Capítulo XIII- Dois Meses Sem Você

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  [Dois meses depois... Gulf...]

- Bom dia Sr. Kanawut, chegou cedo hoje.

- Bom dia, eu tenho novidades para contar para ele, por isso cheguei mais cedo hoje- dou um gole no chá de bolas que carrego comigo todas as manhas- eu gostaria de vê-lo se não se importa.

- Claro, o Sr. e sempre bem-vindo- disse a enfermeira com seu sorriso simpático de sempre- sabe onde fica não e mesmo?

- Sei sim- digo andando de costa e acenando com o ramo de flores que trago toda vez que o visito.

Antes de entrar no quarto respiro fundo, tomo coragem e adentro o cômodo. Tudo está exatamente igual a dois meses atrás, quando o visitei pela primeira vez, a janela ainda está entre aberta, as flores ainda estão no vaso transparente com água limpa, as cortinas ainda são azuis, o bipe do Holter (aparelho que monitora batimentos cárdicos) continua o mesmo, nada de grandes mudanças por que o Mew odeia isso. Vou até a pequena cômoda ao seu lado e troco as flores de ontem pelas flores que eu trouxe hoje, seguida me sento na poltrona para conversar com ele.

- Como você está? Está sendo bem tratado? - olho pela fresta na cortina e vejo um pequeno raio de sol entrando e iluminando o quarto, que não está escura, mas está silencioso e sombrio- Está um dia lindo lá fora podemos ir lá assim que você... Acordar- limpo a garganta e seguro o choro o máximo que der- sabe... já se passaram dois meses e você ainda não acordou, os médicos disseram que você pode acordar a qualquer momento e...

As lagrimas se libertaram por vontade própria, abaixei a cabeça e chorei baixinho.

- Eu to com saudade! Sem você os dias não passam, eu... eu to agoniado... Por tudo que a de mais sagrado nesse mundo Mew... volta pra mim!

Por mais que eu chorasse ele não ia acordar, isso era o que mais me doía. Limpei as lagrimas e comecei a fazer o que eu faço toda manhã, abria as cortinas, dei banho de esponja nele, limpei o quarto e conversei mais um pouco com ele, contei as novidades que basicamente era sobre a audiência e com isso acabei caindo no sono, pois levantei muito cedo. Por volta das três horas da tarde sou acordado por dois velhos amigos que vieram visitar o Mew.

- O que fazem por aqui? - pergunto ainda sonolento.

- A gente queria vê-lo - Win aperta de leve a mão do Mew- Oi P'.

- Como ele ta? - Bright pergunta.

-Ele ta bem-digo - acordara em breve.

- Que boa notícia- fico feliz de ver a empolgação na voz do Bright, Mew e ele se davam muito bem- você anda faltando treino demais, o treinador quer te matar.

- Eu sei, mas eu não posso deixa-lo aqui sozinho, ele precisa de mim.

- Entendo você, se o Bright estivesse em coma, eu largaria tudo pra ficar com ele.

Estava demorando para o Win esfregar na minha cara o quanto ama seu namorado.

- Você faria isso por que você me ama, o Gulf só faz isso por que o Mew e seu amigo.

- Claro que não e só amigo, Gulf vem aqui todo dia cedo da manhã e só vai embora tarde da noite, obviamente e por que o Gulf sente algo a mais pelo P'.

- Ah sim, faz sentido- diz Bright concordando com a cabeça depois de ter pensado por alguns segundos.

- Viu, não falei...

- Por um acaso, só por um acaso, vocês dois sabem que eu to aqui ne? Assim, só pra mim sabe.

Uma coisa que eu, as fans e qualquer pessoa da face da terra sabe e que BrightWin tem um mundo próprio, um mundo onde eles vivem constantemente e acabam esquecendo das outras pessoas ao seu redor, por isso que, muitas vezes, eles têm conversas paralelas e o máximo que você pode fazer e assistir e se divertir com os assuntos aleatórios.

