𝑚𝑦 𝑙𝑜𝑣𝑒

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《Narrative; Author》

Katsuki já estava começando a ficar puto.

Definitivamente não queria se estressar, até porque simplesmente a preocupação com o seu namorado já era suficiente. Eram quatro e meia da manhã. Tinham chegado a pouco do resgate de Izuku.

E o esverdeado estava acabado. Tinha hematomas por todo o corpo - os quais bakugou tinha certeza que Shigaraki fizera por puro prazer. Não podia simplesmente sequestrá-lo e pedir o que queria em troca para devolvê-lo; precisava machucá-lo, talvez tentando deixar um recado.

Um recado que tinha falhado miseravelmente, considerando que só tinha deixado Bakugou furioso. Tomura queria assustá-los, mas só conseguiu deixar o loiro com muita raiva.

— Amor, é sério, eu to bem. — Midoriya murmurou pela milésima vez, e Katsuki bufou alto. Nem disfarçou.

— Me deixa te levar pro hospital. — Insistiu, recebendo um olhar fulminante do esverdeado. — Eles te bateram pra caralho, porra, você tá destruído. E se tiver machucado por dentro? Uma hemorragia ou sei lá?

— Bom, vai ter que parar sozinha. — Revirou os olhos, a dor quase o fazendo desmaiar mais uma vez. — Só me ajuda a tomar um banho, depois fazemos uns curativos.

— Se você morrer porque não quis ir pro hospital, eu juro por tudo que te ressucito só pra te matar de novo. — Suspirou, se dando por derrotado. Ajudou o namorado a ir até o chuveiro.

O deu um banho rápido, limpando com cuidado as partes machucadas. Seu coração doía ao ver a quantidade de roxos na barriga, costas, pernas e braços de Izuku.

Além dos cortes no rosto, o machucado na cabeça, e talvez algum osso quebrado. Katsuki estava tão furioso com Shigaraki. Mas controlando sua raiva, já que não queria despejar aquilo nele agora. Queria só cuidar do menor.

Agora ele já estava vestindo seu pijama (que fora uma tortura de colocar - todas as partes do seu corpo doíam), enquanto Katsuki passava pomada e fazia um curativo nos machucados abertos.

— O hospital não fica muito longe..

— Katsuki. — Ele ergueu o queixo do namorado com o dedo indicador, o fazendo olhar pra si. — Não. Não insiste.

— Tudo bem. — Terminou os curativos, se segurando pra não surtar. Não podia brigar com ele. Sabia que estava fragilizado, mesmo que tentasse esconder, e brigar com ele só tornaria tudo pior. — Vou pra sala.

— Ai meu Deus, não. — Izuku riu, se arrependendo logo em seguida, porque doeu. — Tá tudo bem. Depois que eu voltasse do Shouto, pretendia vir pra casa me acertar com você. Se não tivesse sido sequestrado, claro.

— Sério?

— Sim, meu amor. — Acariciou o rosto do loiro com a mão, sorrindo. — Eu te perdoei, tipo, na primeira semana. Tava só torturando vocês dois um pouquinho.

— Me desculpa. — Disse, e o esverdeado arqueou as sobrancelhas.

— Não precisa mais pedir desculpas.

— Eu sei. Foi a última vez.

— Ótimo. — Respirou fundo, sentindo-se finalmente bem depois de tudo aquilo. Ainda estava dolorido demais, mas aquilo passaria. Iria ficar bem. — Então, como vai ser com o Shouto?

Katsuki sabia que ele só estava puxando papo porque não queria falar do sequestro. E sabia que o loiro queria saber como tinha acontecido. Ele resolveu não puxar o assunto por enquanto e só continuar a conversa normalmente.

— Ele claramente trabalha pra gente infiltrado na polícia, só não se tocou ainda. E sobre nós em si.. só sexo, né? — Disse, completamente incerto.

Izuku odiava ter que ser a mão firme. Ter que ser quem segura as pontas, quem tem certeza. Porque não era assim. Mas se os dois ficassem confusos, aquilo viraria uma bola de neve. E não podia deixar acontecer.

— Obviamente. — Usou toda a confiança que tinha pra falar, vendo os ombros de Bakugou relaxarem. — Amanhã ele vem aqui e falamos com ele direitinho.

— Certo. — Olhou o namorado de cima abaixo, ele estava sentado na cama com as pernas esticadas, e Katsuki sentado ao seu lado. Criou coragem pra perguntar: — Como foi que pegaram você?

— Não. — Sacudiu a cabeça rapidamente. — Não quero falar disso. Por favor.

— Izuku..

— Posso só.. resumir?

— Claro. Não quero te forçar a falar disso. — Falou, mas sabia que não conseguiria nem sequer dormir se não soubesse.

— Eu tava vindo pra casa e no caminho me empurraram num beco, eu só tinha um canivete e não foi muito útil contra os cinco caras. Colocaram um saco na minha cabeça, me enfiaram numa van e me apagaram com socos. Acordei jogado no chão de uma sala vazia, com uns caras me chutando. Eu não sei dizer por quanto tempo me bateram, nem quantas vezes bati a cabeça na parede ou quantas vezes me cortaram superficialmente com facas, só pra me ver chorar. Não sei quando tempo se passou quando eu desmaiei de novo enquanto me batiam até acordar amarrado na cadeira e vendado. — Ele passou as mãos pelas marcas das amarras nos seus pulsos. — Tá satisfeito?

— Meu amor.. — Katsuki engoliu em seco, os olhos cheios de lágrimas. — Nunca mais vou deixar encostarem um dedo em você. Eu prometo. Vou matar todos eles. Todos.

— Nós vamos. — Concordou, agora deitando na cama com certa dificuldade. — Podemos dormir agora? Eu to bem cansado.

— Claro. — Deitou, apagando a luz com o interruptor do lado da cama. Midoriya rapidamente se aproximou dele, deitando no seu braço e enfiando o rosto no seu pescoço, abraçando seu tronco.

— Senti saudades. De sentir seu cheiro. De sentir.. você. — Apertou o corpo do loiro de leve, e ele fez carinho nas suas costas.

— Eu também senti, Izu. Muito. — Tinha se desacostumado com o carinho, e aceitado o sofá. Era estranho finalmente estar com ele de novo.

Katsuki custou pra dormir. Não conseguia nem fechar os olhos. Seu cérebro o fazia imaginar o amor da sua vida sendo espancado, e não conseguia parar de chorar. Izuku dormia nos seus braços, e suas lágrimas escorriam pelo rosto, molhando o travesseiro.

Não fazia nenhum barulho, nenguma expressão. Mas continuou chorando. Chorou até finalmente conseguir dormir.

Izuku não resumiu. Ele contou tudo que aconteceu, e Bakugou sabia que ele faria aquilo; ele não sabia contar nada pela metade.

E aquela merda doeu pra caralho.

ギャング || 𝐓𝐨𝐝𝐨𝐛𝐚𝐤𝐮𝐝𝐞𝐤𝐮 Onde histórias criam vida. Descubra agora