Capitulo 10 - Arrepio

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Hinata

Kegayama e eu estávamos hoje na sala escura, sentados confortavelmente nas poltronas. Conseguimos bons lugares no fundo, na fileira encostada à parede. Apreciávamos o filme escolhido com bastante animação. Bem, eu era o mais entusiasmado.

Era um filme de ação que envolvia viagem no tempo e o enredo todo era minimamente calculado e complexo, mas que conseguiu fazer-me entender bem o raciocínio da estória. A aparência do protagonista me lembrou um pouco do Nishinoya-san, especialmente por causa do cabelo e dos olhos grandes, mas de personalidade era idêntico ao Sugawara-san.

Tanto o levantador quanto eu estávamos bem entretidos com o filme, tanto que nem nos falamos no durante, tirando momentos em que a cena era épica ou atos inusitados aconteciam. Eu me manifestava para o Kageyama apontando para a tela dizendo coisas do tipo "Caraca, viu isso?!", "Eita! Não esperava por essa", "Kageyama, olha aquilo, olha, olha, olha!".

Ele, por outro lado, não mostrava tanta animação quanto eu, mas não por estar desgostando, é que ele era mais discreto. Quando se impressionava com algo ele dizia apenas um "Uau" ou simplesmente arregalava os olhos e mantinha a boca entreaberta.

Em determinado momento do filme, numa cena mais serena e silenciosa, Kageyama levara sua mão até a minha e a segurou. Confesso que tomei um sustinho, pois estava totalmente concentrado no filme até então. Em resposta, entrelacei nossos dedos e fechei minha mão na dele com mais firmeza. Logo virei meu olhar para o dele, que já estava a me fitar. Meu coração começou a bater mais rápido, como sempre quando eu percebia que era o centro de sua atenção.

Simultaneamente nós dois nos inclinamos e nos beijamos. No começo um breve selar de lábios, mas depois resolvemos aprofundá-lo e usar um pouco a língua. Não resisti a não fazer, eu não o havia beijado uma vez se quer desde que nos encontramos hoje. E agora, com as luzes apagadas, nossa localização ao fundo da sala de cinema, longe da atenção das pessoas, mesmo das de nossa fileira, senti-me com maior segurança de beijar Kageyama sem pudor.

Arrepiei-me inteiro ao senti-lo passar a mão em meus ombros e arrastá-la vagarosamente até minha nuca, roçando-a por entre os fios de meu cabelo.

Separamos o contato logo e pude ver pela iluminação da tela seu olhar levemente embriagado. Ele não disse nada, apenas mordeu o lábio inferior e voltou sua atenção ao filme. Eu, por outro lado, fiquei olhando-o embasbacado e com um sorriso abrindo em meus lábios. Ficava assim toda a vez que refletia minha relação atual com o Kageyama. Estávamos em nosso segundo encontro e eu sentia-me mais íntimo dele a cada momento sozinhos juntos. Para meu alívio, não fiz nenhuma idiotice até agora. Nossa saída estava sendo de fato bem agradável.

~*~

Ao sairmos da sala, ficamos a comentar sobre o filme. Eu fazia muitos movimentos corporais para expressar minhas falas. Kageyama, ao contrário, falava com empolgação na voz também, mas não mudava muito sua expressão do rosto nem se manifestava com o corpo.

- E aquela parte da luta no meio do espaço-tempo? Aquilo foi muito bom!!

- Naquela hora que ele consegue desativar a máquina do tempo também. – Kageyama lembrava.

- Sim! Ahh, esse foi um dos melhores filmes que vi nesses últimos tempos! – Comentei com meu costumeiro sorriso.

- Que bom que gostou... – O levantador logo começou a coçar a nuca, procurando alguma forma de continuar sua fala. – Então... Você diria que pareceu mais com um encontro desta vez...?

- Uh? Não sei. – Respondi sem resenhas.

- C-como não sabe?

- Ué, por que você se preocupa se parece? Perguntou a mesma coisa quando fomos ao restaurante do tepan... – Arqueei uma sobrancelha para ele, estranhando sua preocupação repentina.

You Little DumbassWhere stories live. Discover now