Guerreira de sangue

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Aretha narrando...

Algumas semanas se passaram desde a entrada de Ethan em minha vida, e confesso que ele tem feito a diferença nela.
Andamos quase sempre juntos, e com ele eu me sinto confiante, uma sensação de liberdade e potência cresce em mim quando estou com ele.

Meus amigos e os amigos dos meus pais ja o conhecem, e claro, o tratam como um gato normal,as vezes é até mais amado que eu. Ele me ajuda com quase tudo, e todo fim de tarde quando estamos sozinhos no bosque, ele assume sua forma humana para que eu me sinta mais a vontade, é um jeito de eu não me sentir desconfortável conversando com um gato o tempo todo.

As vezes até lutamos juntos, o que tem favorecido bastante minhas habilidades. Ethan tem uma personalidade calma, as vezes um tanto preguiçoso, mas é muito atencioso e se preucupa muito com todos... Faz mais do que pode as vezes só pra ver o outro bem e seu coração é tão puro quanto suas ações.

Hoje viemos ao bosque novamente, colhemos algumas flores,enquanto conversávamos sobre o dia. Aproveitei para tocar em um assunto que não falávamos há um tempo pois ele sempre foge.

— Ethan... - o chamo.

— Sim?! - reponde sem olhar.

— Posso te perguntar algo? - atraio seus olhos para mim.

— É sobre mim, não é? - pergunta arqueando as sobrancelhas.

— Como sabe? - questiono com espanto.

— Você quase nunca pede permissão para me perguntar algo, porque sabe que pode me perguntar qualquer coisa - gesticulou - o que quer saber? - sorriu.

— Eu sei muito pouco sobre você, sei que seus pais tem um cargo importante na hierarquia dos deuses e tal, mas - ele arqueou a sobrancelha pedindo que eu continuasse - não sei onde você vivia, nem como vivia e...- abaixei a cabeça.

— Isso é importante para você, não é? - me olhou carinhosamente, assenti com a cabeça - eu não te conto muito sobre isso porque não quero assustar você - manti meu foco em seus olhos, para ter certeza que ele está sendo sincero.

— Ja me assustou uma vez, e olha onde eu estou, bem aqui - arranquei um riso seu.

— Eu venho de um lugar...que fica muito distante, em outra dimensão - balancei a cabeça pedindo que continuasse - meus pais são pessoas boas, me criaram da melhor forma possível e me educaram para não ser uma pessoa ruim, e principalmente , nunca machucar uma mulher - dou um sorriso de canto.

O que ele diz é verdade, está pra nascer alguém mais educado e gentil que ele.

— Eu tenho dois irmãos, um pouco diferentes de mim, mas criados da mesma forma - suspirou abaixando o olhar - eu gostaria muito de te contar mais, mas não é permitido.

— Por que? Por que não posso saber tudo sobre você? - franzi o cenho.

— Agora você sabe o básico do básico, que eu venho de um lugar inexistente para muitos, um lugar harmônico e pacífico - gesticulou - e que tenho uma família,uma família boa - segurou minha mão.

Viro o rosto para não encara-lo, eu queria saber mais, muito mais que isso, mas se ele não pode me contar, também não terá minha confiança por completo. Um amigo, mas um amigo estranho.

— Por favor, me perdoe - beijou minha mão - o que eu mais quero nessa vida é te contar tudo, te apresentar minha família e os meus amigos...

— Então por que não conta? - o olho.

— Ainda é muito cedo, na hora certa você saberá - suspirou - entende?

— Não, mas eu vou tentar entender porque tenho um certo afeto por você - sorrio minimamente - é melhor esperar para um dia saber,do que nunca saber.