Medo

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"Se o mundo inteiro acabasse, mas ele permanecesse vivo, eu continuaria a existir; porém, sem ele, o mundo seria um lugar inóspito para mim, um lugar onde jamais conseguiria me encaixar."

-Catherine Earnshaw, O Morro dos Ventos Uivantes

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Marcus permaneceu parado observando a figura de seu amigo mais próximo.

-Você está adorável, Marcus. - Acrescentou fitando-o insistentemente.

-Ele acabou de perder um de seus filhos. - Holmes acrescentou.

-Sinto muito, você perdeu muito. Mais do que qualquer um de nós. -Sua voz se tornou suave.

-O que está fazendo aqui? - Marcus perguntou confuso.

-Eu vim te ver. - Acrescentou como se fosse o óbvio.

O outro observou com mágoa e depois foi em direção a Albert. Não sabia bem como reagir.

Todas as máscaras que criara para si foram arrancadas uma a uma. Então apenas perguntou.
- Ele está bem? - Holmes estava deitado, a cabeça repousada sobre o colo de Moriarty.

-Acho que ele vai morrer. -Klaus acrescentou.

-Eu não perguntei a você. - Marcus respondeu claramente irritado. Klaus não esperava aquela resposta, então mergulhou numa reflexão profunda.

-Ele... perdeu muito sangue. Eu não sei o que devo fazer. - Albert estava Perdido.

-Você sabe... Holmes. - Marcus chamou baixinho. - Você perdeu muito sangue, não acho que conseguiremos salvar a sua vida. Mas Albert pode transformá-lo em vampiro. Todavia, ele não o fará sem o seu consentimento.

-Apenas faça, não consigo imaginar qualquer mundo sem você, mesmo na vida após morte. - Holmes esforçou - se para sorrir, mas estava cansado demais.

Albert afastou as lágrimas que ameaçavam surgir, então apenas assentiu.

Marcus se afastou silenciosamente para que o filho tivesse privavidade. Quando a voz de Klaus chamou sua atenção.

-Marcus, me perdoe. - Ele se aproximou, usava um terno escuro de corte simples, mas seus modos eram impecáveis como sempre. Seus olhos azuis expressavam confusão e um sentimento que o outro não de lembrava de já ter visto nos olhos do vampiro.

Medo.

-O que o assusta? - Perguntou tentando soar indiferente. O outro demorou para responder.

-Você. Se eu tivesse me demorado apenas mais um segundo, eu o teria perdido. Eu... - Marcus tomou seus lábios no dele, um beijo intenso e profundo carregado de todo o desejo que guardara por aqueles anos e não entregara a mais ninguém.

Ele se afastou como se nada tivesse acontecido e foi ver Mycroft e Albert.
-Vamos levá-lo para um dos quartos. Previsamos organizar algumas coisas para quando ele acordar.

Albert o acompanhou em silêncio.

-Por que decidiu fazer o papel do vilão indiferente e frio? -Perguntou

-Eu não sei. -Ele hesitou. - A última pessoa a quem mostrei meu eu verdadeiro, partiu sem razão. Tentei mantê-los seguros, longe do meu passado. Sempre soube que Millarca me odiava. Acho que o poder a cegou. -Ele suspirou, como se ainda pudesse respirar.- No fim, acabei perdendo Nikolai e Vladimir.

- Ainda não sei dizer quem era a pessoa que me visitou fingindo ser Vladimir. - Albert acrescentou.

-A própria Millarca. - Klaus acrescentou. -Só os vampiros mais poderosos e mais velhos, conseguem usar a metamorfose. Requer séculos de prática.

O Desejo dos ImortaisOnde histórias criam vida. Descubra agora