15. FLOR DE LÓTUS

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A Flor De Lótus simboliza a verdade.

Talvez eu tenha descoberto um espaço na mente do príncipe que ele ainda não tinha acessado, muito menos sabia que existia, pois ele simplesmente me deu as costas e se retirou, deixando novamente aquele porão vazio. Depois deste episódio, ele não voltou a descer para me provocar.

Durante exatamente um mês, a única "visita" que recebi foram dos guardas que me traziam comida e água, claramente contra sua vontade.

Apesar do tratamento excepcional e do quarto extravagante, eu tinha que dar um jeito de sair daquele lugar. Não conseguia imaginar o que podia estar passando na cabeça do Jungkook, se a Lua tinha se alimentado e se os dois estavam bem.

Confesso que depois de tanto tempo sem ver o Príncipe, comecei a ficar preocupado com ele, mas isso não durou muito.

— Oi. — A voz dele ressoou entre as paredes.

— Oi? Onde foram parar os apelidos fofos? — Respondi. — "copiazinha", "clone", "minha versão pobre", "ser humano inútil"...

— Já chega. — Ele me interrompeu. — Vim aqui para ter uma conversa franca com você.

— É sério?

— Sim.

Ele se abaixou, bateu a poeira do chão, se sentou ao lado da porta, abraçado aos joelhos. Ergueu o olhar à minha direção, como se me convidasse a fazer o mesmo.

O encarei, franzindo as sobrancelhas, mas quem sou eu para contradizer as vontades de um Príncipe?

— Então? — Perguntei enquanto me sentava do lado de dentro da cela.

Ele respirou fundo.

— O que você disse naquela noite, me deixou pensativo. — Tombei a cabeça para a direita, tentando tomar sua atenção. — Não que tenha mexido comigo, ou coisa do tipo, é só que...

Tomou ar novamente.

— Você tem razão. Jungkook sempre tentou chamar minha atenção de alguma forma. — Ele tremelicou a voz e eu senti uma chaminha de ciúmes crescer no meu peito. — E na verdade eu gostava disso, de quando ele flertava comigo, me trazia flores, falava como não se importava com o meu cargo, quando escrevia poemas...

— Ta, ta, ta, será que dá pra pular essa parte? — O interrompi. Eu não preciso ficar sabendo de tudo isso.

Ele tossiu um riso.

— Eu gostava, mas era proibido de gostar. Meu pai nunca aceitou que eu tivesse qualquer sentimento amoroso por outro rapaz, quem dirá do seu próprio reino. Claro que ele é um bom pai, mas ainda sim tem coisas a melhorar.

Vi uma lágrima rolar, a qual o Príncipe lutava constantemente para não deixar cair.

— Quando tive as primeiras interações com Jungkook, ele começou a colocar os guardas para andar comigo. Um, depois dois, três e agora até o General está na minha escolta.

— E porque você nunca contou isso para o Jungkook? — Questionei.

— Eu não conseguia. Eu gostava dele com o coração, mas agia com a cabeça. Eu não queria que ele parasse de me ver, por isso comecei a dar pequenas fagulhas de esperança à ele, sem demonstrar o mínimo sentimento, assim conseguia mantê-lo perto sem que meu pai percebesse nada.

— Eu... — Me vi num beco sem saída.

— Não precisa dizer nada. Ele merece alguém que possa amá-lo de verdade, você é a pessoa certa para um rapaz tão bom como Jungkook. — Ele secou as lágrimas e se levantou, meu impulso foi fazer o mesmo. — Vocês dois precisam ficar juntos.

Infusão PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora