Till Forever Falls Apart - Shawn Mendes

UM

S H A W N
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Encarei o lado vazio daquela cama antes de desligar o meu despertador, são seis e trinta da manhã de uma quinta-feira.

Sozinho.

Eu costumo pensar que para tudo existe um limite, um certo ponto em que, ao cruzamos, é impossível dar meia volta e voltar atrás, voltar ao que éramos antes de tudo desandar. Por muito tempo, eu fugi disso, eu vesti essa carcaça de "eu estou bem, obrigado" quando na verdade não é bem assim que as coisas funcionam. Encarando o meu reflexo no espelho, eu até tentei me enganar como eu faço durante todos esses anos, todos os dias desde o momento em que ela... Eu não consigo mais mentir, fingir que está tudo bem, que eu estou bem – ao menos não para os meus sentimentos.

A sensação de perda é a mesma.

E eu sei que, inevitavelmente, eu perdi essa batalha para o que um dia foi nós dois.

Mas... Ainda é quinta-feira.

Shawn: Princesa? Vamos acordar? Está na hora da sua escolinha, meu anjo.

Hannah, o um amor que veio para mim à quase cinco aninhos.

Shawn: Acorda, vidinha.

Eu até abri um sorriso ao ouvir aquele choramingar manhoso mas sorridente também, a minha filha é uma das luzes que ainda conseguem iluminar essa minha vida.

Hannah: Papá?

Shawn: É o papai, meu amor. Vamos. Hoje é dia de teatro e eu prometo que também de muito sorvete.

Ela até abriu os seus olhinhos castanhos como os meus ao ouvir a palavra sorvete.

Hannah: Mamã?

Mamãe.

Shawn: Eu tenho certeza que ela deixou um beijinho bem aqui hoje mais cedo. - beijei a sua testinha - Certo?

Hannah: Quelo mamã.

Doeu.

Shawn: Logo mais você dar um beijo bem gostoso nela. Agora vem, vamos tomar um banho cheio de bolhas de sabão com o papai.

Eu realmente espero que ela tenha deixado um beijo de bom dia em você, minha pequena.

Hannah: Sorvete!

Só a minha pequena para animar o meu humor nessa manhã monótona, igual à todas as outras nesses últimos três anos.

Shawn: Prevejo um incêndio...

Sophie: Papai!

Com Hannah em meu colo, fui deixar um beijo no meu primeiro amor, Sophie – diferente da sua irmã que é uma criança, ela cresceu rápido demais, tem dezessete anos, mas, eu sei, é isso o que acontece quando você têm filhos cedo demais.

Também é possível que a crise de meia idade tenha me atingido um pouco mais cedo, aos trinta e cinco, quase seis.

Shawn: Vai pra mesa com a sua irmã, eu termino... Você ia comer isso?!