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Resolvo tirar a barba..

Faz alguns dias que retornei pra casa e sinceramente, todo dia quando acordo sinto que estou perdendo minha menina.

Não sei qual tipo de relação ela tem com aquele.. engravatado que ela chama de Heitor. E também não posso questionar, ela seguiu com sua vida.

Enquanto me olho no espelho e mesmo tendo me cuidado e cuidado do corpo, ainda falta algo.. falta ela.

Todos os dias eu ligo pra uma floricultura que achei por lá perto, e peço que envie uma rosa amarela.

Sei que ela ama amarelo.

Nao liguei e nem mandei mensagem. Espero que dá próxima vez que eu aparecer lá, ela posso me ouvir mais uma vez e quem sabe ter me perdoado.

[...]

Chego a delegacia e depois de um dia estressante eu só quero minha cama, Willian me chama para sair mas não aceito.

Amanhã terei o dia de folga e pretendo ver como Camila está.

Assim chego em casa, tudo está escuro e o cheiro de limpeza está pelo ar. Caminho até a cozinha e abro a geladeira..

Sorrio comigo mesmo.

Se fosse em outros tempos, isso aqui estaria lotado de potinhos.. mas agora existem poucas coisas. Pego um chocolate, o seu preferido e como um pedaço enquanto olho pra um canto qualquer.

Depois de subir e tomar um banho demorado, saio me visto e me deito. Amanhã quero levar minha neneim pra almoçar.

Durmo com pensamentos positivos.

[...]

Estou em frente ao prédio onde Camila mora e a rua está movimentada.

Olho para a rosa branca que coloquei no banco do passageiro e que eu havia comprado no caminho pra cá.

Puxo o ar e solto. Ajeito minha roupa e saio.

No bolso da calça está uma pequena caixinha com uma pulseira que comprei para ela. Espero que dê tudo certo.

Subo as escadas do prédio mediano e de poucos andares e quando vou me aproximando do corredor, começo a escutar vozes.

As pessoas, eu acho, conversam baixo.. não consigo entender o conteúdo da conversa e nem quero. Só quero chegar ao apartamento da minha garota.

Quando chego ao corredor, congelo no mesmo lugar. Sinto uma dor no coração e abro a boca algumas vezes mas nenhum som sai.

Vejo claramente o tal Heitor aos beijos com minha menina. Ele tem uma mão em sua cintura e a outra em sua nuca.

Camila parece não estar resistindo e eles só param de se beijar pois sem querer faço barulho, ao deixar a rosa embrulhada no plástico cair.

Os dois se afastam.

O tal Heitor não esboça nenhuma reação, apenas continua ali próximo, já Camila me olha assustada.

Os olhos arregalados.

A boca com o batom vermelho borrado.

Eles se olham e não dizem nada mas também não espero pra ver, pego a rosa branca que deixei cair e saio dali.

Desço a escada devagar, me sinto desnorteado. Assim que chego do lado de fora do prédio, acho uma lata de lixo e jogo fora a rosa.

Caminho até o carro e dou partida saindo dali.

Vou o caminho todo com os olhos cheios de lágrimas mas me recuso a chorar, me sinto exposto demais.

O rádio está ligado e está tocando um pagode que fala de amor .. me sinto pior.

Piso fundo no acelerador afim de chegar logo em casa e quando chego me jogo no sofá.

Por sorte a geladeira está cheia de cerveja.

Pego algumas e me sento no sofá.

Não estou assim por causa do beijo que vi claramente eles dando, mas sim por ver que agora é oficial.

Quando perguntei a Camila a algumas semanas atrás se ainda me amava, ela não me respondeu.

Hoje eu sei o que aquilo significou.

Camila seguiu sua vida, não me ama mais e está vivendo um novo romance. Olhando para a garrafa de cerveja vazia, me permito chorar.

Eu fui realmente um tolo em achar que a afastando de mim, a teria em segurança.. por causa da minha estupidez, agora é outro que a tem em seus braços.

Não posso reclamar, não posso achar ruim. Tudo isso é fruto de uma decisão impensada da minha parte.

Fico ali no sofá, agora já deitado, tomando cervejas e mais cervejas e chorando me sentindo um idiota.

O cara é bonitão, pinta de ator de filmes e eu.. bem.. eu sou isso aqui.

Levanto já cambaleando e pego mais cerveja.

[...]

Acordei sentindo o pescoço doer.

Dormi pelo sofá mesmo e quando pus os pés no chão quase caio, por causa das garrafas jogadas.

Me levanto e caminho devagar até o quarto.

Tiro minhas roupas e jogo no chão, vejo quando a caixinha com a pulseira rola pelo chão.

A pego e ponho em cima da cômoda.

"Preciso organizar as coisas dela e tirar daqui.."

Penso.

Tomo um banho quente e demorado na esperança de que a água leve embora tudo isso que estou sentindo.

Saio do banho, me visto e desço ate a cozinha para tomar um remédio e fazer um café forte.

Enquanto a água esquenta, vou até a sala e recolho as garrafas vazias. Vejo meu celular jogado no sofá e desbloqueio a tela.

Há algumas mensagens da minha irmã, de Willian e da minha mãe. Não tem nenhuma ligação.

Bloqueio a tela e jogo o celular no sofá.

Volto para a cozinha onde descarto as garrafas e faço meu café. Me sento na mesa sozinho e de gole em gole tomo tudo.

[...]

Estava colocando as coisas de Camila em cima da cama, não sabia que tinha tantas coisas assim, rio comigo mesmo.

Meus olhos pesam de tristeza mais uma vez.

Não tenho caixas então coloco tudo em sacolas de papel. Dobro as roupas com cuidado, os cremes ainda em validade, coloco em outra sacola e as jóias coloco num saco menor.

Vejo a caixinha em cima da cômoda e coloco junto também.

Desço as sacolas e coloco dentro do carro. Subo novamente pro quarto e depois de fechar tudo, me deito.

Só quero dormir.

A noite preciso trabalhar.



[...]

Meu delegado Sexy Onde histórias criam vida. Descubra agora