Garden Hall

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"Existem algumas pessoas... pessoas que o universo parece ter destacado para destinos especiais. Dádivas especiais e tormentos especiais. Deus sabe que somos todos atraídos pelo que é lindo e quebrado, eu já fui, mas algumas pessoas não têm conserto ou, se têm, é somente através de amor e sacrificio tão grande que destrói aquele que dá."

-Magnus Bane,
Cidade das Almas Perdidas

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A Viagem foi tranquila pelo restante daquele dia, às 10:00 Mycroft se recolheu para a sua cabine, mas Albert James Moriarty permaneceu onde estava.

Na manhã seguinte o desjejum foi servido cedo. O vagão estava mais movimentado do que antes, algumas pessoas desceram na estação de Londres, mas muitas outras haviam tomado o trem para Cambridge. Alguns casais murmuravam baixinho sobre os acontecimentos recentes e dois homens conversavam e riam por demasiado, embora Holmes tenha sentido a tensão que pairava entre eles.

Todos estavam com medo.

Mycroft serviu-se de ovos, alguns pães e chá. Sentou-se na parte mais afastada e observou o lugar procurando algo, mas sem saber exatamente o quê. Suspirou sentindo-se um pouco cansado e tomou seu desjejum silencioso, aproveitando a paisagem verdejante que se estendia a sua frente. Passos calmos o despertaram e seus olhos focalizaram o homem que acabara de entrar no vagão restaurante. Desta vez ele usava um terno de um azul muito escuro e uma gravata verde, ele sorriu ao vê-lo e se aproximou novamente.

-Bom dia, Sr. Holmes. - Saudou-o com um sorriso.

Holmes se levantou e cumprimentou-o igualmente. Convidando-o para que aproveitasse a refeição junto dele.

-Sente-se, por favor. - Ofereceu com uma mesura.

-Eu receio ter que declinar. Devo me apressar a organizar algumas coisas que requerem atenção imediata. -Justificou-se. - Vim apenas para despedir-me. Quem sabe se nos tornaremos a ver?

-Eu compreendo, espero que a sua estadia em Cambridge seja agradável. -Mycroft acrescentou e com um gesto de respeito os dois se despediram.

E embora ele ainda nutrisse dúvidas em relação muitas coisas. Holmes possuía duas certezas, a primeira era que, certamente, os dois se veriam. E a segunda, era que, não importava o que parecesse, Moriarty não era humano.

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Quando eles se aproximaram de Cambridge, o apito do Trem soou alto. Albert abriu os olhos e tornou a encarar a pequena porta de sua cabine, preparou as malas e mandou que um dos funcionários levasse suas malas onde uma carruagem o esperava.

O tempo estava úmido e o céu estava nublado, ele deu um suspiro aliviado, sentindo-se momentâneamente grato. Ao longe observou o homem que conhecera recentemente. Era belo, embora sua expressão permanecesse austera, imaginou como seria vê-lo sorrir. Se ele apenas tivesse mais tempo...

Entrou na carruagem e partiu para a mansão onde era aguardado por seu pai.

Mycroft chegou a Garden Hall - propriedade que alugara -lá pelo meio dia. O Lugar era tranquilo e bem localizado . Uma criada de nome Griselda, na casa dos quarenta anos, e com um coque muito apertado o levou para o seu quarto, enquanto os cocheiros carregavam suas malas até a propriedade, que possuía uma vista extraordinária da cidade.

Ele trancou a porta no momento em que ela saiu e separou as coisas que sempre carregava consigo, a verbena e aquela estaca de madeira que perfurara centenas de corações vampirícos. Criaturas asquerosas e desprovidas de qualquer sentimento humano. Há muito tempo que ele buscava sem sucesso o homem que as criara. Mas desta vez ele sentia que estava no caminho certo.

Depois de fazer sua higiene e organizar tudo perfeitamente, ele desceu para o almoço. O cozinheiro Fred, um homem relativamente idoso e bastante magro, preparava uma refeição completa e agradável.

-Senhor, ele já chegou. - Griselda se apressou a informá-lo. Mycroft ergueu os olhos e orientou que eles o deixassem entrar.

Mycroft não precisava de uma casa tão grande para si, mas a propriedade era agradável e ele tinha de estar naquela localização, para poder trabalhar da melhor forma. Deste modo, a casa já havia sido requisitada por um nobre, um conde, segundo o que havia lhe sido informado. De todo modo, ele enviara uma carta solicitando que eles dividissem a residência, mesmo com poucas esperanças. Todavia, o outro o surpreendeu ao aceitar. E ele ficou muito grato, por isso naquele momento, ele ergueu-se e foi recebê-lo com toda a cortesia que era capaz de demonstrar.

Ele observou o conde descer da carruagem e ficou surpreso por ser saudado por um belo par de olhos verdes. Olhos que conhecia muito bem.

- Conde... - Ele pensou em falar algo mas as palavras se perderam. Como poderia haver tamanha coincidência?

-Moriarty. - Ele deu um sorriso. E subiu os degraus. Parecia um tanto surpreso. -Que surpresa... agradável. - Disse sinceramente.

Mycroft poderia jurar que nesse momento seus olhos repousaram sobre a sua boca. Ele imaginou que deveria ter sido sua impressão e convidou-o a entrar.

As empregadas levaram as malas de Moriarty para cima. Enquanto ele permanecia na sala de estar.

Albert observou o lugar, calmo e silencioso, uma mobília elegante e simples. Como ele apreciava.

-Me desculpe não tê-lo esperado para o almoço, eu imaginei que o Senhor chegaria apenas para o jantar. - Albert sorriu.

-Não se preocupe, eu já fiz minha refeição. - Claro que fez, pensou Mycroft.

-A propriedade é muito agradável. O sr. não concorda, Sr. Holmes? - Perguntou sugestivamente.

-De fato. - Sempre que Albert falava havia uma doçura e poder, que o deixavam perturbado. Como se todas as suas palavras fossem carregadas de segundas intenções. Ele era perigoso, ainda que de uma forma absolutamente tentadora.

Depois do almoço ele foi para o escritório, enquanto Albert estava lendo na saleta de leitura.

Na casa pairava um ar de estranheza, não importava o quanto Holmes se esforçasse, ele não conseguia voltar sua mente para o que precisava fazer. Estava ciente de sua presença, e ela o deixava muito desconfortável.

Há tempos que ele desconfiava que esse assassino era uma coisa muito pior do Jack jamais fora, e se as suas dúvidas se mostrassem reais... Todo o país estava em grande perigo.

Suspirou sentindo-se cansado, precisava dormir um pouco, mas já se aproximara do chá das cinco. Ele se asseou rapidamente e desceu encontrando Moriarty com uma xícara de chá fumegante a frente dele. Alguns bolinhos e pequenas tortinhas enfeitavam as mesas. Ao que parecia os empregados da casa eram muito atenciosos. Naquele momento Mycroft temeu por eles.

O Desejo dos ImortaisOnde histórias criam vida. Descubra agora