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É o que me faz sentir vivo. É o que me faz ser quem sou.

O calor estava evidente naquela manhã de quinta. As distintas árvores que nos rodeavam eram altas e glamourosas, e, com o brilho do sol, elas deixavam destacar o verde das suas folhas enquanto concebiam a tão gentil sombra que sacrificava-se pelas nossas cabeças. O pouco chão descoberto aos nossos pés estava rachado de tão seco, ele estava coberto por uma tímida e seca grama amarela e verde. Algumas pedras marrons também apareciam de vez ou outra no chão, acompanhando de perto a nossa trilha. As raízes pertencentes às árvores imploraram pela água que não existia, enquanto ficaram cada vez mais visíveis pela terra. Era verão, e o céu se recusava a deixar a chuva vir.

Nós dois estávamos desviando das folhas baixas e caminhando no meio da mata quando Sofia, de repente, parou no meio do caminho e cruzou os braços, "A culpa é sua", disse ela.

Chutei uma pedra enquanto revirava os olhos pela sua atitude infantil, "Sim, até porque sou eu que tenho 'pernas frágeis'."

"Ei, as minhas pernas não tem nada a ver com isso.", respondeu ela, "O meu pai sempre fala: 'Quando se perder de mim, permaneça no mesmo lugar até eu te achar' e isso sempre funcionou. O que estamos fazendo? Procurando uma turma cheia de adolescentes correndo no meio da mata e nos perdendo mais do que já estávamos? Magnus, isso não vai dar certo."

"Xii", falei, "Você tá atrapalhando a minha concentração."

Olhei em volta, depois apontei para o lado direito. Ela ergueu a sobrancelha, "Tem certeza?"

"Não", respondi.

Ela suspirou e deixou a cabeça cair para trás. Eu reparei, com o tempo, que a garota costumava fazer isso quando ficava frustrada. Dois segundos depois ela rapidamente olhou para mim, como se tivesse tido uma ideia. Sofia tirou o seu celular do bolso. 

"Gênio", disse ela, "Eu não acredito que demoramos 5 minutos pra lembrar disso."

Ergui a sobrancelha, "Eu lembrei, mas não é como se eu tivesse o número do professor ou de algum dos alunos de lá."

Ela colocou o instrumento na orelha e, enquanto olhava para mim, esperou a pessoa atender. Porém, alguns segundos depois, suspirou derrotada quando o colocou novamente no bolso.

"Desligado."

"Ótimo", a frustração estava evidente na minha voz.

"Meu Deus, esse parque é um perigo.", reclamou Sofia, "Eles não deviam deixar essas ruas tão estreitas e fechadas assim, é óbvio que íamos nos perder, somos apenas adolescentes e isso é uma baita falta de respons...", ela continuou divagando, mas eu não estava mais prestando atenção.

Olhei para o chão, pensando. Havia algo brilhante lá.

"Sofia", a cortei e apontei para o tal objeto, "O que é aquilo?"

Ela virou os olhos para lá e andou até ele. O mesmo estava até então escondido embaixo das folhas.

"Parece... Uma flecha."

Ela o retirou de lá e confirmou as nossas suspeitas: aquilo era uma flecha. Um delicado material feito de madeira escura, com metal prateado brilhando ao sol. Na outra ponta, era visível uma grande pena vermelha com detalhes azuis, amarrada e gentilmente se segurando ao graveto.

Sofia olhou confusa para mim, "O que isso faz aqui?", perguntou ela.

Eu andei até onde ela estava localizada e o retirei de suas mãos para ver mais de perto. Enquanto eu o analisava, a garota chamou por mim.

Se Histórias Fossem Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora