Capítulo XXII - Reconciliação e Cartonagens

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A casa de meus pais não ficava muito distante do hotel, por sorte. Eu, Layla e Marc nos encontramos no hall de entrada do prédio e pedimos um taxi, depois de eu resolver a problemática da porta do banheiro arrombada por Jake mais cedo. O mais difícil foi explicar como a porta sofreu aquele acidente comigo sendo a única hóspede naquele aposento, mas consegui arrumar uma boa desculpa.

Depois de cerca de meia hora espremida entre Layla e Marc no carro, a casa majestosa se fez presente no nosso campo visual. Dava para saber que a residência pertencia a grandes admiradores da mitologia egípcia logo na entrada, que continha duas pequenas esfinges guardando o portão alto pintado com tinta preta e dourada nas pontas. A casa em si possuía dois andares, era bem larga e cheia de janelas, a arquitetura era parecida com as casas inglesas. Era pintada em tons claros, que remetiam a areia, e as janelas e portas tinham o mesmo tom do portão.

Descemos do carro e eu me encaminhei para apertar a campainha. Depois de alguns minutos, mamãe abriu a porta mordiscando um pedaço de tâmara, os olhos verdes atrás de seu típico óculos de leitura e o corpo magro envolvido por um longo robe azul, que escondia seu pijama.

-Ora, que surpresa agradável! - mamãe exclamou sorrindo e me puxou para um abraço esmagador - Não vieram para jantar, mas para tomar café sim. Seus danadinhos, aposto que tiveram uma noite daquelas e ficaram com preguiça de preparar algo para comer.

Minhas bochechas ruborizaram. Bom, não era uma afirmação totalmente falsa por parte de mamãe, porém não deixava de ser traumatizante de ouvir.

-Mãe! - a alertei, me afastando.

Ela riu e puxou Marc pelo braço, enfiando-o num abraço tão esmagador quanto o meu.

-Olá, Olívia - o moreno deu tapinhas sem jeito nas costas da mais velha, sustentando uma vermelhidão no rosto parecida com a minha.

Enfim mamãe colocou os olhos em Layla, que sorria incomodada. Para disfarçar a atmosfera constrangedora, pigarreei:

-Mãe, esta é Layla El-Faouly, ela está nos ajudando com um caso - a apresentei.

-El-Faouly?! - mamãe arregalou os olhos e abriu um sorriso acolhedor para Layla - Conheci seu pai, querida, dividimos a coordenação de algumas escavações no passado. Ele era alguém apaixonado pela arqueologia egípcia, era um bom homem.

-Ah ele era sim - Layla afirmou, enfiando as mãos nos bolsos.

Conhecendo a mãe carinhosa que tinha, não estranhei ela se aproximando da morena e a envolvendo num abraço quente e educado.

-Vamos, entrem! Seu pai está na cozinha - minha progenitora pegou a mão de Layla e a puxou para dentro de casa.

Passamos pela sala abarrotada de livros e coleções de relíquias antigas e adentramos a cozinha espaçosa em tons pastéis de vermelho. Papai estava tomando uma xícara de chá diante da mesa, vestindo seu usual terno e próximo da janela que cobria uma parede inteira do cômodo. Um jornal cobria parte de seu rosto, impedindo que nos visse entrando.

-Meu bem, nós temos visitas! - mamãe murmurou animada, chamando a atenção de papai.

-Logo cedo, meu lírio? - Ele abaixou o papel distraído.

Seus olhos castanhos repousaram primeiro na figura de Layla perto de mamãe, o qual foi submetida a uma longa avaliação. Depois para Marc, que ganhou um olhar ameaçador e, por fim, em mim.

-Bom dia, baba - cumprimentei insegura, com medo de receber uma reação negativa.

-Akila, querida, é uma surpresa te ver aqui tão já - apesar da voz fria, seu semblante estava relaxado.

Sunrise and MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora