QUATRO

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L Y S A
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Dra. Allison: Sendo uma decisão em conjunto e amigável de ambas partes, o processo não deve se extender por mais de três meses.

Três meses... ou menos.

Lysa: E quanto as nossas filhas? Sophie tem dezessete anos e Hannah, quatro. Elas são menores... como ficaria a questão da guarda?

Dra. Allison: Quase sempre o juiz determina a compartilhada, o que deve ser mais cabível no caso de vocês.

Lysa: Tipo, serão quinze dias comigo e quinze com o pai delas?

Dra. Allison: Não necessariamente. Quando é definida uma guarda compartilhada, o menor de idade reside com a parte que tem a maior disponibilidade de tempo, esse será o lar de referência dele – quase sempre eles permanecem com a mãe. A guarda compartilhada significa que as responsabilidades e decisões sobre a vida da criança ou do adolescente devem ser feitas em conjunto, visando o bem estar deles. É diferente como quando acontece em uma guarda unilateral, nesse caso, você, por exemplo, seria a responsável pelas decisões enquanto ele, o pai, agiria apenas como um supervisor dessas ações. Entende?

Sim, estou compreendendo.

Lysa: Eu não quero guarda unilateral, não. O Shawn é um pai incrível, elas o amam incondicionalmente. Eu quero apenas o divórcio. E sem mídia envolvida, esse está sendo um momento muito delicado para nós dois.

Dra. Allison: Eu entendo.

Lysa: Mas, voltando a questão dos bens...

Saí do consultório da Doutora Allison em um estado flutuante, não de uma forma boa.

Ela vai dar entrada na papelada ainda hoje.

Penso que de todas as coisas que eu imaginava viver com o Shawn, um divórcio sequer entrava nessa lista – ou ao menos não entrava até agora. É claro que eu senti, percebi nesses últimos anos a nossa relação um certo distanciamento, uma falta perceptível até no nossos beijos, as nossas entregas não eram mais tão mais calorosas como no início. E fora os nossos trabalhos, a rotina pesada que sempre vem de brinde com todas as nossas responsabilidades profissionais.

Como dois fantasmas dividindo o mesmo teto.

Claro, eu penso e eu compreendo que haverá consequências em cima das minhas meninas, de alguma forma. Eu sei que com o divórcio o tempo delas com o seu pai não será da mesma forma que acontece em uma convivência diária, dormindo e acordando já sentindo a sua presença, o cheiro dos preparos dele pela manhã ou apenas no gesto de receber um simples "bom dia".

Nessa situação, eu temo mais pela Hannah por ela ainda ser uma bebê, é muuuito nova para entender toda essa confusão, sentir essa ausência mesmo que mínima do Shawn na sua vida, isso caso o lar escolhido para ser a referência delas seja o meu, a mãe – o que eu concordo com a doutora Allison, é bem óbvio e provável que elaa fiquem comigo.

O pior de tudo é que não consigo me sentir errada por pedir a separação, acho que nós dois estamos mesmo precisando desse momento à sós para reorganizarmos os nossos sentimentos, entendermos quais são os rumos certos para as nossas vidas individuais, não como um casal.

Till Forever Falls Apart - Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora