#Nasbatidasdoseucoração
Myoui Mina
O coração por si só funciona de forma independente. Um músculo frágil, involuntário mas com grandes objetivos. Algumas pessoas dão sentimentos para este órgão, e até chamam tais sentimentos de amor.
Eu estava na sala de cirurgia, com o coração de um homem nas mãos, literalmente. Tinha que salvá-lo, estava tentando de todas as formas, a cada segundo em que sentia seus sinais vitais se esvaindo. Com calma e toda atenção do mundo conseguimos realizar uma cirurgia de sucesso. A cada vida que conseguíamos salvar era um sorriso de uma família. Não podia deixar-me fraquejar, não nesses momentos.
O coração dele voltara a bater com força, e sua respiração fora novamente sentida. Hoje não teria choro nos corredores da ala 3, reparei.
—Conseguimos.— A médica estagiária, Minatozaki Sana toca em meus ombros, que estavam tensos.
Seus olhos estavam cansados, iguais os meus.
—Acho que acabamos por aqui. O Dr. Chan já está chegando para terminar o resto da análise. Já concluímos a cirurgia principal, então ele deve acordar do coma induzido em um dia ou dois.—
Sana assente, e nós suspiramos ao mesmo tempo.—Fez um bom trabalho hoje, Dra. Myoui.— Sana está encostada na batente da porta da sala. Eu a acharia linda em um desses momentos, mas o sangue do paciente estava em respingos por uma pequena parte do jaleco.
—Nós fizemos. Aqui dentro somos uma equipe, Srta. Minatozaki.
Sana ri do meu comentário, passando a mão por seus cabelos ruivos. Que droga. Se realmente não tivéssemos terminado uma cirurgia agora à pouco iria beijá-la aqui mesmo.
—O que acha de jantar lá em casa hoje?— Ela pergunta já sabendo a resposta. Mesmo com um dia cansativo assim como o de hoje não desperdiçaria uma boa noite movimentada na cama dela.
🫀
Alguém bateu à porta, na mesma hora que tiro meu uniforme usado na cirurgia. Não abro, para quem quer que seja, já indo em direção ao banheiro. Depois de tomar um bom banho consigo respirar novamente. Essas semanas que se passaram foram muito difíceis, com tantos pacientes para atender. Me pergunto como tanta gente consegue se acidentar todos os dias, ainda mais quando eles parecem surreais. Claro, não coloco a culpa em ninguém, pois pode acontecer com qualquer um, mas ainda assim não deixa de ser surreal grande parte deles.
Recebo uma mensagem de Im Nayeon, a fisioterapeuta daqui do hospital perguntando se podemos sair hoje. Nayeon é uma das raras pessoas que conseguiram fazer amizade comigo, junto à Sana.
Às vezes penso no quão sortuda sou de tê-las aqui, comigo. Nosso relacionamento vai além do trabalho e amizade. Nós ficamos algumas vezes, separadamente, quando tudo está estressante ao ponto de alguma de nós explodirmos. É uma forma de escapar da nossa realidade do dia a dia, e para mim, escapar do amor.
Sana e Nayeon se evitam ao máximo, desde que a mais nova derrubou café quente no jaleco da coreana. Nunca vi Nayeon tão possessa quanto aquele dia. Hoje em dia saio com as duas separadamente, mesmo querendo muito saber como seria nós três em um ménage. Já tentei dar a ideia, mas as duas ficaram putas comigo por uma semana.
Quando saio do banheiro vejo que o corredor está vazio. Alguns funcionários já foram fazer suas trocas de horário.
Assim que chego na ala 4 do hospital, vejo Nayeon saindo de sua sala, segurando uma prancheta verde.—Nayeon.—Ela se vira rapidamente mas assim que vê que sou eu, fecha a cara e continua a andar. Quando ela se tornou tão dramática assim?
—Ei, desculpa. A Sana tinha chamado primeiro. Não fica brava.— Ela então vira novamente pra mim, com seu cenho franzido.
