vão me dar uma lição sobre o rugby e a equipe.
-Ficamos sabendo que você não aceitou a proposta. – Otis fala.
Estou começando a ficar muito irritado.
-E daí? – falo. – Vocês vão me obrigar a ir na porra desse torneio?
-Ei cara, não precisa de ficar assim! A gente só ia perguntar porquê que você não ia! – Sai fala.
-E vocês acham que têm de saber?
Eu me levanto do chão e saio da sala. Decido procurar Charlie e falar que recusei a proposta.
Vou no salão principal e encontro Aled, Tao e Daniel. Ninguém sabe de Charlie. Mais tarde encontro Jenny, Tara, Darcy e Elle dançando loucamente. Pergunto por Charlie.
-Não vi gatão, desculpa! – Darcy fala, claramente bêbeda.
-Deve estar com Noah. – Jenny fala.
-Noah? – pergunto.
-Sim, ele vomitou ali a sala toda. Ele está bem bêbado! – Jenny responde.
-COMO EU! – Darcy grita e ri.
-Não tem piada Darcy. – Tara fala, enquanto Elle, Sahar e Jenny dão risada no fundo.
Eu tento procurar Charlie em cada quarto. Ouço a voz de Noah. E de Charlie também. Eles estão em uma sala onde tem um projetor que está dando música e projetando cores azuis. A porta não está totalmente aberta, deixando um espaço onde eu consigo observar as luzes azuis. Eu me aproximo.
Merda.
O que merda está acontecendo?
QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO?
Charlie e Noah estão se beijando. Noah está puxando Charlie para perto de si.
Eu me encosto na parede ao lado da porta. Após alguns segundos, eu corro. Eu saio do hotel correndo para o meu carro.
Apenas vejo na minha cabeça a imagem de Charlie e Noah se beijando. Eu começo a derramar lágrimas. Muitas lágrimas. Eu começo a chorar. Chorando muito. Fico chorando por meia hora dentro do meu carro. Eu pedi Charlie em casamento e ele está beijando um cara que mal me viu e já está revirando os olhos?

Meia hora passa e quando decido ligar o carro e ir embora, recebo uma mensagem de Charlie.

Charlie – 22h40

Cadê vc? Vou levar Noah para casa, ele está vomitando muito e está muito mal. Não se preocupe, eu vou no carro dele. Me ligue, não te encontro.

Eu não estou acreditando nisso. Eu continuo chorando muito após ler esta mensagem. Sei do que se trata. Dou partida no carro e vou para casa, deixando lenços cheios de lágrimas pelo carro. Isso não está acontecendo.