Capítulo IV

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Ele estava sozinho.

Não sabia para onde ir, com quem contar, apenas esperando que o caminho na qual seguia agora o ajudasse.

Ao pegar sua mala e passar por aquela porta, se deu a liberdade de desabar.

Não sabia se ria, chorava, ficava com raiva ou simplesmente aceitava. Uma combustão de sentimentos o tomava ao mesmo tempo como se ele finalmente houvesse sentido todas aquelas facadas na qual recebeu, facadas espirituais que cortavam e deixava sua alma em um banho de dor e sofrimento.

Fazia um bom tempo que não se sentia assim, sem ninguém que o socorra. Será que Katsuki também estava assim?

Não. Não poderia pensar nele agora. Ele havia quebrado o seu coração ao não alimentá-lo mais com amor.

Mas, Katsuki não tem culpa, ele não pode mandar no coração.

Destruir o coração dos outros alimentando a mentira, não contando e prolongando o sofrimento, não ajuda. Ele...

Ele...

—Por quantas noites, Senhor?

Eijiro retornou a realidade por um instante. Fazia mais de uma hora desde aquilo aconteceu. Ele pegou seu carro e saiu dirigindo sem rumo pela noite, ouvindo a música que passava na rádio noturna enquanto lutava em seu conflito interno. Acabou parando em um pequeno hotel do outro lado da cidade, meio simples, mas aconchegante. Mal sabia como chegou até lá sem causar um acidente na estrada de tão distraído.

—Senhor, quantas noites pretende ficar?— Insistiu a recepcionista.

—Não sei ao certo ainda.

[...]

Segunda-feira de manhã. Um dia na qual ninguém está de bom humor, principalmente quando se está de ressaca e é considerado explosivo por seus colegas.

Katsuki Bakugo estava insuportável naquela manhã, resmungando de tudo, trancado em sua sala e ignorando qualquer um que entrasse.

A acastanhada olhava a sala do loiro com receio, tendo medo que acabasse sendo arremessada do quinto andar caso entrasse por aquela porta. Talvez devesse importuná-lo um outro momento.

Seu dia no trabalho estava corrido. Era sua primeira coleção solo, onde apresentaria suas maiores criações, não tendo o maior prazo do mundo para finalizar tudo.

Desenho pra lá, tecido pra cá, costura ecolá... Era tanta coisa para se organizar que só colocando seus fones e desenhando um novo modelo a relachava. Mas, para sua sorte, havia esquecido os fones em casa.

Tudo que restava agora era ouvir o choramingar dos funcionários do setor que tentavam conversar com o loiro rabugento e falhavam miseravelmente.

Se levantando de sua mesa, foi em direção a sala de descanso em busca de uma boa e quente xícara de capuccino da máquina. Precisava de adrenalina se quisesse ter coragem de enfrentar a besta loira.

Enquanto colocava a cápsula de capuccino na máquina e a ligava, ouviu um barulho ao longe.

—Bakugo está de mal humor— disse uma voz.

—E quando ele não está?— disse outra sarcasticamente.

—Hoje parece que está pior, nem o Eijiro parece conseguir falar com ele— continuou a primeira— e olha que ele é o único que doma o Bakugo.

Ochako se esgueirou para mais perto, notando quem eram os donos das vozes.

A primeira, com seu cabelo afro pintado de rosa, seu piercing no septo e sua pela negra reluzente, combinando com seus olhos dourados, era Mina Ashido, uma das modelos da empresa.

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