Capítulo XXIII - Céu Noturno

450 74 24
                                    

Viajamos por horas, embrenhando o carro entre as dunas de areia do deserto. A lua e as estrelas eram mais vívidas e brilhantes naquele local, sem a ação da poluição da cidade, podíamos visualizar suas belezas e segredos com facilidade.

Paramos no meio do nada, no meio de uma duna. Layla deixou o farol do carro ligado para iluminar o breu da noite. Nos aconchegamos ao redor do capô do veículo, descansando as cartonagens e um rolo de fita lá. Tentamos por um longo tempo montar as cartonagens do jeito certo, porém, de nada adiantou.

Marc estava impaciente e frustrado. Ele largou as cartonagens e foi para o lado contrário do que eu e Layla estávamos.

-Vamos levar uma eternidade - gemeu, colocando os cotovelos no capô branco e massageando os cabelos.

-Marc, precisamos do Steven - Layla o encarou com atenção - Ele entende tudo isso, acho que vale a pena darmos uma chance.

O moreno olhou pensativo para as cartonagens.

"Eu invoco os deuses e você invoca o verme" - Khonshu surgiu no teto do carro, a luz da lua deixava sua figura ainda mais assustadora.

Revirei os olhos.

-O verme pode nos ser útil - respondi irritada para o deus lunar, largando um pedacinho do mapa - A não ser que tenha uma ideia melhor, velho pássaro.

Uma risada divertida ecoou pelo vento enquanto Hórus aparecia atrás de Marc.

"Velho pássaro" - caçoou o deus falcão - "Eu não ouço essa desde..."

"Desde que Akila pisava nas areias de Tebas há mais de três mil anos" - Khonshu grunhiu - "Tolerava mais sua avatar quando ela era disciplinada. "

"Deixe Steven Grant sair e fazer o seu papel, o tempo está acabando" - Hórus se dirigiu à Marc, ignorando a alfinetada de Khonshu.

"Ele não vai devolver o corpo" - o deus lunar avisou por cima.

-Ótimo, agora tenho dois deuses me dando ordens - Marc bufou irritado, batendo o punho no capô do carro.

-Marc, por favor, não custa... - comecei, minha voz saindo calma para não frustrá-lo mais.

O que não ajudou. O moreno soltou um grunhido furioso e arrancou o retrovisor do veículo. Ignorando eu e Layla, Marc pegou as cartonagens e avançou alguns metros. Jogando os papéis na areia, ele se ajoelhou e encarou seu reflexo no espelho.

Passado alguns segundos, a postura do o moreno se tornou mais encolhida, ele largou o espelho e passou a mexer nas cartonagens, balbuciando consigo mesmo de uma forma suave que não condizia com a personalidade de Marc Spector. Troquei um olhar rápido com Layla e juntas nos aproximamos de Steven, que juntava e passava fita adesiva nas cartonagens.

-Steven, querido? - o chamei, me ajoelhando e colocando a mão em seu ombro.

-Oh... Olá amor - ele me olhou sorrindo antes de continuar seu trabalho - Os egípcios inventaram a navegação moderna. Não há muitos pontos de navegação no deserto, então eles descobriram uma maneira de usar o Sol e as estrelas. É genial, não é?

-É, é sim... - me peguei sorrindo diante do entusiasmo usado na sua explicação.

-Et... Voilà - ele ergueu as cartonagens, agora montadas num mapa em formato de estrela.

-Nossa, isso é... - Layla exclamou admirada, olhando para o mapa - Incrível.

-É...É francês - ele respondeu tímido.

Layla gargalhou, negando com a cabeça.

-Eu sei...O que vamos fazer com isso?

Nós fitamos o mapa em silêncio, sem ter muito o que responder.

Sunrise and MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora