Estou aqui

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Acho que já perdi a conta de quantas pessoas vieram e foram embora desse lugar. As vezes ele fica cheio e de repente fica vazio.

Meus olhos já viram desde homens e mulheres solteiras, até famílias inteiras se espalhando pelos quartos e se organizando, acreditando que aquele era o melhor lugar para morar, pensamento que não durava muito tempo.

Eu os visitava noite após noite e sorria perambulando pelos cantos escuros da casa, apenas esperando pelo momento certo. Conforme amanhecia eu me recolhia, mas ainda sim acompanhava as coisas de dia, vendo cada morador passar na minha frente.

Então acontecia. A polícia chegava e encontrava todos mortos, cada um de formas diferentes ou todos com a mesma morte. Porém era sempre esse o resultado de quem morava aqui: a morte.

Nunca foi encontrado um suspeito, nem um sinal de quem era o assassino ou de onde ele vinha. Por muito tempo houve vigilância e nenhum ser vivo sequer se aproximava da casa. Para as autoridades o culpado não existia, não tinha como existir...

Todavia é claro que eu existo, não é? Eu permaneço dentro da casa observando tudo. Quem vai imaginar que eu estou aqui, dentro desse quadro, nessa pintura inocente? Afinal, eu sou apenas um retrato pintado de um homem na parede.

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