- A gente só ta dizendo Gulf, que você precisa rever seus sentimentos- disse Win.

- Se resolve agora para tudo ficar mais fácil quando o Mew acorda.

- Mas não foi isso que eu acabei de falar?

- Sim Win, mas eu só estava simplificando, pra que ele entenda e não faça merda de novo...

- Como você sabe que ele fez merda?

- Você passa o dia todo me contando o que as pessoas fazem e deixam de fazer, agora eu sei de tudo.

- Isso e assustador.

- E, um pouco.

- Pois e.

- Vocês dois ja terminaram?

Mesmo que esses dois ajam como dois doidos as vezes, eu gostei que eles se preocuparam em vim ver como o Mew estava e me fazerem rir e sair da rotina de ficar conversando basicamente sozinho. Depois que eles foram embora, já passada das cinco da tarde, eu comecei a refletir sobre o que BrightWin disseram, pensei, pensei, pensei até encontrar coerência em suas palavras, e por mais que eu odeie admitir eles estavam certos, antes de me resolver com o Mew eu tenho que repensar no motivo para mim estar com essa rotina 100% Mew dos últimos dois meses.

Sem perceber a noite já havia caído e o crepúsculo que eu tanto admirava já havia desaparecido. Fui embora depois das onze, jantei no hospital mesmo, seguida fui para a casa do Mew, pois tenho dormido lá nos últimos meses, dou comida para o Chopper e para meu gatinho que trouxe comigo para que a casa não seja tão vazia apenas comigo e com o cachorrinho, tomo banho e vou para cama, mas não consigo dormir, começo a pensar nas palavras do BrightWin, passo a me questionar do porque eu vou todo santo dia para o hospital sem falta, do por que eu desmarquei todos meus compromissos pelos próximos quatro meses, sempre fico ao seu lado e converso com ele mesmo que ele não me escute, Será que pessoas que são apenas amigos fazem esse tipo de coisa?

A manhã logo chega, e mais uma vez vou para o hospital. Faço toda minha rotina de costume, paro só perto da hora do almoço, o horário que geralmente eu converso com ele, sempre começo segurando sua mão e aprecio o silencio do quarto, mas sendo sincero, esse silencio não me serve mais, queria o P' acordado, nem que seja pra briga comigo, eu só queria ouvir a voz dele mais uma vez antes que esse silencio ensurdecedor me deixe louco. Anoitece mais uma vez, e lá vou eu de volta para casa, dou comida ao cachorrinho e ao gatinho, tomo banho e vou me deitar. Pela primeira vez em muito tempo consigo pegar rápido no sono, mas sou acordado no meio da madrugada por uma ligação.

*03:38-Ligação, Sra. Suppasit*

Gulf: Alo?

Sra. Suppasit: Gulf... Querido...

Gulf: O que aconteceu Sra. Suppasit?

Sra. Suppasit: O Mew acordou...

Gulf: O que a senhora disse?? O Mew acordou??

Sra. Suppasit: Sim filho... Vem rápido!!

Gulf: Eu to indo!!

*03:40- Ligação encerrada*

Dei um pulo da cama e vesti qualquer coisa, desci as escadas apressadamente, variando entre tropicar em um degrau e outro ou simplesmente tropeçar nos meus próprios pés, acabei perdendo a chave do carro, o que me deu um desespero enorme, Chopper as achou para mim, estavam em baixo do sofá, como foram parar lá eu não me lembro. Contei aos Pets sobre o Mew e corri para garagem, entrei no carro mais tive que voltar para dentro de casa pois acabei esquecendo a chave do portão, e só aí que finalmente sai de casa rumo ao hospital. Meu santo buda eu estou tão nervoso a ponte de achar que a tremedeira, a inquietação e a raiva desbalanceada do trânsito de Bangkok são sintomas de uma pessoa apaixonada e desesperada de saudade. Eu finalmente... Estou indo vê-lo. 

I love you but...Onde histórias criam vida. Descubra agora