—Faz quanto tempo que não saímos só nós duas?— Pergunta, mas não sei o que responder. Já faz algumas semanas que estamos trabalhando sem parar.
—A nossa agenda estava um pouco cheia, Nay.— Seguro em suas mãos sentindo sua tensão indo embora aos poucos.
—Podemos marcar algo essa semana, só a gente. Também sinto falta de conversar, de fazer algo que não seja mexer em bisturis e sangue.— Ela sorri, concordando.
A abraço, sentindo sua risada em meu ombro.—Obrigada por lembrar que sou sua amiga também.— Reviro os olhos. Quem vê Im Nayeon manhosa assim nem imagina que tem 30 anos nas costas.
Uma curiosidade que me vem à cabeça, ainda envolvida em seu abraço é sobre o seu coração. Sempre bate rápido, quando estamos assim. Da mesma forma que o da Sana. Um coração humano pode pulsar 2,5 bilhões de vezes ao longo da vida. 72 batidas por minuto. 104 mil batidas por dia e quase 38 milhões por ano. Só de pensar nisso tudo fico um pouco tonta.
—Você tá bem, Mina?— Ela levanta seu rosto do meu ombro e parece preocupada.
—Estou sim. Só estava pensando no que vou comer hoje.— Ela ri, se afastando.
—Talvez seja aquela ruiva descarada bem ali, atrás de você, te encarando.
Olho para trás e vejo Sana acenando. Solto uma risada, porque claramente elas não se odeiam de verdade. Ainda vou colocá-las presas juntas em algum lugar desse hospital pra ver se vão se acertar de vez.
—O que tem nessa prancheta?— Nayeon diz que é algo de alguma paciente que foi transferida ontem e está analisando ainda.
—Você já estava indo embora?— Ela pergunta, mas respondo que ainda vou precisar passar na ala 1 para pegar 3 exames.
—Eu te vejo antes de ir embora, Unnie.— Me despeço indo em direção contrária à sua.
Enquanto andava, conseguia escutar alguns cochichos de algumas enfermeiras sobre mim.
Isso não me incomodava.
Era sempre algo como: "Não importa como você olhe pra ela, ela sempre será legal com você.""Espero que um dia eu consiga namorar a Dra. Myoui."
"A Dra. Myoui opera com tanta determinação, que chega a ser encantador. Seu olhar envolta determinação."
"Se me olhasse assim eu iria derreter toda"
Isso me fazia rir. Alguns daqui até sabem que meu histórico com médicas e enfermeiras é alto. Sabem mais ainda que não me envolvo romanticamente com nenhuma delas.
Não quero um relacionamento, e muito menos quebrar o coração de ninguém. Mas se mesmo quando são avisadas por mim se apaixonam em uma única noite, não me importo com o quão chateadas vão ficar. O aviso eu dou.
Se alguém quer se envolver comigo tem que estar ciente de que será apenas um brinquedo em minhas mãos. Algo como distração, e nada mais. Se passar qualquer linha invisível, vai acabar se magoando.
Para mim, amar com o coração é perca de tempo. Não passa de um órgão que pulsa e sempre será assim. Mesmo a dor no peito, que todos falam em ser coração partido, nada mais é o seu corpo liberando hormônios em resposta à rejeição tomada.
Se você não deseja ser um bobo apaixonado tem que estar acima das suas emoções e aprender à controlá-las. Afinal, ninguém gosta de sofrer.
Certifique-se de ser o caçador, ao invés da caça.
O que estão achando até agora?
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Se cuidem, e beijinhos da God Danhyo🦉
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In The Beats Of Your Heart
FanfictionNÃO ACEITO ADAPTAÇÕES!!!!!! Onde Son Chaeyoung está à espera de um transplante de coração e é transferida para o hospital onde a cirurgiã Myoui Mina trabalha. Ou Onde Myoui Mina é uma renomada cirurgiã, que vive de trabalho e sexo casual é escolhida...