3. PETÚNIAS

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Petúnias significam esclarecimento.

Sim, eu devo uma explicação à ele, afinal, magia exige uma explicação plausível até no meu tempo, quem dirá aqui.

— Tudo bem, você quer saber como eu fiz aquilo com a água, mas antes preciso te explicar algo um pouco mais complexo.

— Quero saber tudo. — Ele repousou o queixo sobre o punho parecendo interessado no que eu tinha a dizer.

Agora ou nunca.

— Eu não sou daqui. Na verdade, sou de muito longe, muito longe mesmo...

— De outro tempo, né?

— Isso, e eu... — Parei por um segundo, quando me toquei que ele tinha completado meu pensamento por mim. — Como você sabe?

— Posso tentar adivinhar? — Ele perguntou e eu assenti com a cabeça.

— Bom, eu acho, que você veio de um tempo muito diferente, porque absolutamente tudo, você olha como se fosse a primeira vez. E deve ser feiticeiro, com certeza é um feiticeiro, só existe esse motivo para o que você fez com a água. Além disso, nada justifica essa sua roupa, ou você é algum tipo de cosplay ou é um viajante do tempo. — Ele parou de falar e eu estava absurdamente surpreso. — Acertei?

— Sim, acertou.

Ele abriu um sorriso de orelha a orelha.

— Legal! Eu quero saber tudo sobre o seu tempo e sobre você, e não se preocupe, depois podemos ir até em casa te arranjar umas roupas mais modernas. Meu Deus, Taehyung vai amar saber que você é de outro tempo.

— Não! — O interrompi. — Ninguém pode saber. Se por acaso algo que eu faça aqui reflita em algo no lugar onde eu moro, não irá sobrar nem o meu pó.

— Tá legal, não vou contar nada. — Quem diria que ele levaria isso com tanta empolgação.

— Você precisa de um lugar pra dormir. — Ele disse. — Não pode ficar na rua, é inverno e você pode morrer de frio. Você vai ficar na minha casa, eu moro sozinho e eu posso te esconder lá.

— Você tem certeza? — Perguntei.

— É claro que tenho! Vai dar certo. — Ele disse e segurou minha mão, tentando me confortar.

A sensação de ter suas mãos tocando as minhas era inédita pra mim. Um sentimento me tocou tão intensamente que até tomei um leve susto e puxei minhas mãos de volta para mim, assustado com aquilo que estava sentindo.

Ele percebeu e sorriu sutilmente, mostrando compreender.

Depois de alguns minutos de silêncio, Taehyung se aproximou à nossa mesa com os pratos.

— Aqui está, Ji. — Ele disse colocando a comida de frente com Jimin.

Olhei aquele alimento com estranheza, era um conjunto de coisas uma em cima da outra, nunca tinha visto nada parecido.

— Garoto, até parece que nunca viu um hambúrguer na vida. — Taehyung estava me observando de cima a baixo com a sobrancelha arqueada. — Quer comer o que?

Estava na cara e no jeito de falar, que ele não tinha se identificado muito comigo.

— Não precisa, ele vai comer comigo. — Jimin respondeu olhando para mim, pedindo para que eu concordasse e foi o que fiz.

— Ta. — Taehyung respondeu com desprezo. — Abriu um pub novo hoje na rua de casa, quer ir? Pode levar seu novo amigo, vou tentar carregar o Hoseok.

— Sério? Nós vamos! — Jimin respondeu.

E eu só concordei. Afinal, eu não sabia nem o que era "Pub".

Taehyung sorriu e voltou para o balcão.

— Não liga pro jeito que ele fala com você. Na verdade ele tem um pouco de ciúmes de mim, foi assim com o Hoseok e Yoongi também, mas vocês vão se dar bem. Tenho certeza. — Ele sorriu novamente. Como podia um simples sorriso resolver um problema na hora.

Ele começou a comer e eu não podia deixar de olhar, porque eu não sabia o que era e eu queria muito experimentar.

— Você quer? — Ele disse, oferecendo o que quer que fosse aquilo.

— Quero.

Imediatamente ele se sentou ao meu lado e fez gesto para eu abrir a boca. Eu estava nervoso a ponto de ter um colapso por estar tão próximo do rosto dele, mas a reação imediata que tive, foi abrir a boca e morder o que ele estava me oferecendo.

O que era aquilo?

Era um sabor maravilhoso, diferente de tudo que eu já tinha provado na vida.

Tombei a cabeça pra trás e exclamei um "hm!", porque aquilo era muito bom.

— Isso é muito bom! Como é mesmo o nome? — Perguntei.

— Hambúrguer. — Ele respondeu rindo da minha reação.

Enquanto estávamos na lanchonete, não conversamos muito.

Depois que terminamos de comer o tal hambúrguer, pegamos a estrada novamente.

Caminhamos poucos quilômetros até chegarmos a um pequeno prédio. Tinha um jardim bem cuidado com violetas e arbustos, eu amava flores e seus significados, Namjoon custou a me ensinar, mas eu me dediquei tanto que decorei todos.

— Essas flores combinam muito bem com esse lugar e com você. — Chamei a atenção de Jimin.

— Por que? — Ele disse sem olhar pra mim, pois estava disposto a achar as chaves de casa apenas balançando o molho.

— Violetas significam modéstia e simplicidade.

Ele sorriu.

— Você é muito inteligente. — Ele disse logo em seguida, finalmente pegando a chave certa e abrindo a porta. — Vem, vamos entrar.

Ele me chamou e nós entramos.

Era um corredor, com talvez 4 portas nas paredes e nós entramos na última do lado esquerdo. Ele voltou a balançar o chaveiro. Logo depois do som das chaves, pude ouvir um uivo longo e triste de um cachorro atrás da porta.

— Estou chegando, Lua!

Jimin exclamou, como se pedisse para a cachorra fazer silêncio.

— Lua? — Perguntei.

— Sim, eu gosto muito do céu a noite.

Ele encontrou a chave e nós entramos.

A casa dele era pequena, mas acolhedora. No momento em que entrei tive vontade de ficar ali para sempre. Haviam móveis que eu julgava serem muito mais confortáveis dos que eu tinha.

Fomos recepcionados pela Lua e eu não esperava que no momento em que eu colocasse o pé para dentro, ela pularia diretamente contra o meu corpo. Ela chegava até minha cintura, era branca feito neve e tinha um pêlo muito macio.

— Ela não vai te deixar entrar nunca, se não parar de dar atenção pra ela. — Jimin disse rindo, enquanto estava escondido em um dos cômodos da casa.

Quando entrei, fui até Jimin. O lugar da casa onde ele estava parecia ser a cozinha.

— Bem vindo à minha casa! Vou te apresentar tudo.

Infusão PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora