Capítulo III

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Eijiro estava com medo.

Já era o terceiro susto que havia tomado. As cenas silenciosas seguidas de um barulho ensurdecedor junto a uma criatura horrenda aparecendo na tela sempre o assustava. Odiava filmes de terror.

Era sábado a noite. Bakugo e Kirishima estavam sentados no sofá da sala de casa assistindo um filme, como fazem frequentemente.

O filme havia começado fazia cerca de trinta minutos e Eijiro achava muito estranho ainda estarem assistindo aquilo. Katsuki sabia que o ruivo não gostava desse tipo de filme, mesmo assim foi o que colocou para assistirem naquela noite. Kirishima não protestou contra a escolha enquanto colocava a coberta em cima de ambos e se acomodava no sofá aconchegante.

O que ele achava estranho não era o filme escolhido, a luz apagada ou o cobertor quentinho de veludo. O que mais achava estranho era o loiro estar prestando atenção na história que se passava na televisão.

Desde que se conheceram, só prestavam atenção em um filme quando realmente estavam ansiosos para assistir. Na maioria das vezes colocavam o filme e só percebiam que o mesmo havia acabado quando a televisão não iluminava mais seus rostos corados e seus corpos nus em cima do tapete.

Nem sequer uma investida, um beijo, nada. A tesão que Eijirou estava esperando com certeza desapareceu junto com a vida do personagem do filme, que acabava de ser morto pelo assassino.

O ruivo pegou a mão de seu amado e entrelaçou seus dedos, apertando forte e carinhosamente. Precisava de mais contato.

O loiro apertou a mão dele de volta e olhou nos olhos de Kirishima. Ele deu um sorriso tímido de lado. Seus olhos brilhavam lindamente com o brilho da televisão, tentando reconfortar o seu namorado assustado.

Uma pontada atingiu o coração de Eijirou. Em vez de reconfortar, aquele sorriso lhe trouxe apenas lembranças que o deixava desconfortável.

—Está tudo bem, Eiji?— O loiro olhou preocupado no rosto assustado do namorado. Algo estava errado.

—Claro. Só estou assustado com o filme—deu um sorriso falso—Você sabe que sempre fico assustado com esse tipo de filme.

—Eu havia esquecido— Quem esquece esse tipo de coisa? Eijiro sentiu outra pontada— Estava pensando no trabalho e nem notei que o filme era de terror.

O trabalho. Lógico, essa semana Uraraka havia comentado de um filme de suspense com terror que havia lançado no cinema e que estava pensando em assistir. Katsuki deve ter ouvido.

Uraraka. 

—Tem certeza que está tudo bem?— Bakugo pegou o rosto do amado com uma das mãos e olhou em seus olhos. Ele não parecia bem.— Que tal assistirmos outra coisa?

O ruivo esperou uns segundos em silêncio, achando que o loiro soltaria alguma frase sugestiva ou pervertida que quebrasse inteiramente o clima, como costuma fazer.

Ele não disse.

—Estou bem, Katsu—ele colocou a mão no rosto do loiro e acariciou sua bochecha— Eu que deveria estar perguntando isso para você.

—E por que não estaria? Estou com você afinal de contas— deu um beijo no seu amado. Quente, mas não tão desejoso.

—Você parece distante— o olhar do loiro parecia tão perto, mas tão longe.

—Ando meio cansado, só isso— Mentira. O ruivo sabia que era.

—Tem algo que está te incomodando.

—Deve ser o trabalho e...

—Não é o trabalho, Katsu.— Eijirou colocou a mão no peito do namorado— Eu posso sentir.

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