𝑑𝑎𝑡𝑒

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《Narrative; Author》

— Como foi o seu assunto pessoal? — Foi a primeira coisa que Denki perguntou quando o meio a meio entrou pela porta do apartamento, o tom irônico estando claro na sua voz.

— Esquisito. Mas marquei um encontro. — Respondeu, sem se dar o trabalho de ficar irritado com a implicância do amigo.

— Com quem? — Shouto direcionou o olhar pro loiro na cozinha, e notou que ele estava batendo uma massa de bolo - a qual ele rapidamente largou pra sentar ao lado do meio a meio no sofá, pronto pra fazer um milhão de perguntas sobre o tal encontro.

— Shinsou Hitoshi. O cara que me passou o número aquela vez. Não coloca muita expectativa nisso, tá? Eu tô me esforçando pra sair da onda Katsuki e Izuku, mas mesmo assim, é difícil..

— Eles te incomodaram hoje?

— Não muito. O Katsuki teve um momento meio dramático comigo e o Izuku ficava me olhando, mas no geral.. — Ele parou de falar repentinamente. Piscou várias vezes e encarou Denki, que mantinha uma expressão neutra. — Como você sabe que eu vi eles?

— Hm? — Ele pareceu pego de surpreso pela pergunta.

— Eu não te falei onde ia. Assuntos pessoais.

— Ah.. eu deduzi.. sabe, que fosse sobre eles. — Deu de ombros, mas isso não diminuiu a confusão de Todoroki. — Seus assuntos pessoais obviamente envolviam eles, Shou. Eu só não sei o que vocês fizeram, e não sei por que você não me conta.

— Não posso.

— Tudo bem. Eu respeito isso. — Ele suspirou, e se preparou pra dizer mais alguma coisa, mas foi interrompido pelo som da campainha.

Shouto levantou e foi abir a porta, dando de cara com o arroxeado. Ficou sem entender nada; eram a recém três da tarde. Ele tinha marcado as cinco.

— Você tá meio adiantado, não? Saímos da reunião a pouco. — Ele se escorou no batente da porta, sorrindo de uma forma que fazia o rosto do bicolor ficar vermelho.

— Eu sei, eu sei. Mas o chefe ficou me olhando muito esquisito, e eu pensei que talvez eles viessem atrás de você, então eu deveria vir antes. Podemos sair agora.. se quiser.

— Com certeza quero. E eles não viriam atrás de mim. — Ele parecia convencido do que dizia, mas Hitoshi tinha certeza que eles viriam. Mesmo assim, não quis comentar. Seguiram juntos pra fora do apartamento.

— Se eles viessem, você os escolheria? — Shouto achou aquela uma péssima pergunta pra um começo de encontro. Eles estavam no elevador do prédio, esperando que chegasse ao térreo.

— Não sei. Quer dizer, eu que dei o fora, mas tecnicamente eles que não me quiseram. É complicado.

— Bom, na minha humilde opinião, vale mais arriscar no cara novo que você mal conhece do que nos dois que já partiram seu coração e que você sabe que podem fazer isso de novo.

— Você provavelmente tá certo. — Concordou, vendo ele soltar um riso baixinho.

O clima entre eles era confortável, mesmo que em silêncio por um tempo. Saíram do prédio e Shouto procurou por um carro, o qual não localizou; então viu o arroxeado se aproximar de uma moto.

Não que sua experiência com motos fosse ruim - apenas o lembrava de Bakugou, e definitivamente não queria lembrar dele agora. Só conseguia pensar que ficaria agarrado a Shinsou da mesma forma que ficou com o loiro; e não achava esse pensamento justo.

— Que cara é essa?

— Desculpa. É só.. moto. — Fez uma careta. — Esquece. É bobagem. Aonde vamos?

— Eu gosto de cozinhar. Eu tinha pensado de te levar na minha casa e fazer tortelete pra você. Mas não sei se não é demais pra um primeiro encontro, ou se você acha que eu tenho segundas intenções te levando pra minha casa.

— Ah meu Deus. Não.. quer dizer.. tudo bem. Tipo, tudo bem ir pra sua casa. E você cozinhar pra mim. — Sentiu seu rosto esquentar, e Hitoshi riu da vergonha do outro. Era fofo.

— Ótimo, então. Sobe ai.

E ele dirigiu calmamente até sua casa. Não era muito longe dali, mas ele era muito calmo na estrada - completamente diferente de Bakugou, que quase voava pelas ruas.

Deixou as mãos pousadas na cintura do arroxeado, mas não apertou muito, já que ele mal acelerava. Era confortável. Completamente diferente de Katsuki.

O dia no apartamento dele foi bem casual. Comeram, assistiram televisão juntos, conversaram, deram risada. Um encontro fofo e tranquilo. Sem complicações, sem problemas com era com Midoriya e Katsuki.

E Shouto só conseguiu achar aquilo entediante.

— Olha Shin, eu me diverti muito hoje, sério. Mas já tá tarde, acho que você deveria me levar em casa. — Comentou, confortávelmente deitado no colo do arroxeado. Tinha sido bom de certa forma, mas estranhamente comum de mais. Não conseguia gostar daquilo - e muito menos de Hitoshi, apesar de ele ser gostoso pra caralho.

— Você pode dormir aqui, se quiser. — Ele sugeriu, e Todoroki não sabia como negar. Sentou no sofá, e ficou constrangido só de se imaginar dizendo não, mas então lembrou:

— Não posso. Trabalho amanhã. — Shinsou o olhou e deu um suspiro, aproximando seu rosto do do meio a meio pela primeira vez no dia todo. Shouto fechou os olhos e aceitou o inevitável.

Não que fosse ruim; era um beijo normal. Foi de um selinho pra uma pegação gostosa, e acabou sentando no colo dele com as mãos no seu rosto, enquanto ele passeava as mãos no seu corpo. Era bom. Mas não era o que queria.

— Você não quer, né?

— Oi? — Todoroki arqueou as sobrancelhas, completamente confuso. Era impossível que fosse óbvio assim. Estava curtindo os beijos. Como ele tinha notado?

— Não me leva a mal, mas você não parece querer ficar comigo. A gente teve um encontro legal, mas sua cabeça parecia em outro lugar. E agora você tá me beijando, mas sinto que você tá pensando neles.

— Me desculpa. — Sentou novamente no sofá. Estava envergonhado, mas não podia mais evitar seus próprios sentimentos. — Eu ainda quero eles. Eu tentei com você, mas não da. Por enquanto não consigo querer mais ninguém. Só aqueles dois estúpidos. Sério, me perdoa mesmo.

— Tudo bem, Shouto. Acho que vale a tentativa. — Ele riu fraco, mas dava pra ver que tinha ficado magoado. — Posso te levar pra casa agora.

— Eu chamo um uber. Não quero te incomodar mais. — Não deu nem tempo pro outro negar, apenas deu um beijo na sua bochecha e pegou suas coisas rapidamente, abanando pra ele enquanto saia pela porta. — Tchau, e desculpa de novo!

O uber veio rápido. Chegou em casa em dez minutos. Andou o mais rápido que pode até o elevador, e entrou no seu apartamento pisando fundo, ansioso para dormir e aquele pesadelo acordado acabar logo.

Mas não era isso que o esperava.

ギャング || 𝐓𝐨𝐝𝐨𝐛𝐚𝐤𝐮𝐝𝐞𝐤𝐮 Onde histórias criam vida. Descubra agora