Capítulo XV- Enrolação dos quinze capítulos

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Assim que chego em casa entro em baixo do chuveiro e reflito no que poderia ser aquela mensagem. Enquanto a água quente caí sobre meu corpo, imagino infinitas possiblidades onde eu digo que sinto, nas primeiras me iludo com um romance perfeito, onde eu digo que o amo e ele diz que é reciproco, mas retorno à realidade e imagino todo tipo de 'fora' que ele pode me dar. Saio do banho com o cabelo molhado e uma toalha atada na cintura, ando até o canto do quarto do Mew onde deixo minha bolsa com minhas roupas e começo a escolher o que vestir, opto por uma blusa azul clara sem estampa, uma calça moletom cinza e uma cueca, bom, não preciso entra em detalhes. Coloco tudo em cima da cama e termino de secar o cabelo, quando me começo a desatar a toalha da cintura a porta do quarto e aberta, e Mew passa por ela ofegante.

Ele trava e fica me olhando de cima a baixo, logo de cara reconheço este olhar, esse e o mesmo olhar que eu o olhei no hotel, impressionado e atordoado, confuso e talvez... Apaixonado. Por mais que já tenhamos vistos ambos os corpos, mais vezes que podemos contar nos dedos, sempre temos a mesma reação, ficamos paralisados com cara de idiota.

- O que você está fazendo aqui? - aperto a toalha em volta da cintura, só pra caso ela invente de cair- Você não devia estar no hospital?

- Eles me deram alta...

Cerro um pouco os olhos para analisar se este fato e verídico, mas não preciso de muito pois ele mesmo se entrega.

- Ta bom, eu fugi- dou um longo suspiro e Mew ameaça andar em minha direção para tentar se justificar, mas hesita, pois ainda estou nu, o que não ta ajudando muito nessa situação.

- Eu vou me vestir e depois continuaremos esse assunto.

Pego minhas roupas e volto rapidamente para o banheiro, de onde eu desejaria nunca ter saído. Meu coração está acelerado, quase saindo pela boca, minhas mãos tremem e minha boca esta seca, em outras situações eu diria que isso e sinal de infarte mais sei exatamente o que está me causando tudo isso. Após sair do banheiro, VESTIDO, me sento na ponta da cama, e Mew esta deitado. De repente me sinto em um dorama coreano, onde o mocinho corre na chuva para encontrar sua amada, afim de declarar seus sentimentos e acabar de vez com a enrolação de dezesseis episódios, por sorte não estou em um dorama e nem está chovendo, mas ainda assim, ele está aqui, a poucos centímetros de mim pronto pra acabar com a enrolação de dezesseis episódios.

- Gulf...- ele puxa assunto, o escuto com atenção mais meus olhos ainda estão fixos no chão, sem coragem de levantar a cabeça- sabe aconteceu muita coisa nos últimos meses, e não tivemos a chance de sentar e conversar, sem birras ou infantilidades, apenas como dois adultos. Eu fui um covarde...

- Mew...- provavelmente essa é a parte onde o mocinho se alto depreda pra amolecer o coração da mocinha, mas essa parte é realmente desnecessária.

- Me deixe terminar... Por favor- ele pedi- Desde o começo eu fui um covarde. Tive tantas oportunidades de dizer o que sinto e escolhi me calar, remoí isso durante anos e me joguei nos braços do primeiro que me demonstrou um pouquinho de afeto, e no final paguei com meses apagado...

- Mew, eu não to entendendo o que você está querendo dizer.

- Eu quero dizer que...- agora ele ta muto eufórico, como se tivesse um segredo que salvaria a nação de um ataque alienígena- eu amo você Gulf, seria muito clichê dizer que foi desde a primeira vez em que te vi mais foi nas primeiras vezes em que você sorriu pra mim. Eu sinto muito por não ter dito isso antes, eu poderia ter evitado isso tudo se eu tivesse tido mais coragem, mas a questão e que eu te amo e não espero que me ame de volta, eu demorei muito pra entende isso, mas sou feliz só de estar perto de você, e se você não me amar de volta ta tudo bem, só peço que agora que você sabe não se afaste de mim, você e muito importante na minha vida...- em um determinado momento eu já não estava mais acompanhando o que ele estava dizendo, eram três frases por segundo, junto a lagrimas e soluço. Nunca tinha o visto desse jeito, inquieto e agitado, lagrimas com dor, felicidade e certeza... Não posso deixa-lo ser o único a sentir tudo isso.

- Mew...- digo meio sorrindo, meio emocionado. Seguro seu rosto com ambas as mãos e enxugo suas lagrimas- se acalma, respira fundo, depois me escuta- assim faz- eu também tenho uma boa parcela de culpa em tudo que aconteceu, eu achava que toda felicidade que eu sentia com você era amor fraternal, mas vai bem além disso. Sou idiota e não percebi logo de cara, mas eu também amo você, com a mesma intensidade ou até mais, não disse antes por que eu achei injusto demonstrar sentimento por você agora e ser tarde demais...

Provavelmente eu tinha algo a mais para falar, mas esqueci tudo quando ele me abraçou. Alguns minutos abraçados e, sem perceber, já estávamos nos beijando. Essa e a primeira vez que eu o beijo como Mew e Gulf e não como Tharn e Type, é totalmente diferente, o Gulf beijando tem paixão e ternura, ao contrário do Type que precisava de um contato mais físico. Sinto o peso que carregava em meus ombros se dissipando, e um novo peso se criando em meu peito, penso se é amor, é pra ser amor, só que na verdade o peso em meu peito e o Mew que sem eu perceber já está por cima de mim com as mãos embaixo da minha camisa, seus dedos são gelados, porém seu toque é delicado e sutil. Voltando a realidade, Gulf ainda beija Mew, de uma forma mais quente e apaixonada. Já estamos ambos sem camisa, seus beijos revessam entre meu pescoço e minha boca, seu cabelo ainda tem um leve cheiro de hospital, e ainda assim consegue estar macio e sedoso, percebo isso quando meus dedos passeiam de suas costas nuas para seus cabelos negros.

O quarto já está em meia luz, e nossos corpos dançam uma música que eu nunca tinha ouvido antes, a melodia é viciante e me faz nunca querer deixa-la de ouvir, como o vem e vai das ondas seu corpo se fundi ao meu, e juntos, alcançamos o ápice dessa dança prazerosa. Dormimos já pela manhã, pois a vontade de ouvir a mesma melodia era mais forte do que eu pensava, Mew adormeceu em meu peito, coberto apenas pelo fino lençol branco, já não mais tão branco. A pouca conversa que tivemos pela manhã foi eu o obrigando a voltar para o hospital e terminar o tratamento, concordamos em não decidir o que seriamos a partir de agora, apenas aproveitaríamos o hoje, sem futuro ou amanhã, apenas nós dois.

(N/a: to poética hoje, e o Gulf ta bobinho kkk) 

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⏰ Última atualização: Jun 30, 2022 ⏰

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