7. FRÉSIAS

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Frésias significam proteção.


Passamos o resto da manhã conversando com a Dona Lúcia (que ainda não consigo chamar de avó). Já estava no meio do dia quando voltamos para a casa de Jimin e ele sugeriu assistirmos a um filme depois de comer. O filme em questão, nas palavras dele, me faria lembrar do meu tempo. Não sei o quanto ele sabe, mas estava curioso para descobrir.

— Harry Potter! — Ele disse animado com as caixinhas na mão. — Agora só resta saber qual vai ativar suas memórias. Já sei, você vai escolher.

— Mas eu nunca vi nenhum. — Expliquei.

— Vai pela capa. Caso não entenda alguma coisa é só me perguntar.

Analisei atentamente as imagens e o que mais me chamou atenção foi a do primeiro em meu colo.

— Este. — Apontei.

— O primeiro da saga, perfeito, não vou precisar explicar nada. — Ele riu e correu para a TV.

Eu permanecia estático no sofá, enquanto ele colocava um pequeno disco brilhante em um aparelho.

— Quer que eu puxe? — Ele se voltou para mim.

— O que? Puxar? — Perguntei.

— O sofá, pra ficar mais confortável.

Concordei com a cabeça e me levantei para que ele o fizesse.

— Pode deitar. Vou ficar aqui. — Apontou para o outro lado do sofá.

Me deitei um pouco desajeitado pela timidez, mas como eu já disse, Jimin é muito observador, então se deitou ao meu lado e colocou a mão sobre a minha cabeça, dando algumas batidinhas no peito.

— Deita aqui. — Senti meu rosto avermelhar, mas não lutei contra a real vontade que havia em mim.

Me aconcheguei em seu colo.

...

O filme acabou e eu me perguntava como poderia dizer a ele que aquilo não tinha muita semelhança com o meu tempo e com os meus feitiços, mas não precisei me esforçar muito.

— O que achou? — Ele perguntou com os olhos brilhantes, enquanto guardava o que ele disse ser um DVD, de volta na caixinha.

— Eu gostei. Mas na verdade o meu tempo não é bem assim. — Vi seu olhar baixar.

— Ah, que pena. Sabe, sua avó disse que me contou tudo, mas isso não é verdade, ela omitiu muita coisa. — Ele se sentou novamente ao meu lado. — Você poderia me contar, né? — Chegou mais perto.

— Posso. — Com pulinhos sentado e palminhas ele se animou. — Na verdade tem uma coisa que me lembra Arcker. — Olhei em seus olhos e dava pra ver a alegria saltando dele. — Eu tenho aulas de magia também, mas diferente do filme, eu não estudo em um castelo. Nossa escola fica na cidade, um pouco afastada, é claro, mas ainda sim na cidade e eu ganhei algo parecido com a Pedra Filosofal, pra controlar a magia com mais facilidade.

— Posso ver? — Perguntou.

— Claro.

Tirei um anel de fibra do dedo anelar e quando fui colocar sobre sua mão, ele a esticou para mim, a peguei delicadamente vestido-a com o artefato. Que sensação maravilhosa, talvez um dia eu possa fazer isso para viver minha vida toda com ele.

— Vai me causar alguma coisa? — Questionou com a respiração pesada, assim como a minha, pela euforia do toque de nossas mãos.

— Não, só faz efeito em quem controla algum dos 4 elementos no corpo, um feiticeiro. — Respondi, com o olhar fixo. — Mas isso, pode ser que tenha alguma reação. — Toquei seu queixo e o puxei levemente para mim.

Nossas bocas estavam próximas novamente, prontas para se encontrar, desta vez com sobriedade e consenso. Mas fomos interrompidos por batidas na porta.

Jimin respirou fundo e pegou minha mão que estava em seu rosto.

— A gente continua depois. — Ele depositou um beijo em minha bochecha e foi em direção a porta, que quando se abriu revelou Taehyung, Yoongi e Hoseok.

Os três abraçaram Jimin, entraram e me cumprimentaram, menos Taehyung que se assustou com a minha presença.

— Você está mantendo ele em cárcere privado ou o que? — Ele disse.

— Taehyung, qual é? Seja legal. — Yoongi o repreendeu.

— Ele não tinha onde ficar, Tae. — Jimin argumentou.

— Vão ser poucos dias, eu prometo. — Tentei me livrar.

— A não ser que ele queira que você fique mais. — Hoseok direcionou a palavra a Jimin, rindo.

Ele também riu com as bochechas coradas.

— Mas o que vocês vieram fazer aqui? — Jimin mudou de assunto. — Podiam ter avisado.

— Estávamos passando. Desde quando temos que avisar pra vir aqui? — Taehyung respondeu. — Por acaso, atrapalhamos alguma coisa? — Olhou para mim.

— Não, nada, vocês nunca atrapalham, querem beber alguma coisa? — Jimin saiu até a cozinha.

— Eu te ajudo. — Yoongi se prontificou e Hoseok o seguiu.

Minhas pernas tremeram ao me ver sozinho com o melhor amigo de Jimin, que se pudesse me mataria em uma fração de segundo, por, de acordo com as paranoias dele, eu estar roubando o amigo.

Taehyung se aproximou com um copo de água que ele já havia pego.

— O que você pensa que está fazendo com ele? — Ele cochichou.

— Não estou fazendo nada, seu amigo só é muito gentil e está me ajudando. — Respondi.

— E é exatamente por isso, que quero saber tudo sobre você. Jimin já sofreu muito por ser gentil com as pessoas. Sofreu ainda mais por amor. — Explicou.

— Não estou aqui pra machucar ele.

— Não confio em você. Tem alguma coisa que me deixa muito desconfiado e acredite, garoto, você não tem noção do que eu sou capaz de fazer para protegê-lo. — Ameaçou, me deixando cada vez mais nervoso.

Acho que não disse à Jimin, mas o meu elemento era a água e sem o anel, eu poderia escorrer qualquer líquido ou aumentá-lo dependendo das minhas emoções, e agora eu estava irritado o suficiente para encher um lago.

— Por isso não se atreva a tocar nem um dedo nele ou eu mesmo vou cortá-los fora, como se fossem pedacinhos de pau. — Ameaçou outra vez.

Mantive a atenção no copo em sua mão.

— Caso ele me apareça chorando por qualquer que seja o motivo e o culpado for você, eu não vou te poupar. Estamos entendi... — Não o deixei terminar quando direcionei o olhar irritado para o copo, o fazendo transbordar.

— Pelo amor de Deus, o que aconteceu aqui! — Jimin exclamou ao ver o chão e os pés de Taehyung molhados.

— O que é você? — Taehyung gritou.

No mesmo momento corri até Jimin e peguei o anel de volta.

O clima agora estava tenso.

Taehyung e os outros garotos me olhavam como se vissem um monstro, enquanto eu escondia metade do meu corpo atrás de Jimin.

— Não posso contar. — Sussurrei.

— Eles não vão contar, pode confiar, senão neles, em mim.

Eu tinha duas opções neste momento: Continuar como uma aberração ou explicar a situação. Antes de decidir, pensei em Jimin e nos sentimentos dele, eu sabia que se escolhesse ficar em silêncio, Taehyung não nos deixaria em paz e não poderíamos ficar juntos nunca, por isso decidi contar.

Hoseok e Yoongi compreenderam de imediato, por outro lado Taehyung ainda parecia intrigado.

— Por favor, vocês não podem contar pra ninguém. — Eles assentiram.

— Me desculpe. — Taehyung se levantou e estendeu a mão para mim. — Vamos começar de novo.


Infusão PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora