13. AÇUCENAS

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Açucenas simbolizam angustia.

[Ainda em Nova Iorque, 2022. - Narração Jimin]

A única coisa que tem se passado na minha cabeça nesses dias é Jungkook.

Entre os meus amigos sempre tive a fama de emocionado, porque eu me apaixono muito rápido pelas pessoas e muitas vezes sou magoado pelo mesmo motivo. Mas com esse garoto foi diferente, alguma coisa me atraia e eu não conseguia evitar, ele simplesmente entrou no meu coração, puxou a cadeira, se sentou e ficou. Ainda que façam poucos meses, quero que ele seja meu para sempre.

Por isso, eu fazia de tudo, todos os dias, para fazê-lo se apaixonar um pouco mais.

Hoje em específico preparei uma mesa de jantar bonita com uma violeta que eu peguei do jardim da frente e estava ansioso para o ver entrar pela minha porta, para que pudesse recebê-lo com um abraço forte.

Enquanto estava na cozinha esquentando nosso jantar, ouvi um ranger de madeira, o que imaginei ser ele chegando.

— Você chegou cedo! — Disse animado.

Olhei intrigado para a porta, pois ele não estava lá. De repente fui surpreendido por dois homens altos e fortes de armadura vermelha e dourada, que em um estalo me seguraram de joelhos com os braços para trás.

Lua latia desesperadamente, mas não foi de muita ajuda.

O portal aberto no meio da sala revelou um homem com vestes azuis, mas eu estava tão apavorado que não conseguia olhar para cima.

— Encontramos o tesouro dele. — O homem disse e eu me assustei com o quão parecida sua voz era comparada à minha. — Daqui alguns minutos ele deve chegar aqui, vamos esperar o sinal de Namjoon.

Namjoon? Onde eu já ouvi esse nome antes? Não é o professor do Jungkook? Só depois de ligar os pontos tive coragem de ver o rosto dele, mas fui impedido por um dos guardas ao meu lado.

— Como ousa olhar diretamente para o Príncipe? — Um dos guardas que abaixou minha cabeça, gritou.

Bingo!

Aquele era o Príncipe por quem Jungkook era apaixonado, eu estava agora diante da minha versão do passado.

— Então ele tem toda essa coragem? — Indagou o Príncipe, depois de arfar um riso debochado. — Deixe que ele olhe pra mim. — Ordenou.

Eu levantei o olhar e quando o vi, meu coração disparou. O Príncipe me encarava com uma feição fria e cruel, mas ainda sim era possível sentir pena dele, afinal seus olhos também transmitiam tristeza e solidão.

O Príncipe se aproximou e segurou firmemente meu queixo.

— Você realmente é igual a mim. — Empurrou meu rosto. — Não me surpreende ter chamado a atenção dele.

Eu ouvia todos os deboches em silêncio. Afinal temia a minha vida, que no momento estava nas mãos de dois guardas devotos ao homem na minha frente.

Ja haviam se passado alguns bons minutos, mas eu seguia calado e olhando para o chão.

Enquanto me angustiava com a ansiedade que me invadia com mais intensidade a cada segundo, o Príncipe passeava pelos cômodos da minha casa, sempre se dirigindo à mim de forma arrogante.

— Não vejo nada demais... — Ele disse quando se jogou no sofá e me encarou. — Em você.

Continuei calado.

— Eu disse que não vejo nada demais em você, não ouviu? Não vai se defender? — Ameaçou.

— Não pretendo contrariar a opinião de um Príncipe. — Respondi e ele puxou o ar com força.

— Muito bom... Então continue ouvindo. Sabe porque aquele plebeuzinho de merda se apaixonou por você? Não sabe, é claro que não. É porque você é uma mera cópia da pessoa que ele amou a vida toda, eu. — Ele se aproximou de mim — Ele dedicou a vida dele a gostar de mim, ah, você tinha que ver, fazia de tudo para que eu correspondesse o amor dele, mas imagine só, um Principe como eu e um Plebeu como ele, nunca daria certo.

Enquanto a realeza pronunciava seu discurso com diversas controversias e cheio de ódio contra Jungkook, ele se aproximou e agarrou novamente meu rosto, envolvendo minhas bochechas com uma das mãos.

— Então saiba, que ele nunca te amou de verdade. Você não passa de uma versão mais pobre minha.

— Não! — Um grito veio da porta, que se abriu com um estrondo. — Soltem ele.

Jungkook finalmente havia chegado, mas eu não podia abraçá-lo como tinha planejado a tarde toda, o jantar que eu preparei agora estava jogado ao chão do mesmo jeito que as flores que colhi para enfeitar a mesa.

— Você chegou, Plebeu. — Ele soltou meu rosto e olhou para Jungkook. — Sabe, nunca achei que seria trocado por mim mesmo. — Debochou.

— Você não foi trocado, Alteza. Foi substituído! — Impulsivamente me debati para tentar me soltar, tentativa falha. — É ele quem eu amo e é com ele que eu quero ficar. — Quando ele disse isso, meu coração pulsou em uma velocidade inimaginável.

O Príncipe arfou um riso.

— E é exatamente por isso que eu vou ficar com ele. Sinta-se à vontade para tentar salvá-lo quando quiser, o palácio não estará de portas abertas. Eu te declaro, a partir de agora, um desertor de Arcker e traidor da coroa. Boa sorte.

Logo depois de dizer isso à Jungkook, o Principe deu ordem aos guardas para me levantar.

Meu coração agora estava dilacerado ao ver Jungkook se ajoelhar e chorar no chão da minha sala. Enquanto eu era forçado a entrar naquele portal.

O medo tomava conta do meu corpo sem hesitar, eu não sabia o que me esperava e isso me afligia, mas tenho certeza que Jungkook vai dar um jeito de me salvar, eu confio nele com todo o meu ser, eu amo Jungkook e sei que isso basta.

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