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#Nasbatidasdoseucoração

Myoui Mina

Um silêncio um pouco constrangedor pairava na cozinha. Chaeyoung estava sentada na bancada cantarolando alguma música, ao mesmo tempo em que eu cortava alguns vegetais em rodelas, para o nosso jantar.

Permaneci à uma distância segura, ainda tentando tirar da mente todos aqueles sons que ouvi mais cedo. O som de sua respiração ofegante me fez companhia à tarde inteira dentro do hospital. Sentia-me perdendo o controle pouco à pouco, e o pouco de sanidade que ainda restava logo iria me abandonar.

—Sabe, doutora, você costuma ser calada, mas hoje está bem mais. Aconteceu algo no hospital?— Chaeyoung pergunta, alongando-se com os braços para trás da cabeça.

Ah, se você soubesse o que aconteceu...

—Não. Foi só mais um dia cansativo, como todos os outros.

Ela concorda, voltando a cantarolar outra música.
Respiro profundamente, parando de cozinhar. Há uma enorme barreira, a qual insisto manter entre nós duas. Barreira essa que Chaeyoung está derrubando sem precisar fazer qualquer esforço.

Queria poder lhe dizer o real motivo do meu silêncio, e deixar que toda essa tensão se dissipasse com seu corpo nu em minha cama. Mas quando olho para a coreana, uma onda de cuidados aparece.

"Ela não é qualquer pessoa."

Meu cérebro insiste em me lembrar toda vez. Se fosse com qualquer outra mulher nem teria toda essa preocupação. Já não sei mais que rumo tudo isso está tomando.

—Mina, não aconteceu mesmo nada hoje? Seu rosto está com uma feição muito pensativa.— Sua mão segura a minha, fazendo com que nossos dedos cruzassem uns nos outros.

Engoli em seco, negando novamente. Negar era o que eu sabia fazer de melhor. 

Sorrio para ela, e surte efeito. Chaeyoung é um cordeirinho de menina. Alguém tão doce e agradável. Pela primeira vez me importei em tentar não machucar alguém.

—Está tudo bem mesmo, pequena. Não precisa se preocupar.


















                         🫀














—E então, o que você fez hoje, enquanto eu não estava em casa?— Indago, mastigando um pedaço de frango grelhado. Chaeyoung ficou vermelha em questão de segundos, e tossiu um pouco, antes de beber seu chá gelado.

—Ah, fiquei estudando e depois saí com a Momo e umas amigas

Solto uma risada baixinha, assentindo. Talvez o que eu vi hoje tenha sido apenas um surto meu.

—Sentiu alguma coisa hoje? Cansaço ou dor?

—Não. Eu estou bem, doutora.— Sorriu, com a língua entre os dentes.

Um tempo depois, Chaeyoung levantou-se perguntando se poderia retirar os pratos da mesa. Na mesma hora segurei em seu braço levemente, o que fez a coreana olhar diretamente para mim.

Aqueles olhos. Os mesmos da primeira vez que nos esbarramos no corredor do hospital me observavam curiosos.

—Espera...

Esperar o que? Por que a segurei?

—Sim?

—Senta aqui.— Logo sinto o peso de seu corpo em meu colo. Sentada de frente para mim, com os lábios molhados e abertos, Chaeyoung manteve-se quieta.

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