Pride and Crown - parte 3

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Não era grã duquesa, tão pouco suserana do castelo de Gore. Ali, naquele momento, Sarah era apenas uma mãe em luto precisando do carinho do filho. Sabendo que David, como recém nomeado duque naquele momento, estaria lidando com tamanha burocracia do enterro e da nomeação oficial, a mãe destinou seu caminho para o quarto ao leste do castelo, onde seu caçula certamente estaria repousando em descanso e sequer imaginaria a grande perda que assolaria sua família daquele dia em diante.

A mais velha estranhou o guarda na porta do quarto: conhecia bem os funcionários do castelo o qual administrava e este se designava diretamente para David, não Nick..

-Excelentíssima...

Não foi preciso mais que um olhar para que o guarda abrisse a porta para a mesma.

No quarto, sua busca por consolo foi bruscamente interrompida pela cena de partir o coração: seu filho abraçado ao cobertor, aos prantos, encolhido no canto do quarto.

-Nicholas...

-Mãe... Ele não tem nada a ver com isso... Eu juro... Você precisa conversar com o David... Por favor...

Recuperando todo o fôlego e guardando seu luto, Sarah se veste de mãe mais um vez para abraçar o loiro lhe dando todo o conforto do mundo.

-Eu estou aqui, filho. Me explica, o que aconteceu?

-Levaram o Charlie. Disseram que ele pode ter algo a ver com a morte do Arthur. Mas ele não pode fazer isso, certo? Charlie é inocente, não podem prendê-lo assim!

-Quem fez isso, querido?

-David.

Enquanto isso, do outro lado do castelo, nos confins do subterrâneo havia um jovem de cabelos negros sendo interrogado a moda antiga. Como em uma terra sem lei, em suas mãos presas à mesa por algemas foi colocada sob uma placa de metal seguida de pilhas de blocos de concreto sendo adicionada aos poucos.

Sentindo os dedos sendo gradativamente esmagados pelo peso, o mesmo respondia perguntas diretamente ao duque de Gore. Quando satisfeito, David prosseguiu para uma observação final.

-E lembre-se de sua posição, criado. Você trabalha para o castelo, isso quer dizer que trabalha para mim, agora. Mantenha-se em seu lugar, pois não haverá um tratamento tão moderado numa próxima vez. - saindo pela porta, foi dada a orientação para o guarda - Deixem-no no calabouço até o amanhecer. Um quarto de noite deve bastar para lhe colocar um pouco de razão nessa bicha descartável.

-E... O blocos... Vossa excelência?

- Recolham pela manhã. Se precisar de primeiros socorros, ele conhece o castelo muito bem, deve saber onde encontrar algum funcionário disposto a ajudar, não é mesmo?

* * *

Junto aos primeiros raios da manhã, mãe e filho chegaram desesperadamente ao calabouço, onde enfim encontraram Charlie desmaiado de cansaço e sua mão completamente inchada com marcas roxas nas juntas. Sarah seguiu irada para discutir com o filho do meio, enquanto Nick carregou Charlie para a enfermaria como se tivesse a própria vida em mãos. E de forma metafórica, era exatamente o que carregava.

Pegando todos os funcionários de surpresa, Nick implorou que os mesmos checassem estado de saúde e não saiu de seu lado nem por um segundo. Somente depois de vê-lo devidamente morfinado e com curativos concluídos, o loiro recordou que aquele lugar, a enfermaria, foi o último local em que Arthur esteve vivo. O excesso de remédios lhe gerou uma parada cardíaca e quando sua esposa, Sahar, lhe visitou em seu quarto, a mesma se deparou com a cena traumatizante de Arthur já desmaiado. Não houve tempo suficiente para ser cuidado, ele apenas se deixou ser levado para o outro mundo indefinidamente.

Cinco Vidas - HeartstopperOnde histórias criam vida. Descubra agora