Capítulo II - Olhos Brancos

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Notas rápidas: para quem não conhece, na mídia do capítulo tem uma foto do templo de Abu Simbel. 

Boa leitura, guerreiras(os)! 

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A luz da lua cheia iluminava o grande templo de Abu Simbel, envolvendo-o em seu manto frio e grandioso. Esperava a chegada do Cavaleiro da Lua encostada no tornozelo da grande estátua ao lado direito da entrada do templo, tendo Hórus em sua forma original me fazendo companhia.

Feixes da luz lunar faziam brilhar as braçadeiras douradas de minha armadura de Guerreira de Hórus. O traje chegava a se assemelhar com o do deus falcão, tinha uma calça azul marinho com linhas douradas na costura, no tronco uma camada de couro tingido de azul que protegia as áreas vitais muito bem, enquanto que no colo havia uma placa dourada delicada contornando toda a clavícula. Derivada do tecido do tronco, escorregava entre minhas pernas, tanto na porção anterior quanto na posterior do corpo, uma faixa de tecido do mesmo tom das demais peças, decorada com fios dourados nas bordas. Pelos meus braços nus, serpenteavam braceletes de ouro de linhas finas que, ao se juntarem, formavam o lendário Olho de Hórus. Para completar, havia a máscara que eu usava durante as missões para ocultar a minha identidade. A peça era pintada de ouro e moldava a face de um falcão, escondendo meu rosto até o nariz. Seus detalhes, como os olhos e o bico, eram feitos com uma tinta azul royal e da cabeça caiam alguns fios dourados com tranças da mesma cor que meus cabelos, que atingiam a altura da cintura.

Certamente uma armadura imponente, o qual eu tinha orgulho de usar.

-Qual é o interesse de Khonshu em Ammit? - perguntei após um longo período de silêncio entre mim e o deus.

"Ainda não sei. Vejo seu desejo desenfreado pelo escaravelho, assim como vejo seu avatar procurando por todos os lugares o artefato. Estão desesperados." - Hórus respondeu fitando a lua acima de nós.

-Você disse que Khonshu não tem um relacionamento bom com os demais deuses, talvez ele enxergue em Ammit uma forma de dominá-los - palpitei.

Hórus soltou uma risada seca.

"Ele sabe que não conseguirá nos enfrentar só com ela, do contrário, teria tentado muito antes."

Assenti em compreensão.

De repente, meus sentidos eriçaram. Havia algo se aproximando. Ativei a visão rapina, um dom proporcionado por Hórus que potencializava a visão interior e exterior. Conseguia enxergar a quilômetros da onde estou, ver a essência de cada pessoa e, se Hórus permitir, visualizar o passado e prever uma série de possibilidades do futuro. Naquele momento, podia ver uma figura branca encapuzada voando rapidamente em direção à Abu Simbel.

"Ele chegou, lembre-se do que eu te disse, Akila" - e com essas palavras, Hórus desapareceu.

Fui para a entrada do templo, invoquei minha lança dourada e esperei o Cavaleiro da Lua. O baque suave de seus pés na areia ao aterrissar provocou um leve expirar dos meus pulmões e, conforme ele se aproximava mais e mais, um suador incomum me atingiu, junto com a sensação estranha de déjà-vu.

Mas eu nunca tinha o visto antes, do contrário, reconheceria seu traje completamente branco, o símbolo dourado da lua em seu peito e os olhos brancos feito os pelos de Qamar me fitando como um predador.

Ao estar nos dois primeiros degraus da entrada de Abu Simbel, o Cavaleiro da Lua parou e deu uma longa olhada em mim, aparentando estar envolvido nas mesmas sensações que as minhas.

-Se ultrapassar essa escada, estará colocando a você e Khonshu em problemas - finalmente tinha encontrado minha voz para dizer alguma coisa.

-Nós já estamos com problemas - sua voz profunda causou um turbilhão dentro de mim e eu precisei piscar duas vezes para pôr os sentidos em ordem.

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