A witch- parte 1

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Um quarto do sol já se escondia no horizonte quando sir Nicholas adentrou no inóspito condado de Kent em direção, é claro, da taberna. Aquela seria mais uma missão dada pelo príncipe Harry ao qual era vassalo, assim pensava o escudeiro; a região pertencia ao herdeiro da coroa, então cabia a ele, mais especificamente, aos seus serventes, o dever de lidar com eventuais problemas informados junto aos impostos.
"Ladrões de estrada? Brigas entre camponeses? Seca ou mesmo uma pequena rebelião?" Todas as opções pareciam válidas para Nick, mas o que ouviu do taberneiro lhe arrepiou completamente, apesar de manter a pose aristocrática:
-Uma bruxa?!
-Sim, senhor - o taberneiro explicou enquanto lhe servia mais uma cerveja - Todo mundo sabe que ela vive ao norte em meio a relva e sempre nos ataca nas proximidades do solstício de inverno ... Mas enfrentá-la? Jamais. Os pastores sempre concordam em soltar algumas cabras próximas à clareira para evitar que deseje chegar ao centro da cidade, mas sabe como é, colheita ruim, impostos altos...Eles pediram...Pediram que vossa majestade resolvesse o problema.
Nicholas olhava para as pessoas na taberna e circulando nas ruas. A maioria com vestes simples, mesmo em período de festividades, era óbvio que o aspirante a cavaleiro ali não seria chamado se houvesse outra opção. Era caro pedir favor a um suserano, mais caro ainda agradecê-lo pelo feito.
-Eu estou aqui agora.
O sorriso confiante do loiro poderia acalmar mesmo um taberneiro em uma noite tumultuada. O velho indicou seu funcionário, Benjamin, para lhe atender no que precisasse. O jovem de cabelos castanhos e aspecto agressivo carregava algumas canecas quando foi abordado. Depois de indicar um quartinho dos fundos enquanto mantinha cara de desgosto para o escudeiro, Ben finalizou:
-O que mais posso fazer por vossa senhoria, Sir Nicholas?!
-Preciso de informações sobre a floresta ao norte. Um guia, no mínimo.
O rosto do moreno empalideceu como o pano de prato em seu ombro, nem mesmo seu olhar de escárnio sobreviveu à pergunta.
-Ninguém entra lá... Pelo menos ninguém com o mínimo de razão... - ouviram algumas risadas ao fundo e viram um corcunda encapuzado entrando pela porta e sendo alvo de chacotas - Bem, talvez o doido Spring possa te ajudar, se entender alguma coisa daquele lunático. Ele costuma colher billberries na selva e por incrível que pareça, sempre volta intacto... Pelo menos, tão intacto quanto é possível para uma abominação como aquela.
Antes de ouvir uma resposta, o funcionário da taberna se afastou indo em direção de outras mesas, deixando para trás jovem de armadura pensativo, analisando o encapuzado se dirigir ao balcão com algumas sacolas de frutinhas azuis. Definitivamente aquele era o "doido Spring".
-Oi.
Com seu otimismo inevitável, Nick se dirigiu ao homem com um sorriso no rosto.
-...Oi.
-Posso lhe pagar uma bebida, senhor?
Seu rosto ainda estava quase completamente coberto, mas era possível ver um sorriso brotando em seu rosto.
-Forasteiro, eu presumo - O loiro parecia levemente corado pelo comentário - O que você precisa?
Direto ao ponto.
-Eu... Preciso de alguém que conheça a floresta, estou a serviço do príncipe. Me disseram que você é o melhor para esse papel de guia!
-Melhor ou único? - aquilo parecia ser alguma piada interna do senhor encapuzado - Que seja... Esteja amanhã ao nascer do sol na saída norte do condado. Sem essa parafernália de metal e traga luvas, é claro .
O taberneiro colocou algumas moedas no balcão pagando pelas frutas e tão rápido o encapuzado chegou, logo saiu da taberna, deixando para trás o jovem Nicholas intrigado.

Cinco Vidas - HeartstopperOnde histórias criam vida. Descubra agora