Um Atalho

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Naquela noite eu havia saído mais tarde do trabalho por conta de uns imprevistos. Se soubesse que fosse me atrasar tanto não teria marcado um encontro com os meus amigos.

Pensei se ainda daria para aproveitar alguma coisa, pois não era tão tarde assim e decidi pegar um atalho para economizar tempo. Minha cidade é bem pequena e moro aqui a vida inteira, isso tem grandes vantagens porque sempre sei qual o melhor caminho para seguir.

Nem mesmo a lua poderia iluminar aquela rua de terra, já que as árvores cuidavam bem de cobrir parte dela. O atalho ficava no meio de uma floresta densa e profunda, o que deixava tudo ainda mais sombrio que o natural.

Enquanto dirigia me lembrava das lendas que a minha vó contava, não só ela como a cidade inteira acreditava naquilo: todos diziam que naquela floresta morava uma seita satânica e que realizavam sacrifícios, entre outras coisas que já devem imaginar. A verdade é que algumas pessoas sumiram sem explicação por aqui, então o povo inventa coisa.

"Cidade pequena, mentes pequenas", pensava toda vez que escutava essa lenda.

Soltei um sorriso ao recordar tais lembranças e seguia pela estrada, me perdi tanto nos pensamentos que não me dei conta do tempo que continuava dirigindo sem chegar em lugar algum.

Como é possível se perder em um atalho? Por um momento quis acreditar que estava louco, mas precisei parar quando a gasolina do carro acabou. Isso significava que realmente eu havia dirigido aquele tempo inteiro no mesmo lugar.

Tentei respirar fundo e manter a calma. Peguei um cobertor que tinha no carro e deitei. Sim, eu sou uma pessoa calma o suficiente para dormir mesmo em situações como estas, sem contar que não havia muito o que fazer.

Acordei um tempo depois, suando muito e com o celular na mão. Após desbloquear a tela me deparei com o horário: eram 7 horas da manhã. Olhei em volta e o carro permanecia intacto na mesma escuridão aterrorizante que assolava aquela noite.

Atirei o cobertor para o lado e vi através do vidro, entre as grandes árvores, uma mulher - se assim posso dizer que era aquilo - e uma criatura atrás dela com chifres que alcançavam os mais altos galhos das árvores.

Bem, agora eu sei o que aconteceu com todos aqueles indivíduos que desapareceram no decorrer da história da nossa cidade. Agora também sei que algumas lendas são reais.

Estou usando o bloco de notas do meu celular para escrever tudo isso. Não tenho esperança que me encontrem, mas podem achar isso em algum lugar por aí e...

Droga, aquilo fica cada vez mais perto...
E-Eu sinto muito, deveria ter acreditado mais em vocês.

Adeus.

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