Noite em família

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"Porque as noites com vocês são boas
Enchendo a cara e falando mal das mesmas pessoas " - Jão

- Você fez o que?! - Exclamava a histérica da minha irmã enquanto comíamos pizza no jardim da casa dela, vendo o céu estrelado. Nosso pai estava na vídeo chamada do celular dela travando um pouco mas prestando atenção na situação. - Como você pode simplesmente ir embora assim?

- Você queria que eu fizesse o que? Dito aos pais dele que eu sou o noivo dele?

Tento argumentar com ela mas minha irmã caçula não tinha modos, ela vira pro nosso pai que tinha acabado de se destravar na chamada.

- O senhor ouviu isso? Ele simplesmente fugiu!

- Crianças... Não... Briguem... - E ele volta a travar.

Reviro os olhos. - Porque simplesmente não liga normal para ele e o deixa no viva voz? Pra que vídeo chamada?

- Porque o papai pediu. - Ela diz dando de ombros, mas se despede do nosso pai e liga novamente em uma ligação normal. - Tá nos ouvindo? Pode falar.

- Ótimo, - Nosso pai suspira, - Eu só queria dizer que nenhum de vocês está errado, seu irmão não se sentia confortável, Clara. Tem que respeitar isso e Miguel, você vai precisar conversar com ele direito, entendo seu ponto mas não pode encerrar tudo assim, como você disse. Vocês estão juntos.

Suspiro, me recostado na cadeira de praia enquanto o "Cão" estava deitado em meu colo.

- O que eu faço então, pai?

- O que você achar que é o certo, mas eu começaria por conversando calmamente com ele, a sós.

- É, eu recomendo isso também. - Henry Cavill diz, por um momento esqueci que o marido da minha irmã estava conosco também. Ele apenas sorria dando um gole em seu whiskey. - Acho que vocês dois deviam ouvir mais seu pai ao invés de saírem fugindo sem avisar.

- Hey! Eu nunca fiz isso! - Clara se defende mas o seu marido a olha de uma forma que ela apenas fica corada e abaixa a cabeça. - Bom, foi só uma vez.

- Ainda bem que só uma vez. - Ele disse e eu me lembrei de como foi o relacionamento deles.

Cheio de drama, muito drama.

Eu queria isso para mim? Definitivamente não, talvez eu deve-se se mesmo ouvir meu pai.

- Já conversaram? - Minha mãe diz chegando no jardim, ela tinha ido por o Victor para dormir e agora retornava sentando ao meu lado. - Espero que tenham resolvido as coisas.

- A senhora já sabia? - Perguntou Clara, olhando para mim. - Você contou para ela primeiro?

- É claro, ele está ficando lá em casa. - Nossa mãe diz.

Então Clara me olha de forma ameaçadora. - Você contou para a mamãe primeiro e não para mim e ainda veio me pedir conselho?

- Não tenho culpa se o conselho da nossa mãe foi "fale com o seu pai". - Me defendo ficando em pé, o cachorro corre pros braços do meu cunhado enquanto eu corro para de trás da minha mãe para não apanhar da Clara. - O que você queria que eu fizesse?

- CONFIASSE EM MIM PRIMEIRO!! - Ela grita me tacando sua chinela e eu desvio.

- MÃE!

- Parem os dois! Não pode agredir seu irmão, Clara. - Mamãe grita com ela que apenas bufa irritada e sai trotando para dentro da casa.

- Alô? Alô? Alguém aí? - Nosso pai pergunta e então Henry pega o telefone.

- Oi, Jorge. Tudo bem? - Eles começam a conversar enquanto ele segue a Clara e eu volto a me sentar, me sentindo exausto.

- Vocês dois não crescem. - Mamãe diz rindo.

Olho para ela, sorrindo calma e uma dúvida me vem a cabeça e preciso expor em voz alta.

- Você mandou eu falar com o papai porque sua resposta seria eu ir embora e nunca mais olhar para trás? Igual você fez aquela vez? - Pergunto com o coração batendo acelerado no peito, uma sensação de ansiedade e temor do que ela diria.

Minha mãe apenas sorrir ficando em pé e põe uma mão em meu rosto quando se aproxima de onde eu estava sentado.

- Claro que não, apenas porque eu pensei que você não se sentiria confortável ouvindo conselhos de alguém que fez o contrário do que seria o certo. - Ela diz e se inclina me dando um beijo na testa. - Não quero que você se arrependa como eu me arrependi por fugir. Apenas pense com cuidado. Você é um bom menino e esperto, mais inteligente que sua mãe, - Com esse conselho ela acaricia meu rosto novamente e se afasta dizendo. - Vai ficar tudo bem.

E eu quero acreditar nela.

O Vizinho da minha irmã (+16)Onde histórias criam vida. Descubra agora